Uma corrida com tantos detalhes, revezes, emoções e batidas tem de ser analisada um pouco mais a fundo. Para tanto, o nosso quadro "Cotação" destaca cinco aspectos positivos e negativos do fim de semana californiano, com direito a desabafo no final.


Em Alta

5º: Indy no Twitter.

Se não tinha gente nas arquibancadas, no twitter a prova (e a categoria em si) explodiu. 

Eu, que acompanho a corrida com um olho no meu stream ilegal no meu canal assinado da Bandsports e o outro olho no twitter/facebook, fiquei surpreso. Todas as movimentações da corrida chamou a atenção de toda a comunidade automobilística ficou envolvida, com pilotos da NASCAR, comentaristas automobilísticos da Terra Brasilis todos focados na corrida (lembrando que teve jogo da seleção brasileira no mesmo horário) e algumas mensagens até de pilotos da F1 pipocaram no microblog.

O sucesso foi tanto que a Indycar alcançou o terceiro lugar nos TTs (Trending Topics, assuntos mais comentados) EUA, além de Will Power e Graham Rahal. Indycar também ficou, pela primeira vez que me lembro fora da Indy 500, nos TTs Mundiais. 

Quero ver como ficou a audiência na TV americana, já que a Band passou em VT na madruga.

4º: Pippa Mann e James Jakes.

Pippa Mann e sua capacidade para se vestir
igual a um bolo de festa de 15 anos.
Ela ficou tranquila, acompanhou o pelotão, bateu com ninguém e completou em 13º, na mesma volta do líder. Parece uma corrida discretíssima, então porque comentamos sobre essa corrida mais ou menos de Pippa?

Porque é a Pippa, e é a Dale Coyne.

É a primeira vez que a piloto, que pilota tão bem quanto se veste nas comemorações de gala, completou uma prova na Indycar na mesma volta do líder. Ela foi a única piloto da equipe que completou mais de uma prova pela equipe esse ano e não atropelou ninguém. Ela está de parabéns.

Já o piloto inglês vem se especializando em ser o novo Ryan Briscoe da Indy. 

Mesmo com o motor estourado e tendo que refazer todo o setup, fazendo isso DURANTE A PROVA (já que não teve mais treinos depois que o motor foi trocado). Por esse motivo vimos o piloto lá atrás até a volta 160, e surgindo das cinzas até brigar entre os dez primeiros.

Completou em sétimo e estava pouco a frente da batida do Briscoe e Hunter-Reay, e passou no sétimo lugar pra seu novo posto de Briscoe da Indy.

3º: os Brasileiros.

Hélio Castroneves e Tony Kanaan, dois velhos de guerra em ovais e em Pack Racing, se destacaram na corrida em Fontana. Os dois ficaram quase o tempo todo brigando pela ponta da prova mas tiveram destinos diferentes na corrida.

Helinho esteve quase o tempo todo no pelotão da liderança e liderou 43 voltas da prova mas, na volta 135, ele foi acertado por Ryan Briscoe e acabou no muro interno da reta oposta. Tony não foi acertado por ninguém, esteve no pelotão da vitória e até liderou 23 voltas no meio da prova; estava se guardando pro sprint final, quando emparelhou com Rahal para dar o bote na última volta mas a corrida terminou em amarela e o bom baiano teve que se conformar com o segundo lugar.

Bom ver os brasileiros ainda brigando por vitórias, mesmo com eles chegando perto dos 40 anos e talz...

2º: a Ganassi.

Enquanto a Penske domina os treinos classificatórios mas não chega muito perto da vitória já faz cinco provas, a Ganassi faz o inverso. Na corrida, as estratégia e ajustes da equipe dão certo e seus pilotos sempre figuram entre os primeiros colocados. Até o Sage Karam (quem diria!) andou bem.

Dessa vez foi quase, mas não deu pra ficar com a vitória. Ela foi de:

1º: Graham Rahal
Parece que estou num multiverso da DC. Naqueles onde o vilão desajeitado, que nunca vence e era chacota passa a se dar bem e vencer.

O que está acontecendo é um caso a ser estudado. O piloto estava desaparecido o fim de semana todo, não é um ás (nem sequer um bom piloto) em Pack Racing, larga de 19º, teve problemas nos pits e mesmo assim sobe pro pelotão do líder. Essa é a parte que deveria ser estudada pelos engenheiros do MIT, pois a física não permite.

Daí, quando ele estava na ponta, foi muito criticado pelas suas disputas em pista, quando fechava deliberadamente os outros carros nas disputas de posição e até foi o causador indireto da batida de Hélio Castroneves e Ryan Briscoe.

O fato de ele não ter sido punido e vencer a prova causou para alguns fãs a sensação de injustiça e impunidade, mas na verdade o que Graham fez não é sensato nem moral, mas não é punível por regra, pois ele não violou nenhuma regra em específico. Sim, ele foi irresponsável e poderia causar um acidente ali, mas é o Graham Rahal e ele é irresponsável. Atitude parecida Montoya tomou nas voltas finais da Indy 500 bloqueando e ziguezagueando a todos, e também não foi punido por essa ser uma atitude irresponsável, mas não ilegal.

Enfim, essa é a segunda vitória do americano, quebrando um jejum de mais de sete anos sem vencer. E Só por esse fato já merece o posto de mais em alta nesse fim de semana.

Em Baixa

5º: Penske (a equipe, não o Roger).

Mais uma vez a Penske vai bem no treino classificatório, consegue a primeira fila toda e na corrida nada acontece feijoada.

Dessa vez o pole foi o Pagenaud, que também foi o único a virar mais de 219 mph em Michigan, com Hélio Castroneves ao seu lado. Dessa vez parecia que ia pois, vira e mexe, víamos um dos carros da famosa equipe liderando.

Todos os quatro pilotos lideraram voltas dessa vez. Will Power foi quem liderou mais, com 62 voltas até ser acertado por Takuma Sato; Hélio liderou 43 até ser acertado por Ryan Briscoe; Montoya liderou cinco voltas, mas logo se segurou para terminar numa segura quarta posição e Pagenaud, o pole da prova, sumiu nela e liderou apenas três giros (da volta 154 a 156) e terminou numa discretíssima oitava posição. 

É a quinta corrida seguida que a Penske faz primeira fila mas não leva a prova, e o Dixon tá aí, que ela acorde.

4º: Carpenter Fisher Hartman Racing.

Tá foda essa montanha russa da CFH. Ganha em Barber, bate na Indy 500 e em Detroit; ganha em Toronto, os pilotos batem um no outro em Fontana.

Essa agonia de ganhar-bater-ganhar-bater pode até ser interessante, se a equipe souber o que está fazendo. Mas a equipe é pobre, tem apenas um patrocinador (a Fuzzy Vodka, já que o de Newgarden é a empresa do Wink Hartman, o "H" de "CFH") e se uniram pra sair do limbo de ser pequena pra sempre.

Talvez falte mais prudência, pois velocidade a equipe demonstra ter. Ed Carpenter não completou uma corrida ainda esse ano, ser mais estável, mesmo que isso signifique arriscar um pouco menos, pode dar certo numa equipe emergente como a CFH.

3º: Ryan Briscoe

O único australiano normal da face da Terra estava todo brilhante com seu carro Drag Queen todo dourado e cromado. Ele se sentia em casa com o Pack Racing e logo figurou entre os líderes. Finalmente estava em casa depois de sua carreira quase morrer pra Indy, mas a SPM, equipe ecológica que adora reciclar as coisas, o havia chamado pra terminar o ano no #5. Briscoe tirou a sorte grande.

Mas essa sorte grande logo acabou. Na batida com Hélio Castronevs ele foi declarado culpado e teve de fazer uma parada a mais nos boxes, caindo pro fim do pelotão. Quando vinha se recuperando, muito graças as outras interrupções na prova, tudo isso pra voar no fim da prova e não conseguir completar o bom resultado.

2º: O público.
Pra nos sentirmos mais ainda nos tempos da IRL, casa quase vazia.  Diz a lenda que dos 30 mil ingressos colocados a venda, menos da metade foi vendido. Como resultado, vimos casa vazia, como sempre. Lembrou Nashville ou Kansas e suas arquibancadas quase sempre vazias.

Muito isso devido a porca divulgação da prova. A família de Ryan Hunter-Reay vive na região e só soube da corrida quando o piloto apareceu para visitá-los, hoje. 

1º: PT x PSDB


A corrida em Fontana teve um efeito engraçado em todos que envolvem a categoria. O aumento da pressão aerodinâmica para que os pneus não esfarelassem fez com que os carros andassem o tempo todo bem juntos, formando uma espécie de Pack Racing.

Tivemos uma corrida muito boa, com todos os carros bem juntos e, por consequência, bem mais perigosa. A corrida lembrou bastante as da IRL de 1999 para frente e da Indycar pós reunificação até 2011, onde a última corrida do estilo vitimou Dan Wheldon.

Muita gente gostou da prova, achou o máximo mas muito perigosa, daí veio aquele velho bate-papo de segurança versus entreterimento. Alguns pilotos estiveram com medo do Pack Racing involuntário, outros dizendo que tudo isso fazia parte do jogo e os fóruns de redes sociais sobre Indycar ficaram insuportáveis.

Isso, principalmente, por comparações de velhas categorias. Uma batalha campal se instaurou nas redes sociais defendendo o estilo CART de se correr versus o estilo IRL de se correr. Esse acontecimento só nos faz lembrar que muita (mas MUITA) gente não superou que tudo isso já era e não seguimos em frente.

A Indy parece o Brasil: todo mundo bravata, os líderes da categoria vivem em seu mundo pessoal e isso tudo continua na mesma. Tenho a sensação de que não saímos de 2012.

2 comentários:

  1. Com relação a Pippa foi ela q causou o desastre nos pits de Indianapolis q acabou com o mecanoco da Dale Coyne quase tendo o pé amputado pelo bico da Davison q havia sido atingido pela Pippa

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  2. Quem causou, na verdade, foi a equipe do Davison que liberou ele sem espaço, bateu na Mann e atropelou os mecânicos do Vautier.

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