O americano fará sua estreia na principal categoria de acesso à fórmula Indy no segundo carro da equipe inglesa.

 

Foi anunciado ontem (10 de fevereiro) o segundo piloto da Carlin para a temporada 2021 da Indy Lights, e ele é o americano Christian Bogle.


Inicialmente estranhei muito o anúncio de Bogle como piloto da Carlin na Lights. Fui até conferir se era o mesmo Bogle que eu já conhecia, e era ele mesmo. O jovem de 19 anos corre no automobilismo de monopostos desde 2018, quando entrou na F-4 USA.

No ano seguinte estreou no Road to Indy correndo na USF2000, onde correu as duas últimas temporadas da categoria. No primeiro ano, correndo pela Jay Howard Driver Development, acabou o campeonato com apenas um Top 10 na segunda corrida de Toronto e ficou em 17º (e último) entre todos os que fizeram todas as rodadas do campeonato, ficando atrás até mesmo de alguns que não fizeram o campeonato todo, como Zach Holden, Cameron Shields e Matt Round-Garrido.

Em seu segundo ano, apesar de continuar na USF2000, o americano continuou na Jay Howard Driver Development, a mesma equipe do campeão Christian Rasmussen, com promessas de correr tanto a USF2000 quanto a F-4 USA para ganhar experiência. A melhora foi nítida, pois Bogle terminou o campeonato da USF2000 no 15º e penúltimo lugar do campeonato entre aqueles que fizeram a temporada completa.

Eu não sou muito a favor dos pilotos pularem etapas, principalmente pulando dessa forma da USF2000 direto pra Lights, pois se perde muito em desenvolvimento no processo e o piloto acaba tendo de ficar um bom tempo na Lights para vingar.

Existem alguns casos onde isso é viável e legítimo, quando o piloto tem resultados razoáveis na USF2000, não tem muitos contatos na Indy Pro 2000/Pro Mazda mas consegue via patrocínio pessoal algumas vagas em equipes menores da Lights, como foi o caso de RC Enerson (que inesperadamente foi campeão da USF2000 em 2014 e optou por subir para a Lights no ano seguinte) e até mesmo de Lucas Kohl subindo da USF2000 em 2018 para a finada Belardi Auto Racing na Lights em 2019.

Posição normal de Christian Bogle no grid.

Mas o caso de Bogle é bem diferente pois, mesmo com um número razoável de corridas no portfólio, nunca teve um resultado razoável sequer no Road to Indy ou em outras categorias para subir até a Indy Lights. Ele está claramente forçando a subida via dinheiro para a Carlin que, mesmo sendo uma equipe estruturada na Europa, não possui tanto auxílio financeiro para fazer a temporada desse ano apenas com os patrocínios pessoais do australiano Alex Peroni, o primeiro piloto da Carlin esse ano.

Esse caso é parecido com o de Dalton Kellett, onde o canadense, mesmo praticamente sem resultados bons, conseguiu ir subindo degrau por degrau no Road to Indy até entrar esse ano em temporada completa pela AJ Foyt Racing. No entanto, Kellett não forçou tanto a sua subida, pelo menos ele correu em todas as categorias e pilotou quatro temporadas na Lights, até conseguir alguns pódios na categoria que validavam que ele tinha pelo menos um mínimo de resultado para subir até a Indy via caminhão de dinheiro da família.

O que Bogle faz é muito arriscado principalmente para a carreira do piloto que, no caso de não conseguir resultados em uma ou até duas temporadas na categoria, pode emular que Bogle não possui talento e ser rotulado por isso. Ou até mesmo frustrar o piloto de forma que ele não corra mais no Road to Indy, principalmente porque correr na Indy Lights várias temporadas demanda uma grande quantia em dinheiro.

Enfim, o que espero de Bogle é que, pelo menos nessa temporada, ele esteja constantemente brigando com Nikita Lastochkin no fundo do grid. Se forem resultados melhores que isso, vou ficar gratamente surpreso e feliz por ele ter queimado minha língua.

A temporada 2021 da Indy Lighs começa dia 17 de abril, em Barber. Veja também o nosso texto resumão onde falamos de todos os outros onze pilotos já confirmados para correr na Indy Lights esse ano.

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