A Indy (na verdade a INDYCAR) tem seu primeiro presidente, e ele é Jay Frye. Isso parece bem relevante e importante mas não é tanto, mais ou menos... quer dizer... é importante e relevante, mas não é. Eu explico melhor.
Jay Frye agora é o comandante de facto da Indy, mesmo estando na presidência, o terceiro cargo mais importante da Indy.
Foi anunciado na segunda-feira passada (17 de dezembro, desculpa, estamos em ritmo de festas de fim de ano) que a INDYCAR, empresa que sanciona, organiza, produz, chupa cana e assovia na fórmula Indy, terá presidente a partir de 1º de janeiro de 2019, entrando o atual presidente de competição e operações, Jay Frye.

Essa notícia repercutiu bastante, na verdade não ela toda, mas só esse trecho acima. Na verdade o que ocorreu foi mais uma mudança dentro da própria INDYCAR.

Jay Frye, apesar de ser presidente, ainda terá de se reportar para Mark Miles. Miles continua sendo o CEO da INDYCAR (bem como de todas as outras empresas dentro da Hulman & Co, que me referirei a elas como apenas "Hulman" daqui pra frente).

O que acontece é o seguinte: A família Hulman, por meio da empresa Hulman & Co, é dona da INDYCAR. Ou seja, em teoria, o dono supremo de tudo o que envolve a fórmula Indy é o presidente da Hulman & Co, que é Tony George desde 2017.
Mark Miles continua CEO da Indy e segundo na hierarquia, mas agora pode se desvincular ainda mais da Indy.
Isso em teoria, porque a família Hulman, com toda a treta de cisão e para evitar inimizades num lugar com vários interesses diferentes como o padoque da fórmula Indy, não exerce o comando diretamente. Ela criou, a partir da IRL, uma empresa chamada INDYCAR, que teria comando independente, fazendo com que Tony George não tenha voz ativa dentro da Indy.

No entanto, apesar de ser uma empresa separada, a pessoa que era CEO da Hulman no momento também é designada como CEO da INDYCAR, bem como é designada para todas as outras empresas dentro da Hulman. E assim foi no fim de 2012, quando Mark Miles assumiu a direção da Hulman e, por consequência, da INDYCAR.

A gestão de Miles, no entanto, foi um bocado diferente da gestão dos outros CEO da Hulman pois, apesar de ele ter um grande brackground organizando eventos de esportes, como o Superbowl XLVI e os jogos panamericanos de Indianápolis 1987, Miles tende a não cuidar tão diretamente assim dos quesitos mais técnicos da fórmula Indy, desde o começo de sua gestão, Miles criou uma rede de cargos setoriais e dando grande autonomia a eles, assim ele não precisava se envolver tanto assim no mundo da Indy. No entanto, seu principal imediato, Derrick Walker, acabou saindo no fim de 2015 e, em seu lugar, veio Jay Frye.

Com o passar do tempo, Frye foi fazendo um bom trabalho e foi entrando cada vez mais de cabeça no mundo da Indy. com sua gestão mais direta, ele foi conquistando espaço e, com isso, Miles não precisava mais de tantos diretores de setores e os três que ainda estavam em seus cargos, Brian Barnhart, Will Phillips e Vince Kremer, saíram no ano passado. Frye estava com mais responsabilidades e ainda mais livre para tomar decisões, enquanto Miles se afastava ainda mais da direção direta da categoria, no meio do ano já quase não se via Mark Miles nas entrevistas coletivas, e os veículos especializados em Indy cada vez mais buscava entrevistas e declarações de Jay Frye ao invés das de Mark Miles.
Tony George: dono e primeiro na escala de hierarquia da Indy, mas não manda nela.
Com isso, a colocação de Jay Frye como presidente da INDYCAR, estando abaixo apenas de Mark Miles e Tony George quando o quesito é Indy, não passou de mera formalidade, pois ele já estava nessa mesma posição como presidente de competição e operações (o terceiro cargo no escalão da Indy, abaixo apenas de Mark Miles (CEO) e Tony George (Dono)).

Apesar de mudar nada nas funções e na hierarquia, a mudança tem sua importância. Primeiramente porque reconhece a importância de Frye para a Indy atual e oficializa ele como o comandante mais direto da Indy. O segundo ponto é que Mark Miles, que já não pretendia ter um comando mais direto na Indy, fica livre para fazer suas coisas, exercendo um comando mais indireto na categoria. Miles continua CEO da Indy mais por quesitos de tradição e administração do que por comando em si.

É bem estranho que a pessoa que comanda realmente uma categoria esteja apenas no terceiro ponto mais alto da escala hierárquica, já que o dono da categoria, Tony George,e o CEO da categoria, Mark Miles, tendem a exercer comando apenas indireto. É estranho, mas funciona. Bem vindo à Indy.

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