A equipe de Roger Penske reduziu sua estrutura de quatro para três carros, representando uma nova fase da principal equipe da Indy. O que esperar dessa nova etapa?


A equipe Penske vem fazendo uma série de mudanças em sua estrutura e atuação, onde, para a Indy, resultou na diminuição do número de carros de quatro para três. No dia 26 de outubro foi anunciado que o carro #22, que era pilotado por Simon Pagenaud, não será ocupado por outros pilotos e estará fora da temporada 2022 da Fórmula Indy.


Com isso, a Penske correrá com apenas três carros na temporada que vem: o #2 de Newgarden, o #3 de McLaughlin e o #12 de Power. Além disso, não serão alinhados carros extras inclusive para as 500 milhas de Indianápolis do ano que vem. 


A Penske já teve três carros várias vezes num passado recente. Ela normalmente alinhava dois carros até a temporada de 2009, enquanto Hélio Castroneves teve problemas com a justiça no início do campeonato e foi substituído por Will Power. O Australiano foi tão bem durante algumas provas que disputou na temporada que foi efetivado em 2010, aumentando o número de carros de dois para três. 


Eles continuaram com três carros até 2012, quando o contrato com Ryan Briscoe foi terminado e a equipe apostou em uma volta de AJ Allmendinger no ano seguinte, que acabou não dando muito certo. Em 2014, a Penske apostou na volta de outro piloto, Juan Pablo Montoya, o que deu muito certo com os três pilotos ficando entre os quatro primeiros no campeonato. A Penske acabou aumentando ainda mais a sua estrutura e alinhou quatro carros contratando Simon Pagenaud para a temporada 2015, correndo com quatro carros até 2017.


Na temporada de 2018, com Montoya e Helinho não competindo mais a temporada completa e com a entrada de Josef Newgarden, a equipe voltou a ter três carros até a temporada passada onde, com a entrada de McLaughlin para a temporada desse ano, ela voltou a ter quatro carros.

Coma entrada de Mclaughlin, a Penske chegou a ter quatro carros, mas voltará a ter três no ano que vem.

Mas existe uma pequena, porém importante, diferença entre os três carros dessa temporada e os três carros de todas as outras temporadas anteriores: todas essas mudanças que a equipe vinha fazendo tinham como base renovações e transições que a equipe tinha com seu plantel de pilotos. Power se mostrou um ótimo piloto então abriu seu espaço na Penske para substituir Briscoe; Montoya quis fazer um bom projeto então a Penske abriu um espaço para o colombiano; depois ele e o Helinho saíram da equipe para o Newgarden entrar e então a equipe ficou semi-fixa com três carros até a entrada de McLaughlin. Sempre se fazia o ciclo de um piloto ou não ter bons resultados ou não ter tanto ânimo assim de continuar e ser substituído por um ou outro grande nome e a equipe ocasionalmente tinha três carros.


No caso da saída de Pagenaud, a coisa foi um pouco diferente. O francês vinha consideravelmente bem, conseguiu um vice-campeonato em 2019 e sempre vinha consideravelmente próximo a seus companheiros de equipe. Nesse ano, ele terminou o ano em oitavo no campeonato, a frente de Power (que foi nono) e do estreante McLaughlin (que foi 14º). ele conseguia boas vitórias e, apesar de em algumas temporadas passar em branco nas vitórias (como aconteceu em 2018 e esse ano), é um piloto com grande regularidade e muitas vezes era o piloto que garantia um bom resultado naquela etapa onde todos os outros foram mal, como nas 500 milhas de Indianápolis desse ano, onde ele chegou em terceiro enquanto nenhum dos outros três pilotos terminou no Top 10.


Ele também mostra que ainda tem muita gana de correr na Indy e que tem muita lenha para queimar. Ele ter saído da Penske e entrado na Meyer Shank, uma equipe recente que tem muito a mostrar, é uma grande evidência disso.


Então, a saída de Pagenaud não tem nada a ver com o francês em si, mas sim com uma mudança estrutural da própria Penske. A equipe optou, excepcionalmente, em ter apenas três carros esse ano e acabou sobrando para o francês em detrimento de Power, McLaughlin e Newgarden.


O movimento de diminuição de quatro para três carros e que "tirou" a vaga do Pagenaud tem a ver principalmente com o WEC e o IMSA. A Penske entrará no mundial de Endurance em 2023 em parceria com a Porsche na categoria dos Hiper Carros. Os endurances não são necessariamente uma novidade para a equipe de Roger Penske, que correu na ALMS (inclusive em parceria com a Porsche) e recentemente no IMSA com parcerica com a ACURA, participando das 24 horas de Daytona e das 12 horas de Sebring várias vezes desde os anos 70, mas esse projeto é algo realmente grande, tendo uma montadora fortíssima como base para a montagem de um carro completamente novo dentro do regulamento para os endurances de 2023. 


O projeto foi acertado ainda em maio, antes mesmo das 500 milhas de Indianápolis e a Penske, como de costume, entrou de cabeça para dar seu máximo e ganhar. Roger Penske, para não voltar diretamente em 2023 com o hipercarro, fará alguma provas do WEC no ano que vem na categoria LMP2 como um treinamento para a temporada seguinte com o Hiper Carro, daí que veio aquele teste misterioso de um carro LMP2 no meio da noite no Indianápolis Motor Speedway.

Penske testando "às escondidas" para o WEC.

Como podemos ver, o projeto é sério, grande, e que demanda uma grande parte da estrutura da Penske, mais ainda do que o projeto da ACURA. Em conjunto a esse novo projeto, a equipe optou por diminuir sua estrutura na Indy, a fim de não comprometer sua estrutura vencedora da NASCAR.


A diminuição da estrutura da Indy pode não parecer, mas é um passo mais lógico. Na NASCAR, a equipe corre com três carros na Cup Series e um carros na Xfinity, ou seja, diminuir a estrutura da NASCAR, seja da Xfinity ou da Cup Series, resultaria na perda de mais de 30% dos carros da equipe na Cup. A Penske corria com quatro carros na Indy e, assim, diminuir de quatro para três carros é mais conveniente e lógico do que diminuir de dois para um carro nas outras categorias. Assim sendo, não é que a equipe não esteja priorizando a Indy em detrimento da NASCAR ou do WEC, é apenas um remanejamento e a Indy acabou sofrendo por lógica, assim como Pagenaud acabou saindo por ser o mais lógico para a equipe no momento.


Mas fica a pergunta: a diminuição de quatro para três carros terá muito efeito nos resultados da equipe na Indy?


Muitas equipes melhoram quando diminuem a quantidade de carros, e o exemplo mais claro disso é o da Ganassi, que não andou muito bem quando expandiu suas operações para quatro carros, onde só o Dixon se dava bem entre 2012 e 2017. Quado a equipe de Chip Ganassi reduziu a operação para dois carros em 2018-19, passou a ter resultados melhores. 


Ainda assim, há também muitas equipes tem como base de sucesso ter um monte de carros, como é o caso da Andretti Autosport. A equipe de Michael Andretti utiliza ao máximo seus carros para acertos e ajustes (que são preciosíssimos para uma categoria spec como a Indy) e usa e abusa das variações de estratégias, fazendo com que a equipe vá bem com pelo menos um ou dois carros ao longo dos anos. 


No entanto, o mais provável é nada disso acontecer, e a Penske continuar com o desempenho atual. Isso porque nessa diminuição não resultará em mais pessoas trabalhando ou em uma maior estrutura para cada carro (tendo em vista que quem trabalhava no #22, em teoria, trabalhará agora no carro LMDh) nem fará com que a saída de Pagenaud seja tão impactante assim. 


O francês era bem regular e sua regularidade era o que o ressaltava dentro da Penske, mas agora com Josef Newgarden cumprindo bem esse papel da regularidade enquanto Power continua irregular mas conseguindo vitórias ocasionais e McLaughlin fazendo seu papel de desenvolvimento dentro da Indy, Pagenaud meio que sobrava um pouco por não ter um grande diferencial em comparação com seus companheiros de equipe, o que o fez ser o escolhido para sair da Penske. Assim, apesar dessa mudança de quatro para três carros, é esperado que a Penske continue sendo a Penske.


E essa transição para três carros deve durar? Talvez, depende muito da oferta de pilotos. Segundo rumores, a Penske vem de olho a algum tempo em Alexander Rossi e em Colton Herta, de modo que uma hora Roger pode se cansar da inconstância de Power ou McLaughlin pode não se desenvolver bem na Indy. O esperado é a equipe ter três carros, mas a Penske nunca se prende muito a esses limites para contratar um piloto que ela crê que trará títulos ou em deixar um piloto que não dará mais frutos grandes que uma equipe como a Penske exige.


Três carros parece ser o novo normal da Penske, e isso, muito provavelmente, não afetará tanto seu desempenho em pista. No final das contas, a Penske deverá continuar sendo a Penske.

2 comentários:

  1. Só corrigindo, a Penske possuí 03 carros na Cup Series: #02, #12 e o #22, e ainda fornece suporte para o #21. Já na Xfinity tem apenas um, o #22.

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