Todas as três categorias do Road to Indy (USF2000, Pro Mazda e Indy Lights) estiveram presentes para dois dias de testes no circuito misto de Homstead-Miami e, obviamente, o treino terminou mais cedo por causa das chuvas que sempre ocorrem na Flórida essa época do ano.

Não tinham brasileiros nesse teste. Pus a foto do francês Julien Falchero porque gostei do capacete minimalista.
O Road to Indy, tipicamente, não faz testes coletivos entre o Chris Griffis Memorial Test, pouco depois do fim da temporada, e o mês de fevereiro, para que as equipes possam se adequar cada uma a sua maneira a novos carros e novas temporadas. Nesse ano, no começo de novembro, anunciou que faria um teste oficial extra nessa temporada, nos dias 3 e 4 de dezembro no misto de Homstead-Miami.

A ideia, apesar de boa, teve alguns pequenos problemas. Normalmente essa pré-temporada acontece sem atividades oficiais porque as equipes, por serem bem menores que na Indy Principal e, muitas vezes, participarem de várias categorias ao mesmo tempo, ainda estão contratando pilotos, se acertando financeiramente ou até mesmo dando folga as suas equipes, para se reestruturarem mais para frente. Assim, elas preferem trabalhar nas pistas que existem perto de suas bases e nas datas melhores para elas economizarem e se estruturarem, ao invés de viajar meio país para chegar a Homstead-Miami apenas para dois dias de testes. Além disso tem o fator chuva, já que na Flórida chove bastante essa época.

Assim, em todas as categorias, vimos um festival de meias equipes andando em um dia e meio de atividades em pista, pois metade do segundo dia foi cancelado por uma tempestade que caiu sobre o circuito americano. Por isso, não se espante em ver poucos carros na lista de tempos ou novos nomes na frente, todas as equipes não estão completas e os resultados estão bem longe de ser definitivos.

Mas vamos lá revisar os testes, começando pela Lights:

Indy Lights

David Malukas pilotando o carro do Batman.
Sim, cinco carros na tabela. Nem mesmo a Andretti estava com força total em Homstead-Miami.

Só tivemos um nome novo no mundo da Lights nesse teste, o francês Julien Falchero. O piloto de 21 anos vinha (ou vem, não se sabe o futuro dele) fazendo carreira em solo europeu, onde passou pela F-Renault em 2015-16 e para a GP3 nos últimos dois anos, sem resultados que saltassem aos olhos. Ele estreou pela Andretti em Homstead-Miami e, apesar de não ter acompanhado o ritmo dos outros carros da categoria nas duas primeiras sessões, Falchero foi melhorando suas marcas e se estabeleceu os terceiros melhores tempos nas duas últimas sessões. Ele é bom? Não sei. Quando ele ia mostrar se era rápido ou não, nas últimas sessões, a chuva veio e estragou tudo. Pelo menos ficou a frente de seu companheiro de equipe (e único piloto já confirmado para disputar a temporada do ano que vem) Ryan Norman na última sessão, já é alguma coisa.

Também como novidade tivemos a presença de Zachary Claman de Melo na Belardi Auto Racing. O canadense voltou a andar na Lights depois de correr pela Carlin na categoria em 2016-17, ele subiu para a Indy em um acerto com a Dale Coyne que era para ser a temporada completa, mas de Melo teve de dividir o #19 com Pietro Fittipaldi. Como ele está, por enquanto, sem casa para dirigir na Indy, acabou voltando momentaneamente para a Lghts no carro da Belardi, e fazendo um trabalho parecido com os que a Belardi costuma apresentar, o de equipe um pouco atrás das tradicionais.

O grande destaque do teste ficou por conta de Rinus VeeKay (Juncos Racing) e David Malukas (BN Racing). As duas equipes, apesar de alguns problemas financeiros, se mostram as mais estruturadas para o ano que vem até agora. Ambas parecem caminhar para a estrutura de um carro apenas e meio que definiram seus pilotos: a Juncos com VeeKay e seu prêmio por ser campeão da Pro Mazda de 2018, além do patrocínio da Jumbo; e a BN Racing estreando na Lights com David Malukas e seus patrocínios pessoais. Vimos Malukas começar o treino muito bem e logo fazer os melhores tempos, sendo superado no primeiro dia apenas por Ryan Norman na segunda sessão. Mas, no segundo dia, a Juncos parece ter acertado seus ajustes e VeeKay pode brilhar fazendo o melhor tempo da quarta sessão e do teste como um todo.
Resultados da Indy Lights.

Pro Mazda

Kyle Kirkwood não fica em primeiro no teste e choca a todos.
Seis carros (na verdade cinco e meio) e quatro equipes na Pro Mazda, e tivemos quase todo o tipo possível de estreia, já que as equipes principais (Juncos, Pelfrey e outras) ainda estão se estruturando para 2019.

Talvez ele não tenha sido rápido porque o número de seu carro está descentralizado
Tivemos a equipe nova com piloto experiente: a Jay Howard Driver Development, do ex-campeão de Lights e ex-piloto em atividade na Indy; sendo que sua equipe já foi confirmada na USF2000, e agora vem testando pelo menos um carro na Pro Mazda também. No volante dessa vez estava o canadense Antonio Serravale, que estreou nos monopostos disputando boa parte da temporada passada na categoria. O passo foi bem grande, e Serravale mais batia e abandonava do que corria, mas agora vem mostrando que está mais maduro, ficando sempre nos três primeiros lugares desse teste em Homstead-Miami.

Tivemos também a estreia de uma equipe nova com pilotos estreantes também. A Abel Motorsports é uma equipe oriunda... bem... das categorias onde Jacob Abel quer correr. A equipe é comandada por Bill Abel, e tem como principal piloto seu filho, Jacob e, desde que ele saiu dos karts e entrou nos monopostos, sempre correu na Abel Motorsports. No ano passado a equipe fez parte de três categorias: das quatro primeiras etapas da F4 USA, das etapas de Road America e Mid-Ohio da USF2000 e da temporada completa da F3 Americas, sempre com Abel ao volante. Apesar de ter disputado mais de vinte corridas no ano, Jacob Abel não conseguiu uma vitória sequer, e só conseguiu pódios na F3 Americas porque o grid da categoria girava entre quatro e seis carros.

O carro de Rasmus Lindh era o único não vermelho na Pro Mazda
O destaque fica com a contratação da Abel Motorsports no meio do ano. O americano Kyle Kirkwood, campeão pela Cape na USF2000 desse ano, correu pela Abel a temporada toda da F3 Americas, e foi campeão também de forma arrasadora, com 15 vitórias em 17 corridas. As atenções estão todas voltadas para Kirkwood, que conseguiu liderar a primeira sessão de testes pela Abel, mas seu carro teve problemas na terceira sessão e Kirkwood nem saiu para a pista no segundo dia. Jacob Abel fez apenas figuração até aqui.

Também tem a equipe e o piloto que está estreando, mas nem parece que estão estreando. Rasmus Lindh e a Pabst Racing estão entrando agora na categoria, mas nem parece, pois eles permearam o grid e, com esse know how, conseguem bons resultados. Lindh, com a velocidade que mostrou na USF2000 no ano passado, quando foi vice-campeão, e liderou duas das três sessões, mas terminou com o segundo melhor tempo do teste, por ter feito apenas o segundo melhor tempo na quarta sessão, a mais rápida do dia.
A equipe do Jay Howard inovou e fez o número do carro de Antonio Serravale na fita adesiva, de azul no primeiro dia e de branco na asa dianteira e vermelho na asa traseira no segundo dia. Repara que na asa traseira da foto da esquerda a fita azul está descolando.
A frente dele apenas o estreante Parker Locke na não-estreante Exclusive Autosport. Não vou contar a mudança do experiente Nikita Lastochkin na Exclusive, pois seu carro teve problemas o dia todo e ele já foi contratado pela equipe, vou mostrar na próxima postagem. Locke saiu dos karts direto para a F4 USA aos 15 anos, e não fez muita coisa lá além disso:

Locke detém, até o momento o recorde de mais corridas na F4 USA sem marcar um ponto sequer, com 35 provas fora do Top 10 da categoria. Parker Locke estava meio que repetindo esse trabalho nas sessões do teste em Homstead-Miami, ficando a mais ou menos um segundo do melhor tempo de cada sessão, até a primeira sessão do segundo dia, onde Locke acertou uma volta voadora pouco antes de Ramus Lindh fazer sua melhor volta do dia, e terminou com o melhor tempo do teste.

Talvez seja pelo fato da Exclusive Autosport, a equipe mais experiente nesse teste, focar apenas no texano após ver que o carro de Lastochkin não tinha salvação, ou até mesmo Locke tenha tirado um coelho da cartola, mas a queda do favoritismo de Lindh e da Pabst nesse teste foi assim mesmo, bem aleatório.
Resultados da Pro Mazda. Foi mal, esqueci da coluna de diferença nos tempos.

USF2000

Hunter McElrea (o do meio) foi o maior de todos, que nem na vida real.
Aqui sim tivemos uma pequena prévia do que veremos em 2019. Doze pilotos e seis equipes estiveram presentes, sendo que quatro deles já eram experiente no grid e outros quatro deles participarão dos jogos vorazes do Road to Indy.

Também foi um teste importante, pois três das principais equipes na temporada passada, Cape Motorsports, Pabst Racing e BN Racing, vieram com força total e com vários pilotos em seus carros.
Cameron Shields ficou vermelho de raiva com o segundo lugar.
A Cape Motorsports, inclusive, chegou a fazer revezamento de pilotos em dois de seus carros. No primeiro dia, Anthony Famularo (recém saído do kart) e Nikko Reger (campeão da Global MX-5 Cup) pilotaram o #3 e 0 #8, respectivamente; já no segundo dia, eles deram espaço para Branden Eves (pilotou duas corridas na USF2000 desse ano) e pro veterano Julian van der Watt (sétimo colocado na temporada da USF2000 desse ano). O melhor dos quatro foi Eves, que fez o terceiro melhor tempo nas duas sessões em que esteve ao volante do #3, enquanto van der Watt conseguiu um quinto lugar como melhor resultado. Já Famularo e Reger estiveram na metade de baixo da tabela de tempos durante todo o dia que pilotaram.

Mas quem brilhou mesmo na Cape foi Cameron Shields. Oriundo da Austrália, ele foi terceiro colocado no campeonato da F3 Australiana e vem tentando alçar voos maiores fora de sua terra natal. Ele estreia na USF2000 e chegou a fazer o melhor tempo na terceira sessão, terminando com o melhor tempo no primeiro dia. Olho nele.

O citado acima Brendan Eves também correu na BN Racing, no primeiro dia de atividades, tendo como companheiro de equipe nesse teste o veterano Kyle Dupell (15º na temporada da USF2000 desse ano) e colocou-o no bolso durante o primeiro dia. Eves chegou a liderar a segunda sessão de testes, enquanto Dupell, se aproveitando de sua experiência, conseguiu liderar a primeira sessão. No fim do teste, Eves fez o quarto melhor tempo, enquanto Dupell fez a sexta melhor marca.

Mas quem brilhou nesse teste foi a Pabst Racing. Com os veteranos Colin Kaminsky e Yuven Sundaramoorthy, além do novato Hunter McElrea, a equipe Augie Pabst se mostrou  a mais rápida do segundo dia de treinos, com McElrea sobrepujando não só seus dois companheiros de equipe, mas todo o resto dos pilotos junto e liderou as duas sessões, fazendo o melhor tempo do teste em Homstead-Miami.

Resultados da USF2000. Os carros da Jay Howard ainda tem muito o que desenvolver, ainda mais com pilotos estreantes na categoria, e Kellen Ritter fez o teste mais para ganhar quilometragem para o Shootout que ele participará no fim de semana.
McElrea, bem como Eves, Round-Garrido e Ritter, junto com o brasileiro Allan Croce, disputam o prêmio de 200 mil dólares em patrocínio para correr na USF2000, no chamado Road to Indy Shootout, que é a próxima atividade do Road to Indy, nos dias 7 e 8 de dezembro. Até lá!!

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