A parte 1, o início dessa série, está aqui.

 

Continuando nossa história, paramos quando Marty Roth fez sua primeira 500 milhas de Indianápolis com a Roth Racing, sendo essa a primeira das 37 corridas da história da equipe. Como a equipe não possuía patrocínios a não ser pelo próprio bolso de Roth, ele só voltou as pistas nas 500 milhas de Indianápolis de 2005, quase um ano depois.


Mas, nesse ano, Marty fez uma programação bem mais cedo, anunciando que participaria dessa prova ainda em outubro de 2004. Fazer planos tão cedo ajudou bastante na estruturação de uma equipe, e na Roth Racing não foi diferente. Sabendo que ela correria desde o começo as 500 milhas fez com que Marty Roth conseguisse investir e se preparar mais para as duas empreitadas, tanto para as 500 milhas quanto para a temporada da Lights. Primeiro ele contratou Steve Erickson como engenheiro da equipe nas duas frentes e, no início de 2005, confirmou que seu estrategista de corrida seria nada mais nada menos que Pancho Carter. Marty também conseguiu fazer alguns testes privados em ovais com o carro da Dallara, o que em teoria o faria melhorar o suficiente para acompanhar a subida de nível que o grid normalmente dava na IRL de uma temporada para a outra.


Tanto empenho era justificado pois, depois de dois anos quase sem um bump day, eram esperados 35 carros brigarem pelas 33 vagas do grid das 500 milhas de Indianápolis de 2005. Tudo ainda estava incerto, mas com equipes grandes como a Penske e a Newman-Haas querendo alinhar mais carros especialmente para essa prova, a promessa de um grid melhor que nos últimos dois anos era o terror de Roth.


Mas seus temores diminuíram um bocado logo no início do mês de maio, com AJ Foyt confirmando que alinharia apenas dois carros esse ano e também houve a primeira parceria da história da Roth Racing. A PDM Racing, que tinha um carro reservado no entry list para esse ano, decidiu juntar forças com a Roth Racing para as 500 milhas daquele ano, onde Paul Diatlovich, dono da PDM Racing, queria correr as 500 milhas mas ele não tinha os recursos financeiros para isso e nem estava achando um piloto pagante para entrar no #18 de sua equipe. Enquanto isso, a Roth Racing tinha uma boa estrutura (boa quando comparada com a PDM) além de um bom estrategista e um bom engenheiro, mas ainda não encontrava bom desempenho, visto que os resultados de Marty Roth na Indy Lights em 2005 não eram muito melhores que o piloto conquistava anteriormente. Assim, com o dinheiro, a estrutura e chassi da Roth Racing e com o motor, expertise e os bons mecânicos da PDM Racing (bons comparados com os da Roth Racing), os dois se juntariam em um carro só para correr as 500 milhas.


Essa união era vantajosa também em outras duas frentes. A união das equipes garantia que a soma de carros no grid ficasse em 33 e garantiria que o carro oriundo da união delas largaria nas 500 milhas. Outro grande ponto é que a união representaria uma economia de custos muito grande para as duas: a Roth não precisaria encomendar e comprar dois motores nem mecânicos extras, já que a PDM tinha tudo isso, enquanto a PDM não precisaria encomendar chassis nem buscar dinheiro com pilotos pagantes ou patrocinadores, já que a Roth tinha tudo isso. Parecia o casamento perfeito.

Você sabe que um carro é da PDM quando vê esse patrocínio da bola amarela e laranja no carro.

E a parceria deu certo, tão certo que Marty Roth nem teve medo de bump day. Isso por causa do rolo da AJ Foyt que decidiu voltar atrás e alinhar um terceiro carro para Scott Mayer mas o piloto que estava na época com 50 anos de idade teve vários problemas e foi substituído por Felipe Giaffone de última hora passaram nem perto de incomodar Roth e Diatlovich. O #25 era bem mais rápido que no ano passado, sendo constantemente melhor que a Hemelgarn de Jimmy Kite, que o #48 da AJ Foyt (seja quem quer que estivesse dirigindo o carro) e quase dez milhas mais rápido que o #98 de Arie Luyendyk Jr., a Roth/PDM corria com o mesmo nível de velocidade que os carros principais da Foyt (pilotados por Larry Foyt e AJ Foyt IV) e no mesmo nível dos carros da Vision Racing (pilotados por Jeff Ward e Ed Carpenter).


A classificação veio na primeira hora do terceiro dia de treinos, antes mesmo do bump day. Roth fez, assim como em 2004, apenas uma tentativa e conseguiu a marca de 219,497 mph. Com mais três o quatro carros sobrendo para subir acima das 219 mph, essa marca praticamente garantia a classificação antes mesmo do bump day e, no final do sábado, veio a confirmação do 29º lugar no grid, a frente de Larry Foyt, Jeff Ward, Jimmy Kite e Felipe Giaffone, que se classificou no bump day.


A corrida, novamente, seria pura sobrevivência. Em 2005 a pista estava mais complicada de guiar, com muito vento e uma chuva que havia caído pouco antes do início da corrida atrapalhando bastante a abrasão do asfalto. Um dos desafiantes de Roth, Larry Foyt, rodou sozinho antes de vinte voltas de prova e bateu sozinho, rodos aproveitaram para fazer suas paradas mas, como os mecÂnicos da Roth Racing ainda não estavam tão acostumados assim com paradas, Marty Roth entrou nos boxes em 29º e saiu em último.


Ele vinha se recuperando e conseguiu passar tanto Ward como Kite até chegar a hora de levar a sua primeira volta e andar no tráfego intenso, nessa hora contatou-se o ritmo mais lento de corrida tanto de Roth quanto de Kite estava se intensificando, com ambos andando cerca de quinze a vinte milhas por hora mais lentos que os líderes e a direção de prova deu a bandeira preta para ambos. Os dois carros vieram aos pits e, quando tanto a Roth Racing quanto a Hemelgarn alegaram que não tinha muito mais o que fazer no carro para andarem mais rápidos, a direção de prova forçou o abandono dos dois carros. Roth foi creditado com o 31º lugar na corrida, pois se classificou a frente de Kite, que ficou em 32º.


O ano de 2005 foi muito importante para a Roth Racing pois, pela primeira vez, a equipe tinha mesmo uma cara de equipe (mesmo tendo se passado dois anos depois da sua fundação) onde ela obteve uma estrutura maior, parcerias e até mesmo patrocínios para suas tentativas das 500 milhas de Indianápolis. Em contrapartida, a vida da Roth Racing parecia estagnada na Indy Lights onde Marty Roth correu todas as provas da Indy Lights em 2005 e seus resultados não foram muito animadores, com um pódio (seu primeiro) em Chicagoland e apenas mais um top 5 conquistado em Indianápolis, o que não é propriamente bons resultados para um senhor de 47 anos correndo contra pessoas da metade de sua idade em um grid com doze carros em média, o fizeram terminar o campeonato na oitava posição que era, na verdade, a última entre os pilotos que correram todas as provas.


Cada vez mais Roth sentia que estava perdendo tempo e ânimo correndo na Indy Lights. Suas duas corridas nas 500 milhas de Indianápolis atraíam muito mais atenção e davam muito mais ânimo e vivacidade ao senhor Roth, até que ele sentiu que o dinheiro empregado em uma temporada completa da principal categoria de acesso à Fórmula Indy lhe renderia mais se ele o empregasse correndo algumas provas esporádicas na IRL. Isso, aliás, o faria economizar recursos tendo em vista que não seriam necessários equipamentos e chassis extras para correr na Lights, lhes bastavam o mínimo para seu único chassi Dallara para correr na IRL.

Roth Racing voltando a ser patrocinada por

Assim, em abril de 2006, ele venderia seu chassi da Lights para a Gruthrie Racing, e a Roth Racing se tornaria uma equipe 100% Indy. O projeto era correr as 500 milhas de Indianápolis e depois correr em ovais, que era sua especialidade, o máximo que os seus três chassis e motores permitissem; no caso desses chassis derem perda total muito rápido, Roth demoraria vários meses para juntar recursos e comprar mais equipamentos para a corrida, o que o faria perder muito tempo e recurso e prejudicariam seu ano.


Apesar do grande ânimo de Roth concentrar todo o seu orçamento para correr na Indy principal, seu principal alvo, as 500 milhas de Indianápolis, prometiam ser mais complicada esse ano. O acordo com a PDM Racing não se repetiu quando, no fim de fevereiro, a equipe conseguiu o orçamento suficiente para correr a prova com um patrocínio do brasileiro Thiago Medeiros e, com isso, voltaria a ser 34 carros competindo por 33 vagas.


O diferencial para o ano passado é que, dessa vez, eram 34 competidores sérios e as chances de Roth se classificar, mesmo sendo uma disputa quase mano a mano entre eles, a PDM e a Beck Motorsports de P J Jones, as chances eram menores para Roth: eles eram a equipe mais recente das três, tinha sido a única das três a não completar uma prova, tinham o menor orçamento e menos experiência. Basicamente a única vantagem da Roth Racing era o retrospecto, onde a equipe canadense sempre se classificou para as 500 milhas, enquanto as outras equipes não.


Devido as novas especificações da IRL para 2006, os carros vinham um pouco mais lentos e, durante os treinos livres e o fast friday na sexta-feira ele foi o mais lento, quase uma milha mais lento que P J Jones. Mas as esperanças aumentaram um pouco na quinta-feira, num dia de pista muito difícil e treino quase adiado pela chuva, tanto Luyendyk Jr. e Thiago Medeiros bateram sozinhos no treinamento. Para Luyendyk Jr não havia muito problema pois era só montar o carro reserva (ainda mais que sua equipe, a Luyendyk Racing, contava com o apoio técnico da Chip Ganassi) mas para Thiago Medeiros isso era um grande problema, pois a PDM Racing não tinha e não inscreveu carro reserva.


A PDM passou três dias inteiros remontando o chassi e, no final, mesmo com um carro com mais da metade dele sem pintura e outras partes com pinturas de outros carros que a PDM usou em 500 milhas de Indianápolis anteriores, o carro estava pronto na manhã de domingo. Tendo em vista o risco da PDM não classificar e a lentidão da Roth Racing, AJ Foyt aprontou um terceiro carro, o #48, e e já tinha um piloto para ele (o australiano Ryan Briscoe) e um patrocinador para tentar se classificar no Bump Day e para as 500 milhas. Os outros 32 carros já estavam qualificados, onde só a PDM e a Roth Racing não tinham feito tempo e o #48 ainda poderia correr.


E assim chegamos na última hora do bump day. Thiago Medeiros foi o primeiro a ir pra pista e tinha um mundo nas costas dele. Aquela seria sua primeira tentativa de qualificação na Fórmula Indy, e não poderia errar, ao seu lado ele tinha velocidade para conseguir entrar nos 33 e provou isso fazendo 215,9 mph durante os treinos da manhã (quase duas milhas mais rápido que Roth), mas tudo dependia dessa tentativa que ele iria dar onde, caso fosse mal, Roth faria uma tentativa em 213 mph tranquilo e AJ Foyt se animaria muito a tentar algo faltando menos de uma hora para o fim da qualificação.


Thiago Medeiros foi para a pista. Seguindo os conselhos que o diretor de competições da IRL, Brian Barnhart, deu pouco antes dele ir à pista, deu quatro voltas sólidas e fez sua média em 215,729 mph. Na teoria não foi o melhor dos resultados, pois ele ainda estava em último pouca coisa atrás de P J Jones, mas isso jogou um balde de água fria nos planos de AJ Foyt que estava com carro pronto e com Ryan Briscoe de macacão mas não tinha um bom acordo para correr; e, principalmente, jogou uma piscina de água gelada nos planos de Marty Roth.


Roth fazia o melhor que ele podia, mas esteve em último em todas as vezes que apareceu na pista. Na qualificação do sábado ele nem chegou a ir para a pista para não correr o risco de bater seu único chassi, pois ele já tinha rodado três vezes durante as duas semanas de treinos livres mas ainda não havia batido. No domingo de manhã ele conseguiu virar apenas 213,920 mph, quase duas milhas mais lento que Medeiros e tinha grandes dificuldades de melhorar. Durante o almoço, conseguiu a ajuda dos engenheiros da Vision e, com isso, melhorou para 215,946 mph em uma das voltas de treino livre meia hora antes do fim do bump day. Ele seguiu novamente para mais treinos livres na pista, sendo tutorado por Larry Curry, engenheiro da Vision e, enquanto a ABC fazia uma entrevista com Curry, Roth batia no muro da curva 2 e dava adeus as suas chances de classificação.

 

"It's too bad, it's to bad... anyway"

A batida adiou as atividades da Roth Racing para que Marty Roth pudesse amortecer o prejuízo de sua primeira não classificação. Mas a Roth Racing não ficou um ano parada, mas sim apenas dois meses, para correr as últimas três provas em ovais do ano: em Michigan, Kentucky e Chicagoland. Primeiramente tanto ele quanto a equipe foram para Michigan no final de junho, para participar de um treino coletivo no longo oval de duas milhas buscando criar maior consistência em sua pilotagem e também aclimatar os mecânicos a fazerem ajustes e, principalmente, paradas mais rápidas nos boxes. Após esse teste, criou um escritório focado na direção e no marketing da Roth Racing (sim, a equipe passou anos sem um escritório) e buscar patrocínio.


Um mês depois lá estava a Roth Racing para sua primeira corrida na Fórmula Indy fora de Indianápolis. Ele já havia corrido em Michigan na Indy Lights em 2003 e com os acertos obtidos durante o treino coletivo, estava mais confiante nos resultados. A equipe ainda não tinha patrocínio, mas abandonou o layout antigo com o branco e preto e com uma gigante maple leaf vermelha, símbolo do Canadá, e partindo para um carro totalmente preto. Durante os treinos livres e no treino de classificação nunca esteve no último lugar, e conseguiu o 17º posto no grid, a frente de Jeff Bucknum e de Marco Andretti.


Mas o grande problema da Roth Racing vinha junto com a bandeira verde da corrida. Nas 500 milhas de Indianápolis a corrida de sobrevivência é o mais comum para as equipes que se sacrificaram tanto para se classificar para a prova e conseguir o máximo de dinheiro possível, mas nas outras provas não existiam mais PDM e carros extras de equipes ruins para brigar e se manter um pouco mais rápido e a queda de desempenho da qualificação para a corrida é bem menor. Com isso, logo quando deu a largada Roth caiu para último, com duas voltas já estava fora do vácuo do pelotão principal e andando cerca de um segundo e meio do pelotão principal. Ele estava próximo de levar uma volta quando, na volta 43, acabou o combustível e teve pane seca. Nisso ele perdeu quatro voltas mas conseguiu voltar à pista depois de ser levado pelo reboque para seu pit e fazer seu primeiro abasteciemnto fora de Indianápolis. A prova continuou sem incidentes tanto para Roth quanto para todo o grid, com a prova ficando em bandeira verde desde a volta 55. Roth, nesse processo, acabou levando mais quatro voltas dos líderes e terminou em 18º e último, já que San Hornish abandonou.


Três semanas depois vinha um desafio ainda maior, a corrida no Kentucky. Apesar dele e da Roth Racing terem corrido lá no ano anterior de Indy Lights, a pista era praticamente nova para eles, com eles tendo quase nenhum ajuste prévio para a corrida. Além disso, Roth usou seu chassi reserva para essa prova, confiando mais nele do que no totalmente preto para essa prova em específico. Com isso, demorou algum tempo para Roth conseguir chegar mais próximo do ritmo do resto do grid mas apesar de largar da última posição, pelo menos seu tempo estava mais próximo, apenas três décimos atrás do penúltimo colocado Marco Andretti. A corrida foi muito parecida com a de Michigan: ele perdeu contato com o pelotão após duas voltas e levando a primeira volta do pelotão na volta 31. Como nessa prova houveram três bandeiras amarelas, Roth terminou "apenas" quatro voltas atrás dos líderes e uma volta atrás do penúltimo, Marco Andretti, sendo creditado com o penúltimo lugar devido ao abandono de Kosuke Matsuura.


As raras aparições de Marty Roth nas transmissões eram geralmente assim.
 

Um mês e meio depois a Roth Racing estava novamente na ativa, agora indo para a final do campeonato em Chicagoland. E com uma novidade: havia um patrocinador dessa vez, a Barabco Design Build era uma construtora de médio porte com atuação na região de Chicago, Detroit e Toronto, e como Roth também atua no ramo de construção, é bem razoável atraí-la para patrocinar a equipe.


E aqui vale um parêntese. Marty Roth tinha grandes desafios para conseguir patrocínio por vários motivos. Alguns óbvios como a equipe ser um projeto novo e não muito sólido e o fato de ele não ter uma equipe para fazer essas negociações de patrocínio, tendo que ele e sua mulher fazer esse papel, mas existia um fato que é bem estranho e foi apontado pelo próprio Roth: o Canadá não estava tão ligado assim em Indy em 2008. O Canadá tem grande história com a Champ Car, com um monte de pilotos e chegando a ter três corridas na temporada da antiga categoria mas, com a reunificação, apenas a pista de Edmonton permaneceu de tudo isso; e na IRL havia praticamente nada de Canadá, para se ter uma ideia, com exceção das 500 milhas de Indianápolis de 2005 e da prova de Edmonton em 2008, Marty Roth foi o único canadense no grid da categoria em todas as provas que largou de sua carreira.


Isso fazia a vida dele muito mais difícil para conseguir patrocínio, pois vários pilotos e equipes menores conseguem patrocínios de suas regiões mais facilmente pois sua rede de contatos estava lá e com esse mínimo conseguiam sobreviver, mas ninguém da região ou da rede de contatos de Roth queria investir na Indy porque a categoria era completamente estranha e pouco interessante para canadenses patrocinarem e fazerem divulgação de marca. Com isso a Roth Racing nasceu e morreu sem um patrocínio que durasse mais de três corridas.

 

Mas, tirando isso, não mudou muita coisa em Chicagoland. Em um padrão praticamente igual ao Kentucky, onde Marty e sua equipe já tinham corrido a corrida da Lights do ano passado na pista, mas ainda não tinha os macetes e ajustes para correr na Fórmula Indy principal e foi construindo tudo isso aos poucos durante o fim de semana, tendo de melhorar pouco a pouco seu carro branco, vermelho e preto. Na classificação, ficou em último, mas apenas um décimo e meio atrás do penúltimo, Bryan Herta. Na corrida estava levemente diferente onde, apesar de permanecer em último o tempo todo, ele demorou um pouco mais para perder contato para o penúltimo, Jeff Bucknum, e uma bandeira amarela logo no início da corrida ajudaram a adiar seu desempenho ruim.


No entanto, na parada dessa amarela, o carro apagou. No entanto, o aparelho que faz a religação do carro estava na garagem da equipe, atrás dos boxes. Um dos mecânicos buscou a ferramenta na garagem e trouxe até os boxes onde finalmente religaram. Todo o processo durou cerca de oito minutos, e Roth perdeu 19 voltas para o pelotão. Nessas situações a corrida já estava completamente perdida, mas Roth continuou correndo tanto para acumular milhagem e experiência para ele e para a equipe, além de, quem sabe, terminar a frente dos carros que por ventura batessem ou abandonassem. Nada disso aconteceu, ninguém abandonou, e Roth recolheu seu carro faltando nove voltas para o fim da prova, sendo creditado como último colocado em Chicago.


Roth levando voltas da Penske.

Nada disso abalou Roth para continuar seus planos na Indy em 2007. O foco maior continuava sendo as 500 milhas de Indianápolis, então a equipe faria os dois primeiros ovais americanos, a abertura do campeonato em Homstead e a quarta etapa no Kansas, como preparação para as 500 milhas de Indianápolis e, dali para o resto do ano, o futuro a deus pertencia. A estrutura permanecia praticamente a mesma e com Roth comprando mais três chassis Dallara e motores Honda.


Ainda não tendo patrocínio, ele pintou seus chassis de vermelho, colocou o número 25 neles e partiu para Homstead em fevereiro para fazer os testes de meio de temporada. Os testes não mostraram grandes mudanças da Roth em si mas conseguiu mostrar que a equipe melhorou um bocadinho, com Marty Roth conseguindo o penúltimo tempo entre os 19 carros do teste (ficou a frente de Darren Manning com a AJ Foyt) e conseguiu um tempo suficiente para ficar no mesmo segundo do líder do treino, Dan Wheldon. Para melhorar as coisas, ele conseguiu um dinheiro extra com o patrocínio da Fountain sites para as provas de Homstead e Kansas


Essa sensível melhora foi vista durante o fim de semana em Homstead. Roth conseguiu ficar constantemente a frente do carro da Beck Autosports de Alex Barron, sendo frequentemente o penúltimo colocado. No grid também foi o penúltimo, apenas cinco milhas mais lento que o pole Dan Wheldon e quase duas milhas mais rápido que Barron, mas ganhou duas posições dos carros da Rahal Letterman que tiveram infrações pós classificação. No entanto, o ritmo de corrida praticamente não mudou e ao fim da primeira volta ele já estava novamente na última posição. Até mesmo Alex Barron o passou e vinha abrindo distância do carro vermelho de Roth até a volta 7, quando o motor de Barron apagou.


Na relargada, Roth continuou andando sozinho no final do pelotão até levar a primeira volta na volta 38, cerca de 21 voltas depois da relargada. Esteve o tempo todo mais atrás e foi prejudicado pela bandeira amarela na volta 66 por causa da chuva, fazendo com que, na volta 80, ele ficasse a quatro voltas atrás do líder e uma volta atrás do oponente logo a frente dele, Scott Sharp. Durante a corrida, seu carro perdeu ainda mais rendimento, onde ele andava a menos de 200 mph de média enquanto os líderes andavam acima de 210 mph. Com isso, e com os líderes se aproximando para dar a quinta volta em Roth, a direção de prova o chamou novamente para os boxes e o forçou a abandonar, sendo creditado a ele o 15º lugar, sua melhor posição na história da Indy até então.

 

Roth tentando fazer alguma coisa no Kansas quando a direção de prova chamou ele para melhorar o carro dele nos boxes.

No Kansas não foi nada muito diferente. Roth largou de antepenúltimo, a frente apenas de Barron e Milka Duno, que estreava na categoria. Na corrida, ele perdeu para Barron mas conseguiu se manter a frente de Duno por um bocado de tempo, mesmo fazendo voltas cerca de quinze a vinte milhas por hora mais lento que os líderes. Na volta 13, ambos levaram suas primeiras voltas dos líderes (lembrando que era um traçado de uma milha e meia). Na volta 19, veio o chamado da direção de prova não só para ele, mas para Duno, Barron, Buddy Rice e Marco Andretti, que estavam especialmente lentos. Todos fizeram paradas nos boxes e os carros mostraram melhoras sensíveis de todos os outros, exceto Roth, que começou a andar ainda mais lento e foi chamado novamente a ir para os boxes, onde alegou que não poderia fazer muito mais e foi novamente forçado a abandonar.


Parecia muito que a Roth Racing estava andando pra trás com todas essas aventuras, mas isso não era verdade e se comprovou durante o mês das 500 milhas de Indianápolis. Apesar da lista de inscrição ter 37 pilotos em 2007, o que antigamente abalaria a Roth Racing pelo grande medo da não qualificação pra prova, foi abandonado logo no primeiro dia de treino livre. Roth foi para a pista em todas as oportunidades dos treinos livres e, em todas as situações, se maninha a frente de carros chave como o PDM Jimmy Kite, da Playa del Racing de Phil Giebler, da Helemlgarn de Richie Hearn, da SAMAX de Milka Duno e da Chastain de Stephan Gregoire. Isso se somando a dois carros que passaram toda a semana sem andar, o deixavam bem tranquilo até mesmo para não participar do bump day.


Nos primeiro de qualificação, que fechava o grid até a 11ª posição, Roth nem se arriscou, pois sabia que ele não conseguiria competir com esses carros que eram de três a quatro milhas mais rápidos. Mas no segundo dia, que fecharia o grid até a sétima fila, ele fez sua tentativa e virou 219,889 mph. Não era nada ruim e sua tentativa o deixava em último no treino, sendo logo bumpeado por A J Foyt IV para fora da sétima fila do grid, mas foi o suficiente para saber que ele conseguiria facilmente fazer uma volta em 219 alto, que o deixaria muito confortável nas próximas qualificações.


Na semana seguinte vinha o terceiro dia de qualificações, no sábado, que asseguraria até a décima fila e determinaria a ordem do bump day que seria realizado no domingo. Durante a semana que se passou ele conseguiu um patrocínio para as 500 milhas da Skjodt-Barrett Foods. Isso era evidente que ele estava num patamar um pouquinho melhor, pois os carros que ainda não tinham patrocínio mas tinham as melhores chances de se classificar atraíam esses patrocínios de última hora. No terceiro dia de qualificações, ele fez uma tentativa em 218,992 mph, cerca de uma milha mais lento que o previsto e acabou sendo ultrapassado por vários que ele não previa, como Duno e Herb. Mas, ele tinha um tempo suficiente para ficar a frente de Jimmy Kite e Roberto Moreno, que tinha acabado de subir no carro da Chastain Motorsports. Além disso, Phil Giebler, outro de seus rivais que tinha melhorado e era um grande risco para Roth, bateu em sua tentativa, e acabou sendo o suficiente para o garantir na 30ª posição, sem mesmo precisar de bump day o que não acontecia desde 2005.


Posição não era tão importante assim estando mais atrás no grid, o importante é estar dentro da prova. Marty Roth mostrou isso quando passou rapidamente Herb e Duno logo no início da prova e passou grande parte do tempo brigando com eles, Unser Jr, Giebler e Jacques Lazier. Na corrida de sobrevivência ele conseguiu permaneceu vivo e apenas uma volta atrás dos líderes até a primeira metade da prova, quando começou a chover e a prova foi interrompida. Na relargada ele estava consolidado no 22º lugar da corrida, a frente de Buddy Lazier, Richie Hearn, Al Unser Jr., Roger Yasukawa e Sarah Fisher. No entanto, enquanto vinha próximo de Sarah Fisher ele acabou subindo muito na curva um e batendo na saída dessa curva, lhe sendo creditado o 28º lugar completando 148 voltas.


Apesar de não parecer, foi a melhor Indy 500 da carreira de Marty Roth. Ele não teve que disputar o bump day, largou de fora da última fila, estava numa razoável posição até bater no final da prova, tendo em vista que ela foi interrompida apenas vinte voltas depois. Era sensível sua melhora apesar de não parecer durante a temporada, pois a maioria dos carros e equipes na qual ele brigava não andavam muito no resto da temporada, apenas nas 500 milhas.


Tudo se encaminhava para a Roth Racing ser apenas uma equipe esporádica no grid, onde teríamos em Indianápolis e vez ou outra a equipe sendo folclórica e andando no fim do grid ou sofrendo para se classificar em Indianápolis. Se fosse esse o caso, muito provavelmente a Roth Racing não seria tão apontada como pior equipe da Indy. Mas aí surgiu o TEAM.


Da metade da temporada de 2007 até o início de 2008 a Indy passou por um grande processo que mudou bastante as coisas, chamado reunificação. Depois de mais de uma década separados e várias tentativas, finalmente a Champ Car e a IRL se juntariam numa categoria só. Para facilitar muito as negociações, Tony George despejou rios de dinheiro na categoria na forma de subsídios a equipamentos, premiações maiores e também na criação do TEAM (Team Enhancement and Allocation Matrix) que visava pagar 1,2 milhão de dólares para cada carro que se comprometesse a fazer a temporada completa.


Com isso, ele queria atrair as equipes que estavam na Champ Car, que sempre passavam por grandes dificuldades econômicas na categoria e muitas delas eram contra a reunificação unicamente por não ter condições financeiras de fazer a transição para a IRL. O projeto do TEAM deu certo atraindo cinco equipes e meia a fazer a transição de Champ Car para a IRL.


E teve como brinde a Roth Racing.


O TEAM foi oficialmente anunciado em outubro de 2007, mas a maioria dos donos de times tanto da Champ Car quanto da IRL sabiam dos inve$timento$ fortes para a reunificação desde logo após as 500 milhas de Indianápolis. Vendo a grande oportunidade de expandir sua equipe com o dinheiro do TEAM, Marty Roth anunciaria em meados de agosto que ele não só faria sua primeira temporada completa na Indy (aos 49 anos de idade) como alinharia dois carros no grid da Indy no ano que vem.


Roth entrou de cabeça nesse novo projeto. Ele planejava, inicialmente, fazer mais três ou quatro corridas em ovais após a batida nas 500 milhas de 2007, mas logo que ouviu os rumores ele jogou esses planos para escanteio para focar em montar um time maior para os dois carros em 2008. Ele comprou a garagem e estrutura da Sam Schmidt Motorsports com direito a ter todos os equipamentos de Sam Schmidt (sim, Sam Schmidt faliu sua equipe uma vez antes de ser o que é hoje) se mudando definitivamente para Indianápolis, começando a trabalhar já durante a temporada de 2007.


Ele começou a procurar não só patrocínio, mas também um bom piloto. Esteve em negociações com vários da Indy Pro Series (a Indy Lights da época) e esteve a ponto de acertar com o inglês Alex Lloyd, que era matematicamente campeão da principal categoria de acesso à Fórmula Indy e não tinha dinheiro algum de patrocínio, tendo que, em último caso, recorrer a Roth Racing. As coisas estavam acertadas para ele estrear pela equipe em um treino semi-fechado no dia 22 de agosto em Chicagoland, palco da final da temporada 2007, mas uma semana antes do teste Lloyd acertou para ser "piloto reserva" e fazer testes com a Chip Ganassi.


P J Chesson sendo o primeiro piloto da Roth Racing fora Marty Roth.

Marty correu e contatou uma pessoa que ele sabia que tinha condições e não recusaria a oportunidade de guiar um carro da Indy, uma pessoa tem uma rede de contatos e amizades de dar inveja: P J Chesson. Chesson fez algumas corridas nos ovais de terra americanos, correu na Indy Lights entre 2004 e 2005, e também correu quatro provas na Indy principal pela Hemelgarn, mas foi demitido após bater em seu companheiro de equipe logo na largada das 500 milhas de Indianápolis daquele ano. Além disso, Chesson era grande amigo da família Andretti, e muito conhecido em várias áreas, chegando até mesmo a atrair alguns desses amigos, como Carmelo Anthony e Gene Simons, a investir em seus carros da IRL.


Faltando apenas quatro dias para o primeiro teste da Roth Racing com dois carros, Roth ligou para Chesson falando que tinha uma vaga em sua equipe, e Chesson disse apenas "Hell yes", segundo Roth. No dia, Chesson apareceu com o apoio financeiro da marca de roupas Dussault Apparel (onde Jason Dussault era um parceiro de negócios de Gene Simons, que era amigo de Chesson) e também com apoio menor da NASDAQ, patrocínios estes que foram estendidos ao carro de Marty também.


No teste ocorreu tudo bem e os carros não tiveram nenhum problema, então ambos decidiram estender a estadia em Chicago até o dia 9 de setembro, quando seria a corrida da Fórmula Indy lá. Essa era a primeira corrida da Roth Racing com dois carros mas, no campo das corridas e dos desempenhos, nada mudou, e ambos estavam seis milhas mais lento que os líderes e uma milha e meia por hora mais lento que o carro mais a frente, Buddy Rice. Chesson não tinha muito mais experiência que Roth no trato das corridas mas ainda largou em 20º logo a frente de seu novo chefe, que largaria em 21º, e ambos a frente apenas de Milka Duno.


Na corrida, Chesson chegou a incomodar Rice enquanto Roth se limitava a ficar a frente de Duno. No entanto, na volta 40, Chesson começou a ter problemas em seu carro #73, ficando várias voltas nos boxes e se limitando no resto da corrida a ganhar quilometragem indo e voltando dos pits, conseguindo andar 94 voltas no total e sendo creditado no 19º lugar. Roth se limitava a ficar a frente de Duno sendo que a venezuelana começou a ter problemas no assoalho do carro, tendo de fazer várias paradas extras nos boxes e perdendo muito mais voltas, e com isso Roth se deu ao luxo até de ter pane seca e perder voltas por causa de estratégia, terminando a corrida em 14º, dez voltas atrás do líder e seis voltas a frente de Duno.

 

Não foi lá um dos melhores começos de equipe, mas em 2008 tudo isso iria mudar… quer dizer.. mais ou menos. Vejam o auge e a derrocada até o fim da Roth Racing em um intervale de seis meses no último texto da série, da temporada 2008.

 

 

Série Roth Racing, a "pior equipe" da Indy:

Parte 1/3

Parte 2/3

Parte 3/3

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