Tendo a facilidade do TEAM, a Roth Racing estava pronta para, finalmente, dar seus primeiros passos para fazer a temporada completa com dois carros. O começo foi ótimo mas, aos poucos a equipe foi decaindo, até não sobreviver.

Marty Roth no dia do anúncio da entrada de Jay Howard em 2008.

A partir daí, foi trabalhar para em 2008 fazer um trabalho muito melhor (ou não), onde Marty sabia que esse salto seria gigante para sua equipe, então contratou um piloto que tinha mais habilidade, estaria disposto a correr na sua equipe e trouxesse um mínimo de dinheiro.


O piloto escolhido foi o inglês Jay Howard, campeão da Indy Pro Series em 2006 e que não tinha contrato acertado para correr na Indy até então, onde ele quase assinou com a Luczo Dragon para correr nos mistos, mas o acordo não deu certo e ele optou então por fazer a temporada completa na Roth. Além disso, ele contratou o conhecido engenheiro David Cripps para auxiliar a equipe e, no fim de fevereiro, anunciaria o patrocínio da Cirrus Aircraft, empresa especializada em fazer aqueles aviões teco-teco.


Os desafios para a Roth Racing seriam gigantes e o próprio Marty sabia disso: "É um passo gigantesco que estamos dando. Mas esse passo é preciso para produzirmos um produto que consiga atrair investidores e é isso que a Roth Racing vem fazendo. Nós somos um produto que oferecemos para nossos patrocinadores para representá-los da melhor maneira possível. Tenho a esperança de ter um time bastante competitivo, viemos para sermos fortes e vencer algumas corridas."


Mas as metas reais da Roth Racing eram um bocado diferentes. A equipe era considerada a pior da IRL, o que a faria sofrer muito nos mistos, mas poderia se dar muito bem nos ovais, conseguindo pelo menos ficar constantemente a frente de várias equipes pequenas oriundas da Champ Car. Com isso, pelo menos ficar constantemente entre os dez ou quinze primeiros nos ovais era o mais esperado para a equipe de Marty Roth pelo menos até a metade da temporada, onde a maioria dos ovais se concentrava.

 

A Roth Racing participou de dois dos cinco testes pré-temporada, sendo dois dias em Sebring e dois dias no oval de Homstead-Miami. Não dá pra saber se os testes foram bem ou não pois não consigo encontrar tempos ou press release sobre eles, mas tem uma foto do Marty Roth parado na grama de Sebring no site da Indy.


A grande surpresa veio nos primeiros treinos em Homstead onde, realmente, a Roth Racing foi bem. Marty Roth liderou o segundo treino livre e no treino classificatório conseguiu um ótimo oitavo lugar no grid, enquanto Jay Howard também andou rápido mas acabou batendo na qualificação, largando da penúltima fila. No começo da prova Roth conseguiu se manter no Top 10 enquanto Howard caiu para o último lugar do grid e veio logo aos pits tentar melhorar o carro que ele não teve nem oportunidade de correr e ajustar antes. Enquanto isso, Roth ia caindo no grid pouco a pouco além da equipe de pits fazendo paradas mais lentas, o fizeram cair para o 14º lugar logo na primeira parada. Logo seu carro também começou a ter problemas de dirigibilidade e tanto ele como Howard começaram a fazer paradas não programadas até ambos abandonarem próximos a volta 50.


Esse fenômeno se repetiria durante todo o ano tanto com Roth quanto com Howard. Esse fato de andar bem de cara pro vento mas ser lento nas corridas em si é algo bem particular da Indy e da Roth Racing e isso acontece por vários fatores: primeiro, o vácuo é um elemento tão importante na Indy, principalmente na IRL e com o pack racing em seu auge, que é necessário sempre dois acertos; o segundo ponto é que a equipe de Marty Roth estava quase sempre focada no acerto sem vácuo porque ela era muito mais acostumada a isso devido aos vários meses de maio que a Roth Racing passava achando ajustes para tentar se classificar para a prova. Roth e Howard raramente trabalhavam no vácuo e com isso quase nunca tinham bons acertos para andar no meio do pelotão, sendo essa uma forma bastante amadora de trabalhar e marcaria praticamente toda a temporada da Roth Racing dando a ilusão que ela tinha um desempenho bem melhor do que na verdade tinha.

 

Roth passou direto várias vezes na curva onze de St. Pete.
No fim de semana seguinte, em St. Pete, Marty Roth mostrou o quanto não estava acostumado a correr em mistos. Ele rodou em todas as sessões livres, não foi a pista durante o treino classificatório pois seu carro estava sendo consertado de uma batida que aconteceu na sessão anterior, e no warm-up de domingo ele bateu novamente na curva onze, não conseguindo largar na pista da Flórida. Já Howard conseguiu o 20º lugar no grid (de 25 carros) e foi uma grande corrida de sobrevivência devido a chuva que caía na pista, onde vários pilotos rodaram bastante durante todas as duas horas limites. Jay Howard ia sobrevivendo e pouco a pouco subindo no grid e, depois da última batida do fim de semana, acabou subindo para o 11º lugar, a melhor posição da história da Roth Racing até então. Na antepenúltima volta, Howard consegue ultrapassar Power e entrar no top 10 e vinha próximo de Wheldon, quando ambos se tocaram e Howard ficou parado na barreira de pneus. Ele não completou a última volta e foi creditado com o 14º lugar,uma volta atrás.


A próxima corrida era em Motegi, a primeira da Roth Racing fora dos EUA (o que é bizarro, pois a equipe é teoricamente não americana). Devido a chuva não teve qualify, com os pilotos largando de acordo com a posição no campeonato, ou seja, Howard em 14º e Roth em penúltimo dos 19 carros que largaram no Japão enquanto os carros da Champ Car fazia sua despedida em Long Beach. Na corrida, Howard brigava mais a frente com Vitor Meira e Towsend Bell (que substituía Milka Duno) enquanto Marty Roth se limitava a brigar com Roger Yasukava pelo penúltimo lugar na prova até ele bater sozinho na curva 4 e abandonar em penúltimo. A equipe de paradas da Roth ainda não estava 100% acostumada com paradas, e Howard após a sua primeira parada nos boxes caiu para penúltimo, a frente apenas de Yasukawa. Nas próximas paradas, a bomba de combustível da Roth Racing dava problemas onde Howard parava nos boxes mas o combustível não entrava no carro, fazendo com que as suas paradas demorassem várias voltas e o condenaram ao 13º e último lugar na corrida entre os que completaram a prova, oito voltas atrás.

O carro batido de Roth em Motegi.

Com uma grande sequência de resultados não tão bons quanto Roth queria ter durante a pré-temporada, as coisas começaram a degringolar lentamente, principalmente no âmbito financeiro. O contrato de patrocínio com a Cirrus Aircraft era apenas para as três primeiras provas do ano, onde eles não renovaram e caíram fora do barco da Roth, que ficou subitamente sem patrocínio e, como a equipe havia crescido o suficiente para não ser mais sustentada apenas pelo dinheiro de Roth e do TEAM, o obrigando a fazer cortes na equipe. Além disso, pela falta de dinheiro, Cripps saiu da Roth para ir trabalhar na Panther Racing.


Isso não foi tão sentido no desempenho da equipe, já que na etapa seguinte no Kansas as coisas continuaram bem parecidas. Roth largou bem em sétimo, mas continuou tendo problemas de velocidade e dirigibilidade em seu carro, caindo lentamente até o pelotão final do grid até a primeira parada quando, ao entrar nos pits, acabou rodando e acertando o mecânico-chefe de Tomas Scheckter. Roth perdeu uma volta no incidente e perdeu outra volta por ser punido com um stop and go de 30 segundos pelo incidente. No fim, com os problemas no carro, ele acabou estacionando nos boxes e abandonando a prova, sendo creditado o 26º e penúltimo lugar. Howard fez uma corrida discreta, permanecendo no bolo de carros que vieram da Champ Car e com Milka Duno, largando em 15º e terminando, novamente, em 13º lugar, conseguindo o melhor resultado da equipe novamente.

O mecânico de Tomas Scheckter batendo em Roth após Roth bater seu carro nos mecânicos.

Depois do Kansas veio a menina dos olhos da Roth Racing, as 500 milhas de Indianápolis. Marty Roth e Jay Howard não estavam tão preocupados assim, imaginando que seria algo próximo do ano passado quando Roth se classificou com uma certa folguinha, mas esse ano foi bem diferente. Os 37 carros inscritos estavam muito rápidos e, nas primeiras vezes que tanto Howard foi a pista para completar o Rookie Orientation Program quanto Roth no primeiro dia oficial de treinos, ambos foram consideravelmente mal, e corriam um certo risco de não se classificarem para a prova. A equipe também conseguiu contratar um gerente de equipe, para que Roth pudesse correr sem se preocupar tanto com a operação da equipe, e o contratado foi Larry Curry, que era da Vision até pouco antes.


Isso foi até o dia dez, o primeiro dia de classificação, quando Marty entrou em acordo com John Andretti para substituir Howard. Haviam duas motivações: John Andretti é bem mais experiente e classificaria mais facilmente o carro, enquanto ele conseguiria atrair patrocínios para a equipe, tanto é que durante a segunda semana de treinos a equipe conseguiu os patrocínios da Lidz Inc. (loja de artigos esportivos) quanto da 1-800-LasVegas que promovia os eventos da cidade de Las Vegas.


A classificação para John Andretti foi bem fácil. Ele subiu no carro oficialmente no dia 14 e fez de cara o melhor tempo entre aqueles carros que ainda não estavam classificados já que as onze primeiras posições já estavam definidas no dia 10. Ele se classificou ainda no segundo dia de classificações, um dia antes do bump day, com o 21º lugar no grid de largada. A corrida foi ótima para ele, considerando as situações, onde ele se manteve quase sempre entre o 14º e o 20º lugar e tanto o carro quanto o piloto sobreviveram bem durante a prova, terminando a corrida em 16º, perdendo uma volta para os líderes apenas quando teve que fazer uma parada extra no fim da prova para não dar pane seca. Esse foi o melhor resultado da Roth Racing em Indianápolis, e também a única vez que um carro da equipe completou as 500 milhas.


Já Roth passou por vários apuros. Ele andava frequentemente mais lento que pilotos chaves com os quais ele brigaria pelas últimas posições no grid, como Roger Yasukawa, Mário Dominguez, Buddy Lazier e Davey Hamilton. No terceiro dia de qualificações, ele conseguiu o 33º lugar, e teria que brigar no bump day para garantir essa vaga no grid junto a outros seis carros. Para seu azar, A J Foyt IV, que era mais rápido que todos eles, não havia se classificado e também disputaria o bump day. Foyt foi o primeiro a fazer sua tentativa e conseguiu fácil uma boa qualificação, bumpeado Roth. Logo em seguida, Roth melhorou seu tempo, subiu ao 32º lugar e bumpeou Lazier. Os carros fizeram mais tentativas e Lazier passou Roth novamente, o jogando para o 33º e último lugar. As seis horas da tarde o último piloto a ir para a pista era Mário Dominguez, que fez a primeira volta mais rápido que Lazier e Roth, mas bateu na segunda volta e abandonou a disputa, com Marty garantindo o último lugar no grid por pouco. As 500 milhas de Marty não foram muito melhores, onde ele passou a corrida brigando no fim do grid com Buddy Lazier em sua corrida de sobrevivência até a volta 60, quando os dois estavam lado a lado com Roth por fora, onde ele escorregou e acabou indo para o muro na curva 4, abandonando e sendo creditado o 32º lugar pra ele.


Mas o ano continuava e a Roth Racing vinha cada vez mais sem dinheiro. O patrocínio da Lidz e da 1-800-LasVegas com John Andretti eram apenas para Indianápolis, onde Jay Howard voltaria ao #24 para o fim da temporada. No entanto o estreante ainda continuava sem patrocínio e sem o dinheiro que Roth necessitava desesperadamente para manter dois carros. Do outro lado, Andretti ainda queria correr e a porta da Roth estava sempre aberta, assim, quando ele conseguiu renovar com a 1-800-LasVegas para as duas provas seguintes em Milwaukee e Texas, ele retornou ao #24 e Howard ficou novamente à pé.

Roth rodando e batendo em Milwaukee.

A pista de Milwaukee era praticamente nova para Marty Roth e, durante os treinos livres, ele acabou batendo duas vezes nas saídas das curvas 2 e 4, consumindo todo o estoque de suspensão dianteira de seu carro e, com isso, ele não pode nem classificar ou correr a prova. John Andretti classificou mais atrás dessa vez, na 19ª posição, e na corrida teve bastante dificuldades de dirigibilidade, terminando em antepenúltimo entre os carros que ainda andavam, e sendo creditado o 19º lugar para ele.


No Texas as esperanças com John Andretti foram renovadas. O representante da família Andretti foi muito bem durante os treinos livres e conseguiu um ótimo sétimo lugar no grid de largada, enquanto Roth conseguiu apenas o 19º lugar. Ambos foram caindo pouco a pouco no grid, com John saindo do top 10 na volta nove e caiu para o 22º lugar durante a primeira parada, enquanto Roth passou o resto da prova brigando com Milka Duno e Mário Dominguez no pelotão final no Texas. No final, foi outra corrida de sobrevivência para ambos, onde Roth terminou em 22º e último entre os que completaram a prova, uma volta atrás do oponente mais próximo e seis voltas atrás do líder, enquanto John Andretti terminou em 16º, a frente desses dois, Milka Duno e Mário Moraes.


As coisas ficavam cada vez mais difíceis financeiramente, onde o patrocínio da 1-800-LasVegas saiu do carro de John, e ambos os carros da Roth Racing agora estavam sem patrocinadores. A equipe estava num beco sem saída e cogitou seriamente voltar a ter só um carro para Roth, mas duas semanas depois a equipe conseguiu novamente entrar num acordo com John Andretti para correr as duas próximas provas, em Iowa e Richmond, mesmo sem patrocínio.

Roth batendo durante o segundo treino livre em Iowa.

Os dois pilotos teriam de redobrar o cuidado, pois ao invés de levarem quatro chassis para cada uma das duas provas eles teriam apenas dois, um para cada um, e se batessem seria o fim da etapa para eles. Marty Roth não conseguiu cumprir sua parte a bateu seu carro em Iowa logo no segundo treino livre, no sábado de manha, daí nem correu. John Andretti conseguiu manter seu carro inteiro e teve de largar do 23º lugar pois não houve treinos classificatórios por causa da chuva, tendo ele de largar de sua posição no campeonato, no entanto, o acerto dele era muito bom, onde ficava constantemente entre os 15 primeiros. Na corrida ele largou muito bem e começou a galgar o grid até chegar próximo do décimo lugar, brigando no pelotão intermediário. No fim veio um ótimo 11º lugar, terminando a corrida na volta do líder pela primeira vez na história da equipe, e tendo o melhor resultado da história da Roth Racing. Em Richmod foi bem parecido, onde John Andretti largou em 12º e estava se mantendo entre os quinze primeiros até se envolver em uma batida com Vitor Meira na volta 91 enquanto Roth largou em 15º mas ia caindo lentamente para o fim do grid conforme a prova avançava, ele estava com problemas de dirigibilidade por não ter um ajuste suficiente no vácuo e acabou tocando o muro na curva quatro na volta 122, recolhendo seu carro para os boxes permanentemente.


Após Richmond a Roth Racing tinha mais um problema, onde o acerto com John Andretti terminou e ele não optou por continuar na equipe, voltando a ter apenas um carro, o #25. Junto com John Andretti, acabou saindo da equipe o seu gerente, Larry Curry, pois a equipe não tinha muito mais condições de mantê-lo no corpo técnico. Além disso, a próxima corrida seria novamente num circuito misto, em Watkins Glen, onde Marty Roth não se dava muito bem ainda. Tentando administrar os prejuízos, Roth decidiu não correr esse fim de semana para poupar equipamentos e também para assumir a função de gerente da equipe. Assim, chamou de volta a equipe o inglês Jay Howard para esse fim de semana em Watkins Glen, onde ele aceitou de bom grado. A equipe não vinha bem em mistos, enquanto tanto nos treinos livres quanto no qualificatório Howard andava sempre em penúltimo, cerca de um segundo e meio mais lento que o oponente da frente e um segundo e meio a frente de Milka Duno. Ele largaria na 24ª posição e manteve a penúltima posição durante toda a prova até ter um problema e ser obrigado a abandonar na volta 17.


Roth voltou no fim de semana seguinte em Nashville, ainda sem gerente de equipe. Era algo muito estranho de ver como a equipe subiu bastante ao ter dois carros não tão ruins assim, ter dois patrocinadores diferentes em Indianápolis ou ter um patrocínio para os dois carros como no início do ano, ter os respeitáveis Larry Curry e David Cripps como gerentes do time e as coisas irem caindo por terra novamente pouco a pouco, até se tornar aquela Roth que era só um cara, um sonho e um mínimo de dinheiro para por um carro na pista.


Ironicamente, Nashville foi a melhor corrida dele. Ele teve uma posição ruim no grid, onde ele conseguiu o 21º lugar no grid de 24 carros e passou a maior parte da corrida brigando com os carros da Conquest e com A J Foyt IV, atrás até mesmo de Milka Duno dessa vez além dos pit stops continuarem um bocado mais lentos, mas nada de errado aconteceu com ele nessa corrida: nenhuma batida, nenhum problema terminal de dirigibilidade e nenhum problemas nos pits dessa vez. Além disso, a pista de Nashville estava com apenas uma linha realmente rápida e fazendo não só que as ultrapassagens (e as passagens para dar uma volta) fossem mais difíceis mas também fazia com que os tempos fossem mais parecidos, pois todos faziam a mesma linha o tempo todo. Outro ponto é que a corrida foi interrompida pela chuva que caiu em Nashville, fazendo com que as últimas 30 voltas não fossem disputadas e fez também com que os pilotos que não fizeram sua última parada pouco antes da chuva ficassem mais atrás do que os carros que não fizeram a parada. Roth apostou na parada tardia por causa da chuva e, com isso, ficou a frente de Hideki Mutoh, Bruno Junqueira, Oriol Servià, Milka Duno e dos carros que não completaram a prova, terminando num ótimo 13º lugar apenas uma volta atrás do vencedor.

Roth numa das várias vezes que ficou na grama em Mid-Ohio.

Nada deu errado nas etapas seguintes de Mid-Ohio e Edmonton também. Ele promoveu o chefe de mecânicos, David Milby, a gerente geral da equipe para poder focar totalmente nas corridas, já que circuitos mistos continuavam sendo um grande problema para Marty. Os dois fins de semana correram tudo bem, onde o carro não quebrou ou não houve batidas que danificassem o carro, porque sair da pista ele saiu muito, parando constantemente na caixa de brita de Mid-Ohio ou na grama de Edmonton. Paul Tracy reclamou bastante disso na transmissão da prova, onde ele não conseguiu resultados melhores em Edmonton porque no seu grupo de qualificação estava Roth e este ocasionou três bandeiras vermelhas, fazendo com que muitos não conseguissem dar boas voltas.


Ele era de três a cinco segundos mais lento que os outros carros em ambas as pistas e como a direção d e prova quase nunca força o abandono de pilotos muito lento nos circuitos mistos, pois é mais fácil ultrapassa-los nesse tipo de circuito, Roth completou ambas as provas, cinco voltas atrás em Mid-Ohio (tendo uma rodada onde ele perdeu duas voltas volta sendo rebocado para fora da grama por ter rodado e ter deixado o carro morrer), e sete voltas atrás em Edmonton (eram cinco voltas até rodar sozinho na curva um e deixar seu carro morrer, faltando duas voltas para o fim da prova, ninguém foi religar o carro e ele ficou parado lá).

O carro de Roth parado no meio da pista na volta final da corrida de Edmonton.

Na próxima corrida seria no Kentucky, voltando aos ovais. Nada tinha mudado, com Roth correndo sozinho e sem um patrocínio, onde ele largou em 11º mas foi caindo lentamente para o fundo do grid brigando com Dale Coyne e Conquest até ter problema nos freios e ter de abandonar na volta 100 da corrida, sendo creditado o 23º lugar na prova. Em Sonoma, a Roth Racing conseguiu um patrocínio pontual da Men's Warehouse, uma loja de roupas local na Califórnia, e foi praticamente igual as outras provas em misto, onde Roth era cerca de quatro segundos mais lento e terminou a prova quatro voltas atrás do líder (sem rodadas dessa vez) em 26º e penúltimo. Em Detroit foi um bocado pior, onde Roth não se acostumou com a pista cheia de ondulações e muros sempre ao lado, onde ele rodou quatro vezes durante o primeiro treino livre e teve de usar seu carro reserva no segundo treino livre, onde ele bateu na curva seis e deu perda total em seus dois carros do fim de semana, não largando novamente.

Roth em uma de suas quatro rodadas no primeiro treino livre de Detroit.

E no final do campeonato em Chicagoland mostrou-se novamente o velho e típico fim de semana da Roth Racing. Como a equipe e o piloto ainda tendo bem mais experiência em oval e Chicagoland que as equipes oriundas da Champ Car e um fim de semana praticamente todo dedicado em ajustes sem vácuo ele conseguiu o nono lugar no grid, mas na hora da prova ele era bem mais lento no grid, onde caiu para o 25º lugar em cinco provas e para penúltimo na volta dez, ficando a frente apenas de Frank Perera. Dessa vez nada de errado aconteceu e Roth completou a prova no 16º e último lugar entre os carros que não tiveram problemas, três voltas atrás do líder.


O balanço de 2008 foi consideravelmente negativo. Foram 26 corridas (dez com o #24 de Howard e Andretti e dezesseis com o #25 de Roth) e foram apenas cinco top 15 durante todo o ano, sendo dois de Andretti, dois de Howard e um de Roth, com a equipe colecionando nove abandonos (dois de Howard, um de Andretti e seis de Roth) e quatro não largadas pela parte de Roth também. Dos pilotos que disputaram a temporada regularmente (ou seja, com no mínimo cinco corridas) apenas os três pilotos da Roth, Jaime Câmara, Milka Duno e Tomas Scheckter não fizerma Top 10 mas seus companheiros de equipe fizeram não só Top 10 como conseguiram terminar corridas entre os cinco primeiros aquele ano. Além disso os resultados em ovais deixaram muito a desejar. Para uma equipe praticamente toda focada para eles e com pelo menos dois pilotos experientes em andar em oval, perder para muitas equipes que também tinham grandes problemas financeiros mas não tinham experiência nenhuma em oval e pack racing, como a Conquest e Dale Coyne mostravam muito da ineficiência da equipe até mesmo onde deveria ser seu ponto forte.


Estar ao menos uma ou duas vezes entre os dez primeiros é muito importante na Indy. Isso porque toda a categoria em si, principalmente as equipes com seus patrocinadores, precisam aparecer vez ou outra para conseguir atrair mais dinheiro e sobreviver. Todas as equipes que disputaram a temporada completa conseguiram ao menos um Top 10 e apenas a A J Foyt enterprises com Darren Manning não um conseguiu um Top 5. De Dale Coyne a Dreyer & Reinbold, de Vision a Conquest, de HVM a Pacific Coast, todas conseguiram um Top 5 durante a temporada, significando que pelo menos uma vez no ano todas as equipes conseguiram algum tempo considerável de TV e tinham oportunidades melhores de patrocínio e de sobreviver, porque isso é o que faz uma equipe da Indy não só ser boa ou regular, mas também ser uma equipe profissional de Indy e sobreviver minimamente sadia.


A Roth Racing, com exceção dos dias de bump day e dos momentos onde os carros batiam, não tinham aparecimento algum na transmissão durante seus cinco anos e 37 corridas de vida, e isso a fazia ser praticamente uma equipe fantasma dentro da Indy e dava muita dificuldades para Roth conseguir dinheiro para continuar.


Outro fator que dificultava as coisas para Marty Roth continuar era a má fama que ele adquiriu no mundo da Indy. Todos falavam abertamente mal das habilidades de Marty, tanto torcedores quanto imprensa e até algumas pessoas bem influentes no grid, culminando com Robin Miller comentando em seu programa na Speed TV que "Marty Roth era o único piloto que corria na Indy porque não tinha mais nada o que fazer" e "que era o único no grid que não pertencia à Indy".


Além disso vários pilotos reclamavam que Roth atrapalhava bastante o andamento de treinos livres e classificatórios nos circuitos mistos, onde ele rodava constantemente com seu motor apagando e ele tendo de ser rebocado ou religado, chamando bandeiras vermelhas; e no classificatório em três oportunidades ele paralisou o treino de seu grupo por batidas e rodadas.


Haviam muitos rumores que a direção da categoria tinha a intenção de não conceder mais a licença para Marty correr e muitos boatos diziam que isso foi realmente feito, o que não aconteceu. Segundo entrevista a revista eletrônica Wheels Canada, Roth disse que "nunca conversou diretamente com a IRL sobre isso [sair do grid e suspensão da licença de dirigir na categoria]. Eu liguei para eles algumas vezes, mas nunca me retornaram."


Mas, com todos esses fatores contra e com o fato de vir cada vez mais circuitos mistos no calendário da categoria faziam com que Marty passasse a não ser tão bem vindo assim ao volante da Roth Racing. Isso seria mais importante no futuro, pois duas coisas aconteceram pouco depois a corrida de Chicago.


Primeiro, Marty Roth começou a ter conversas com outras duas pessoas, Jim Feudenberg (dono da antiga Kelley Racing) e Andre Azzi (dono de uma empresa de investimentos em Montreal) que queriam se envolver ativamente com a Roth Racing. "Isso era o que eu estava esperando. Em todos esses anos corri praticamente sem patrocínio, [comigo] tomando conta da parte operacional da equipe enquanto também dirijo e Margareth [sua esposa] era dona e também fazia todo o marketing e publicidade da equipe. Estamos ambos na casa dos 50 anos!".


Roth ficou bem animado pela oportunidade de ter auxílio em sua dura vida onde tinha que chupar cana e assoviar ao mesmo tempo. No entanto, poucos dias depois da conversa, Feudenberg também conversou com a direção de operações da IRL sobre sua intenção de se unir a Roth Racing e a direção da categoria disse que eles não queriam que Marty Roth estivesse ao volante mais e que a categoria se interessava mais por ele como dono de equipe do que ao volante de um carro. Segundo Roth, a IRL disse a Feudenberg que "Roth tinha uma demografia com perfil de dono de equipe, não de piloto." e que "a categoria apoiaria ele fazer as 500 milhas e mais alguns ovais". A categoria, com essas palavras, conotava que Roth era muito velho para correr e que sua presença já não era mais desejada no grid da categoria.


Isso o deixou bem desanimado, pois ele sempre teve a única intenção de ser piloto da Indy, onde ele era também dono de equipe por básica obrigação já que ninguém o contratou nem o contrataria para correr em sua equipe. Marty Roth nunca cogitou a hipótese de entrar pra Indy apenas para comandar equipe e, após a comunicação indireta com a direção da IRL que queria ver ele fora principalmente dos circuitos mistos e de rua, o canadense não mais quis correr na Indy. Marty apenas declarou: "Isso não faz o menor sentido. Não quero comandar uma equipe assim. Eu nunca ouvi algo tão ridículo. Eles querem ditar quais corridas eu posso correr? Só Indy 500 e alguns ovais? Eu vou dizer quais corridas eu vou estar, vou estar em nenhuma delas."


Marty Roth então dispensou os funcionários da Roth Racing e colocou tudo a venda, incluindo quatro carros com chassi e motor e também sua garagem em Indianápolis, e nunca mais apareceu na IRL e nem em competições profissionais de automobilismo, comandando apenas seus negócios imobiliários com sua mulher e filhos. "Isso é bem triste. Eu coloquei meu coração e alma nisso e eu amo a IRL, mas eu ninca imaginei que isso iria acontecer [do incidente com a ligação de Feudenberg]. Eu não penso que tivemos um ano ruim, algumas vezes eu larguem na frente da Andretti e da Penske e esse foi um sentimento ótimo, de ser o azarão da corrida. E é duplamente triste porque não correrei em Toronto, minha cidade natal."


Em janeiro de 2009, os espólios da Roth Racing foram comprados pelos próprios Feudenberg e Andre Azzi. No meio do ano Alex Tagliani se acertou com os dois e, em agosto, surgia a FAZZT Racing Team. Ela durou apenas uma temporada, a de 2010, com Feudenberg saindo em agosto desse ano e a equipe foi vendida em Março de 2011 para Sam Schmidt (que tinha vendido sua estrutura em Indianápolis para a Roth Racing três anos depois, lembram?) e Davey Hamilton, surgindo a Schmidt Hamilton Motorsports, que dois anos depois se tornou Schmidt-Peterson Motorsports com a saída de Hamilton e a entrada de Ric Peterson como sócio até chegar a Arrow McLaren SP de hoje em dia.


E essa foi a história da Roth Racing. Com podem ver, não há coisas escabrosas como as que se encontra na Fórmula 1. Não existem muitas pessoas que veem a Indy apenas como um negócio a se investir, seja para o bem (onde a categoria não é tão atraente no sentido mercadológico) ou para o mal, onde a chance de vir algum empresário endinheirado tentar investir mas acabar esculhambando com a categoria é quase zero. Como disse no início da série, nesses casos a questão de uma equipe ser a pior ou não e um bocado subjetiva. Usei alguns números completos e coloquei um parâmetro que me era mais conveniente e saiu a Roth Racing como a pior no final, mas isso não passa de um chute meio embasado, mudando o parâmetro dá pra se obter outras respostas para pior equipe, como Dale Coyne, algumas equipes dos anos 80 e assim por diante.


Marty Roth é um cara que ama Indy, principalmente ama correr na Indy, e pegou a primeira oportunidade que teve para, com muita luta, fazer tudo virar realidade. Talvez tenha ido um pouco mais além disso tentando criar tudo tendo nada como base, mas quem sou eu pra julgar o amor dos outros. O fato de ele não ser propriamente bem vindo no final da categoria ou a equipe ser ruim a ponto de aparecer em vários lugares como um dos piores pilotos ou como a pior equipe da Indy é mero detalhe, o que importa é que Marty Roth estava feliz o tempo todo em que correu e que comandou a Roth Racing e agora tem um monte de ótimas histórias para contar.

Um comentário:

  1. Eu diria que ele foi bem-vindo enquanto o grid da IRL tinha seus menos de 20 carros, à partir do momento da reunificação com a Champ Car o grid regular aumentou consideravelmente e aí ele passou a ser menos "útil" pra categoria.

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