Nessa época sem corridas o jeito é fazer outro tipo de postagem, nessa abordamos um aspecto da história da Indy: as temporadas full season. Quem mais fez elas? É a volta do Top X e do Indy Center Responde!
É meio bizarro pensar que o tetracampeão de Indy 500 Rick Mears, não está nessa lista.
Pois é, um semestre todo sem corrida e talz, a gente se vira como pode. Por essas andanças nos grupos de facebook sobre automobilismo deparo-me com um dos poucos posts que não são superficiais e me parecia ser uma dúvida sincera: qual o piloto na história da Indycar fez mais temporadas full season (aqueles que competiram a temporada toda)?


MAS ANTES, UM SPIN-OFF PRA EXPLICAR O QUE CHAMEI DE 'FULL SEASON': SE NÃO QUISER VER, PULE OS PRÓXIMOS CINCO PARÁGRAFOS.


O que é uma temporada completa, uma full season?  A FIA determina como critério a porcentagem de 90% para se considerar algo completo (completar uma corrida significa correr 90% dela ou mais, uma temporada completa é 90% ou mais da provas, etc.), mas o automobilismo americano como um todo não liga muito pra esse conceito, pois o que importa no fim das contas é os pontos e as vitórias.

O pessoal nessa época sonhava em chegar vivo em casa, não em corre todo o campeonato.
A Indycar até o fim dos anos 80 levava isso a ferro e fogo. Nas chancelas da AAA, disputar todas as provas era complicado pois a logística era complicada até os anos 50. Muitas provas ficavam em fins de semana seguidos (isso quando não ficavam NO MESMO fim de semana) e para locomover um carro e toda uma estrutura de equipe e mecânicos pelos Estados Unidos afora não era fácil. Como exemplo vemos Ralph de Palma e Tommy Hinnershtiz, que das mais de vinte temporadas da AAA disputadas, completaram apenas cinco e UMA temporada, respectivamente.

Isso ficou mais fácil nos anos 60, mas na época da USAC os pilotos continuaram não correndo a temporada toda. Em anos normais, dos mais de quarenta o cinquenta pilotos que entravam nas competições, se conseguia contar nos dedos das mãos o número de pilotos que não falhavam um evento, isso devido a uma série de fatores.

Primeiro, os carros eram quase artesanais e muito poucos para se completar uma temporada, e em um campeonato com pontuações diferentes para cada prova faz com que as de 500 milhas (eram três por ano e valiam mil pontos para o primeiro colocado) fossem mais frequentadas do que as outras provas do ano. Rodger Ward, o principal rival de AJ Foyt segundo o próprio AJ, raramente largava todas as provas do campeonato, justamente por não ter equipamento para toda a temporada e priorizar as provas que valiam mais pontos e dinheiro. Essa pontuação também fazia com que o vencedor do campeonato fosse decidido três ou mais provas antes do fim do campeonato, e isso fazia com que o interesse dos postulantes ao título diminuísse pelas provas no fim do campeonato. Se não me engano, em 1975 AJ Foyt ganhou o campeonato logo após as 500 milhas de Pocono, cinco provas e quatro meses antes do fim do campeonato daquele ano.

Mas a CART veio nos anos 80 e sua pontuação igual para todas as  provas fez tudo isso mudar. Quem quisesse ter pretensões no campeonato precisaria disputar todas as provas, e nisso fazer a temporada full season se tornou prática comum entre as equipes relevantes da CART. Seguiremos esse modelo e, para EU definir que um piloto fez ou não full season em determinada temporada ele deve ter largado/ tentado largar em todas as provas, podendo ter pulado apenas UMA PROVA. 

Vamos à lista, finalmente (obs: alguns apenas citei, para esse artigo não ficar muito mais longo do que já é):

13 temporadas: AJ Foyt (1958-65, 67, 75 78-79 e 88)  e Paul Tracy (1993-95 e 97-2006)

AJ: Piloto, empresário, mecânico, engenheiro...
Vou relevar completamente a existência de Paul Tracy nesse momento para reafirmar isso: AJ Foyt fez só treze temporadas completas. Super Tex adora correr e talz mas se coloque no papel dele por um momento: imagine que você conquistou o quinto título numa categoria num intervalo de oito anos, você passou quase dois anos ganhando todas as provas que seu carro não quebrou e o seu principal rival (Rodger Ward) anuncia que está em seus últimos anos de carreira e não disputará mais o título. Você chegou praticamente no auge, faltando apenas ganhar mais duas Indy 500 para subir a categoria de deus.

Você, automaticamente, corre só por esporte, sem toda essa pataquada de campeonato e contar pontos como mulher contando caloria em regime, você estaria cagando e andando para o campeonato. Esse era AJ Foyt em 1968.

Com sua garageira progredindo e logo após ganhar o campeonato e a Indy 500 do ano passado, AJ Foyt se dava ao luxo de pular algumas provas das quais simplesmente não quisesse participar ou quando queria se focar mais na administração de sua garagem montadora de chassis e retífica de motores para corrida. Essas coisas que deuses que não morreram costumam fazer, pessoas que são tão mitos que nas 500 milhas de Ontário ele já estava automaticamente no grid e nem precisava fazer classificação (as 500 milhas de Ontário tinha um sistema onde tinham duas corridas classificatórias, e apenas os melhores nelas E AJ FOYT corriam a corrida principal). 

Apenas os rumores de que ele já estava meio aposentado o fizeram voltar pras pistas, em 1974. Super Tex voltou no repaginado campeonato da USAC só em ovais de asfalto, foi campeão mais duas vezes (uma delas, em 79, ganhando seis das sete provas do campeonato e se sagrando campeão faltando, literalmente, metade do campeonato) e a sua quarta Indy 500 em 1977.

Toda a politicagem da USAC e CART fizeram o AJ, que não é muito ligado as politicagens (principalmente quando o lado que ele apóia perde) desanimar das corridas e participava apenas esportadicamente, só de ovais e afins. correu de 88 a 91 como uma despedida (extremamente longa) e a aposentadoria veio definitivamente em 1993, depois de 37 anos de corrida seguidos.
A dupla mais famosa da Ganassi tá aí também.

14 temporadas: Dario Franchitti (1998-2002, 2004-2007 e 2009-13).

15 temporadas: Scott Dixon (2001 a 2015).

O Neozelandês/australiano sempre fez full season desde que entrou nesse negócio de correr nos Estados Unidos e já conquistou quatro títulos. Isso só faz tudo o que ele conquistou se tornar mais incrível, e também ratifica que ele é o piloto em atividade mais próximo a alcançar a categoria deus.

16 temporadas: Al Unser (65, 67-68, 70-72, 74, 76, 78-81, 83-85).

Big Al poderia ter entrado com bem mais etapas, mas o vencedor de 4 Indy 500, dois campeonatos CART e um USAC e vencedor de oito provas de 500 milhas evitava alguns circuitos ovais de terra durante a "juventude" e teve alguns acidentes que o deixou longe das pistas por algumas etapas, como em 1969 e 1975.

17 temporadas:  Johnny Rutherford (63-65, 70-72, 74-81, 85-87); Bobby Rahal (1982-98) e Tony Kanaan (98-99, 2001-15).

Três caras de épocas diferentes com a mesma marca impressionante: na temporada de estreia do Rahal, Rutherford já queria nada com nada e andou só mais três temporadas full season pra dar um apoio ao amigo Alex Morales; e quando Bobby saiu pra se dedicar completamente a sua equipe, TK estreava na CART. Coincidentemente, cada um deles tem apenas uma Indy 500. O que isso quer dizer? Nada, obviamente.

18 temporadas Hélio Castroneves (98-2015) e Michael Andretti (1984-92 e 94-2002).

Hélio e Michael
Usarei o Hélio aqui para fazer uma constatação: é bizarro ver que muito piloto que vemos correr atualmente estejam tão perto das marcas de ídolos de outrora. Helinho está nessa de Indy a 18 anos e não só ele, com também o Tony, o Franchitti e o Dixon vem chegando perto das velhas marcas e ascendencdo aos céus da Indycar.

Talvez a gente deva dar o devido crédito a essa geração que está se mostrando uma das melhores já vistas na Indy.

19 temporadas:  Al Unser Jr. (1983-98, 2000-01 e 2003).

Little Al parece que correu o suficente apenas para bater os recordes de seu pai, mas falhou miseravelmente na maioria deles. Ainda tem menos vitórias, Indy 500, campeonatos, isso sem falar em poles.  Mas pelo menos no número de provas bateu o pai, bem como no de temporadas completas. 

Prêmio Rubens Barrichello pra ele.

22 temporadas: Mario Andretti (1965-73, 1982-94).

Mario Andretti no início da carreira.

Tá aí um cara que correu pra caramba. Nas quatro primeiras temporadas completas fez frente a AJ Foyt e ganhou os títulos de 65 e 66, sendo vice em 67 (mesmo conseguindo oito pódios seguidos) e em 68 (perdendo o título nas últimas quinze voltas por causa de um motor estourado) conquistou novamente o título da USAC em 1969 com direito a Indy 500 incluída no pacote. 


Mas no início dos anos 70 as ligações com a Europa aumentaram, muito devido a parceria com gente sem muita estirpe como os Ferrari, Colin Chapman e Parnelli Jones e ele partiu pra F1 em tempo integral. Ficou lá por alguns anos, ganhou um título e voltou depois de ficar insatisfeito com os rumos da categoria europeia voltou para esse novo campeonato de automobilismo americano, a CART.


De volta pela Patrick, mas logo emendando um contrato com a equipe recém-formada de seu amigo, Paul Newman, a Newman-Haas. Lá conseguiu mais um título em 1984, uma baciada de vitórias e, conforme os anos avançavam, ele foi caindo para o meio do grid. Em 1993 conseguiu sua última vitória, aos 53 anos de idade, e no fim desse ano anunciou sua aposentadoria no fim do ano seguinte.

O ano de 1994 ficou conhecido como a temporada do Arrivederci, onde completou a incrível marca de 407 corridas.

E cinquenta anos depois ainda dirigindo, só que um carro um pouco maior...
E esse é o Indy Center Responde. Se você tiver alguma questão que seja intrigante ou mereça que eu perca meu tempo pesquisando essas coisas (nem precisa ser lista) basta nos mandar uma mensagem na nossa página no facebook ou mandar um e-mail para indycenterbr@gmail.com

Até a próxima pessoal!!

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