Sem sombra de dúvidas, a MAVTV American Real 500 foi a prova mais comentada da IndyCar sem ser uma Indy 500 pelo menos desde 2011. Até eu, que estive no rincão do universo e isolado do mundo de todas as formas, ouvi falar desta prova e da loucura que ocorreu nela, com a volta do pack racing e todas as dores e delícias que o estilo de prova contém. Isso repercutiu não só entre os fãs, mas também entre os pilotos e os próprios dirigentes da categoria, que falaram muito (e divergiram entre si, também).

Foto: Chris Jones / Indycar Media


O blog IndyCar Minnesota listou alguns comentários e nós, do Indy Center Brasil, vamos reproduzi-los aqui, traduzindo livremente:

Marco Andretti

“É bem louco; o pack racing sempre foi assim. Tem uns caras que não querem sair, outros que vão pra cima, por dentro, por fora. Eu acho bem divertido e bem perigoso também, mas é pra isso que nós estamos aqui. Fazemos um baita show pros fãs, a verdade é essa”.

Michael Andretti:

“Não foi nada bom. Lembrou os tempos da IRL. Sei que é muito legal pra quem tá vendo na TV ou nas arquibancadas, mas, pra gente, não é nada legal”.

Sebastien Bourdais

“Não sou nada fã desse tipo de prova, mas não somos nós que decimdimos. Não fomos consultados ou coisa do tipo, e a categoria ficou nessa por causa do jeito que os aero kits são. Poderia muito bem acontecer a mesma coisa em Iowa porque a quantidade de downforce que podemos colocar em Iowa é insana. Os kits pra ovais e superovais tem realmente probleminhas”.

Ryan Briscoe

“Eu tava curtindo a corrida. Achei irado. É uma pista larga, então te dá uma série de opções pra buscar ar puro. Então, acho que tiveram alguns pilotos, não vou citar nomes, que pareciam deliberadamente querer mandar a gente pro meio das curvas, e coisa e tal. É o tipo de coisa que é bem desnecessária. Tivemos algumas chegadas nas retas só com mudança de traçado, e tal. Cê só tem que se ligar. Outras pessoas meio que compararam essa corrida com as onze voltas lá de Vegas uns anos atrás, e eu não acho que tenha a ver. Vegas era moleza, era, tipo, qualquer um podia correr no anel de trás. Aqui não dá pra fazer isso. Tem que procurar ar puro, tem que expor sua asa dianteira pra entrar na curva e ficar perto. Não é que estejamos pregados um no outro. Estávamos bem perto, mas podíamos experimentar linhas diferentes.”

“Não iria querer fazer isso todo fim de semana, mas acho que foi uma corrida massa e, se é pra dizer, acho que poderia ter tido mais disciplina entre os pilotos. Nem eu fui 100% inocente. Eu vi os melhores momentos e eu não fui 100% inocente. Mas não acho que alguém lá foi. E acho que, se formos fazer isso de novo semana que vem, na reunião dos pilotos, tem que ter muita conversa, ‘ei, precisamos prestar atenção entre nós um pouquinho’. Mas nãso acho que esse tipo de corrida vá continuar por muito tempo. Não acho que a categoria vá querer correr o risco numa base regular. Provavelmente eu esperaria mudanças no aero kit... a próxima nesse tipo é Pocono. Expero que a liga faça mudanças pra que a gente não precise correr tão perto assim um do outro. Mas, pra mim, foi massa. Só um final infeliz.”

Ed Carpenter

“Nunca vamos poder aumentar esse esporte se nos separarmos por dentro. Não tou dizendo que esses caras não devem ter sua opinião depois dessa prova. Somos todos gabaritados pra opinar, mas como você manda a mensagem é que é o importante. Não precisa entregar primeiro aos fãs... alguém me escreveu no Twitter: ‘Gastei três horas vendo aquela corrida e curtindo cada minuto, mas foi difícil ouvir pilotos que eu gosto dizendo que odiaram aquilo’. Isso é confuso pros fãs.”

“Minha mentalidade pro que fazemos é ‘é tudo perigoso’. E isso é parte da minha frustração. Toda hora que entro num carro, sei que pode ser meu último dia. Não tem garantia no que fazemos, nunca. É o que me frustra, alguns pilotos que acham que a única forma de nos machucar é num tipo de pack racing. Pra mim, isso é ridículo.  A carreira do Dario Franchitti terminou numa corrida de rua, não nesse tipo de prova. Já Dan Wheldon morreu nesse tipo de prova. Tantos outros pilotos morreram em circuitos mistos. Tony Renna morreu em Indianápolis e era o único carro na pista. O que fazemos é perigoso. Então, pra mim, tô de boa. É o que eu quero fazer”.

“É um esporte bacana, e foi uma grande corrida. Os fãs estavam gritando depois da prova. Então não saia do carro e esculhambe o esporte. Se não quer fazer isso, vai fazer outra coisa. Eu amo a Indy, e quero fazer isso, não importa que tipo de corrida seja. Tem um monte de caras que dariam um braço pra estar em um carro”.

Tim Cindric

“É meio desapontador porque nós conversamos depois de Las Vegas com a IndyCar e todo mundo discutiu o fato de não termos mais uma corrida como aquela em termos de pack racing. E porque estamos fazendo isso, não tenho a menor ideia... Era bem óbvio perceber no primeiro treino que era assim que seria. Nós fizemos ouvir nossas preocupações, os pilotos também... correr em monopostos assim é bem difícil”.

Derek Daly

“Acho que a corrida (...) foi a melhor da Indy que já testemunhei. Estava na beira da poltrona a cada volta. Sobre o comentário do Will Power, acho que tem um lado emocional que vai virar manchete, mas acho que ele está absolutamente errado em dizer algo daquele tipo. Esse esporte que amamos e estamos envolvidos é inerentemente perigoso. Sim, pilotos podem perder suas vidas. É parte da atração de praticar isso; é parte da atração de assistir isso E porque estava rápido e porque estava perto e porque houveram alguns incidentes, acho que não dá pra pegar uma prova dessa e dizer não podemos mais fazer isso por causa de algo do passado’. E acho que uma declaração dessa dada por um campeão, tem que ser muito cuidadodso porque alguém pode escutar você e realmente pode ser prejudicial para o automobilismo”

Scott Dixon

Foi um tipo de bagunça de corrida... acho que os níveis de downforce foram altos demais e foi preciso espalhar mais.”

“A Indy avacalhou com tudo”.

AJ Foyt

“Gosto desse tipo de corrida quando eu estava nela, mas não é muito legal de ver. Não, acho que é uma corrida boa. Pelo menos dá pra correr. É o que eu gosto em corridas. Quando dá pra correr, você corre”.

Dario Franchitti

“Os pilotos expuseram seus pontos de vista na corrida em publico porque a categoria não os escutou em particular”.

Chip Ganassi

“Ninguém quer ver alguém se machucar – (mas) não dá pra se tocar com monopostos e, por alguma razão, esses pilotos pensam que você pode fazer isso hoje em dia. Acho que alguém tem que conversar com esses caras e dizer a eles que eles tem que parar de se bater, e parar de bater rodas, e parar de correr cada volta como se fosse a última. Alguns dos pilotos não querem o pack, acho que é bem óbvio, os mais velhos não querem o pack e os mais novos não tão nem aí”.

Jack Hawksworth

“Não diria que foi louco. Foi legal, acho. Tinha muita coisa acontecendo; certeza, eu teria ficado ali no meio um pouco mais. Eu estava atrás. Mas achei que a corrida foi boa. Foi colado, tá ligado? Todo mundo tava indo com tudo. O maluco foi só quando a negada fez ultrapassagens doidas nas primeiras 70 voltas pro fim,  quando tava todo mundo perto. Isso não importa com 50 ou 70 voltas. Mas colocar a faca nos dentes tão cedo, isso foi estranho.”

“Não pensei que seria tão ruim; eles correram pior que isso por dez anos com o carro velho, né? Ach que tem certos pilotos e equipes que querem fazer de um jeito, porque dá a eles mais vantagem. Se é pack racing, então todo mundo tá muito perto e tudo pode acontecer, ou certamente dá uma chance pra todos. Você não sabe o que vai rolar até o fim.”

“Se tirar downforce dos carros, e for em fila única, e o carro mais rápido for pra frente e se distanciar, não é tão legal. Se você é um desses caras que acha que pode diminuir essa distância, então você provavelmente seria contra isso, na minha opinião. Não entendo como pode ser tão perigoso agora, mas ainda assim correram quatro lado a lado toda semana com o carro velho por só Deus sabe quando, né? Claro que o incidente de Vegas foi horrível, mas corrida é inerentemente perigosa. Um acidente doido pode acontecer em qualquer condição. Não precisa ser pack racing pra causar”.

“A grande coisa pra mim foi a reação das pessoas que viram a corrida ser legal, o que é bom, né É minha opinião. Se as pessoas acharam legal, que a corrida foi boa... vamos ser honestos, foi mais legal de ver que o Texas. Sim, o incidente no fim foi infeliz, mas acho que a corrida foi massa.”

Tony Kanaan

“Foi uma das corridas mais nervosas que já participei”.

“No meio da corrida, eu pensei: ‘Cara, os fãs devem estar aorando, mas tomar que a gente lote esse lugar quando voltarmos, se formos correr assim’. Mas, pra gente, as pessoas tem que entender quão estressante é. Claro, somos pagos, e somos quem somos porque podemos fazer isso, mas não dá pra esquecer que perdemos – eu perdi meu melhor amigo da mesma forma em 2011”

“É um novo pacote aerodinâmico, então continuamos adivinhando. Adivinhamos do lado errado. Acho que foi uma boa corrida para os fãs, mas, sabe, eu recebo muitas críticas quando falo esse tipo de coisa, mas esse povo não está em um carro de corrida a 346 km/h. Eu queria que quem critica a gente fizesse isso. É difícil, estressante, e te faz pensar se compensa fazer esse tipo de coisa. Tomara que consigamos nos reunir, criar uma solução e seguir em frente.”

Sage Karam

“É pack racing, o que é difícil. É uma batalha e você está no modo de sobrevivência”.

Juan Pablo Montoya

“Sinceramente, não sou fã desse tipo de corrida que vimos aí. Eu falei pra Indy que não devemos correr asim. É pack racing de primeira e, mais cedo ou mais tarde, alguém vai se ferir. Não precisamos estar fazendo isso. Foi um baita espetáculo e fizemos o que tivemos que fazer”.

Josef Newgarden

“Todo mundo estava usando quatro linhas. Tinha muitos espaços apertados, foi uma corrida arriscada e todo mundo se juntou e ficou coladinho”.

Simon Pagenaud

“Pra ser sincero, não sou fã desse tipo de corrida. Não precisamos correr em bloco acima de 370 km/h. Tem muito vácuo nesses carros, você tem sorte se tiver um buraco. Você desliza por ele e empurra nego pra fora do vácuo. Isso não é seguro. É minha opinião pessoal”.

Roger Penske

“Acho que foi uma grande corrida e mostra a qualidade dos pilotos ao correrem tão perto assim volta a volta sem amarelas. Esperamos um pouco de descanso para esses rapazes. Foi uma corrida boa e todo mundo tá se cuidando e nossos moçocs estão lá na frente”.

Will Power

“Quando tem pack racing assim, tem que se correr muitos riscos pra ganhar posição. É tão legal quanto intenso. Estou feliz que ninguém se machucou e tá todo mundo bem.”

“Vocês acompanham corridas faz tempo, então sabem o que é uma corrida de verdade. E isso não é, né? E não precisa de talento. Montoya, Pagenaud e eu mesmo, conversamos com a categoria que seria pack racing, juro, e eles disseram, ‘nada a ver’. Não quiseram escutar, e taí.”

“Alguém precisa morrer [pra Indy nos escutar]. Foi o que aconteceu da última vez. O pobre Dan Wheldon perdeu a vida, e não reagiram até alguem ser seriamente machucado nas grades”.

Graham Rahal

“Bicho, nunca estive em um four-wide­ em seis ou sete anos. Te deixa nervoso, certeza. Mas você confia nos caras... foi tenso”

Takuma Sato

“As últimas 25 voltas foram loucas, três lado a lado e as vezes quatro, eu curti”.

Paul Tracy

“Se você não gosta desse tipo de corrida, tem algo errado com você. Isso é excelente em termos de corrida da Indy. É rápido, é competitivo, você não pode se distanciar, os caras estão indo dois, três lado a lado. O que mais você quer?”


E aí, concorda com quem?

2 comentários:

  1. concordei bastante com o hawksworth. tenho basicamente o mesmo ponto de vista que ele.

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  2. Faço minhas as palavras de Ed Carpenter, a declaração dele é igual ao que penso. Não importa se for pack racing, o automobilismo é, em si, um esporte de risco, e todos o que o praticam têm de estar cientes desse fato.

    Nas últimas linhas ele declarou:

    “É um esporte bacana, e foi uma grande corrida. Os fãs estavam gritando depois da prova. Então não saia do carro e esculhambe o esporte. Se não quer fazer isso, vai fazer outra coisa. Eu amo a Indy, e quero fazer isso, não importa que tipo de corrida seja. Tem um monte de caras que dariam um braço pra estar em um carro”.

    Se eu tivesse sido um piloto de corridas, era na Indy que eu queria estar e não me importaria em disputar esse tipo de corrida.

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