Oi, minha gente! Para quem não me conhece, me chamo Filipe Dutra, sou jornalista e estou aqui para colaborar com o Indy Center Brasil. Já escrevi algumas crônicas e participo do Indycarcast, que muitos de vocês devem acompanhar por aqui. Mas, hoje, inicio minha participação de maneira efetiva, e, como um presente de agradecimento, inicio a série “500 do Brasil”, falando um pouco sobre cada vitória brasileira no mítico Indianapolis Motor Speedway e na mais mítica ainda Indy 500.

Para iniciar a série, nada mais adequado do que falar dele, o desbravador do automobilismo brasileiro: Emerson Fittipaldi.



Todos sabem da história do brasileiro descendente de italianos, pertencente a uma família que respirava o automobilismo. Ele havia ganhado dois títulos mundiais naquela categoria que ainda não era dominada por Bernie Ecclestone e, mostrando ainda mais ousadia, saíra da McLaren, onde fora campeão, para montar sua própria escuderia, a Copersucar/Fittipaldi. O empreendimento não deu certo, e, em 1980, ele largou as pistas. A equipe fechou dois anos depois, mas a vontade de correr do brasileiro não havia encerrado. Foi aí que os Estados Unidos apareceriam mais uma vez na vida de Emerson.

O primeiro contato do Rato com a Indy foi em 1975, enquanto ele ainda corria na McLaren. Porém, não deu certo. “Pilotei o carro que Johnny Rutherford ganhou as 500 Milhas [em 1974], até gostei, mas o carro parecia muito frágil e decidi não correr. Mas me adaptei muito rápido, e o Johnny foi muito legal comigo. O A. J. Foyt esteve lá também”, contou Fittipaldi ao site oficial do IMS.

Emerson no primeiro contato com o mundo da Indy, em arquivo da revista Quatro Rodas 

Em 1984, a oportunidade reapareceu. Emerson Fittipaldi fez seu debut no Grande Prêmio de Long Beach, o primeiro daquela temporada, no March rosa número 47 da GTS Racing, cujo patrocínio principal era da W.I.T. Promotions. Terminou em um quinto lugar. 

Foi este o carro da estreia efetiva do Rato na Indy


A parceria com a equipe do panamenho Pepe Romero duraria até Indianápolis, a terceira etapa do campeonato, onde ele terminou em penúltimo com problemas na pressão do óleo. Depois, ele disputaria Cleveland e Meadowlands pela HR Racing. O carro patrocinado pela California Cooler de dorsal 82, que faria inveja ao #18 da Dale Coyne atualmente (nada mais que 5 pilotos dividiram o cockpit), não fez grandes atuações. Até que entrou Pat Patrick na vida de Emmo.

Substituindo ninguém menos que Chip Ganassi, machucado, o brasileiro disputaria mais quatro provas naquela temporada. E, no ano seguinte, teria vaga garantida no carro 40 patrocinado pela 7-Eleven, vencendo a primeira prova na nova aventura, em Michigan.

Em 1985, nova equipe e novo patrocínio. E Emerson foi pioneiro novamente: foi o primeiro brasileiro a ser patrocinado pela 7-Eleven


Em 1989, Emerson Fittipaldi já havia mostrado seu potencial para os americanos. Mas faltava um título e uma conquista expressiva para consolidar a fama do brasileiro entre os ianques.

A Patrick Racing estava reforçada: eles adotaram os chassis Penske, campeões da Indy 500 no ano passado (Fittipaldi terminou aquela prova em segundo); Chip Ganassi, que já ensaiava ser dono de sua própria equipe (compraria a Patrick posteriormente) dava suporte, e a parceria com a Marlboro, iniciada por intermédio do próprio Emerson em 1986, garantia fundos para a equipe. Não haveriam problemas para aquele ano.

A parceria entre Patrick e Marlboro consolidou-se ao longo dos anos


E nos treinos classificatórios, o brasileiro mostrou tranquilidade: com uma média de 222,329 mph (quase 359 km/h), ele se classificaria em terceiro. O pole e detentor da última vitória em Indianápolis, Rick Mears, se classificaria com média de 223,885 mph (pouco mais de 360 km/h).

A 73ª edição das 500 Milhas de Indianápolis aconteceria no dia 28 de maio. E, após todas as cerimônias e o agito da bandeira verde, Emmo mostrou força, ficando em primeiro logo antes do completar da volta inicial. Ele manteria a posição até a volta 34, quando teve que parar para trocar pneus e abastecer. Foi durante essas provas que outro brasileiro, Raul Boesel, assumiria a ponta por alguns instantes. Mas, passadas as trocas, Fittipaldi retomava o primeiro lugar.

No decorrer da corrida, um jovem piloto ameaçava a vitória brasileira. Estamos falando de Michael Andretti, que, durante o início da segunda metade da prova, deu bastante trabalho. Porém, a maldição que a família sofre na pista dos tijolos deu as caras e, após a explosão do motor Cosworth, o filho de Mario deu adeus à briga.

Porém, nada de folga para Emmo. Foi a vez de outro filho de piloto, Al Unser Jr., dar trabalho. E a briga deles se estenderia até a penútima volta, quando...


BATEU AL UNSER! BATEU AL UNSER!

“Little Al” e Fittipaldi dividiam a reta oposta com mais uma fila de retardatários. Tentando se defender, o brasileiro permaneceu por dentro, além da linha branca que demarca a área de escape. Na entrada da curva 3, o Rato voltou ao traçado e acabou tocando o americano, que bateu no muro. “Na hora eu fiquei com muita raiva, mas depois vi que era coisa de corrida e deixei para lá”, contou.

Foi a partir daí que os brasileiros tomaram consciência do que era a categoria americana. E todos ficamos felizes: Emerson, que faturou mais de US$ 1 milhão e, posteriormente, o título da categoria; nós, brasileiros, que descobríamos uma categoria nova; e o narrador da Bandeirantes, Luciano do Valle, que apostou na transmissão da Indy para nosso país e viu os primeiros frutos sendo colhidos.

E a preocupação, ó... 


No próximo post da série, falaremos sobre a segunda e polêmica vitória do Rato na Indy 500. Obrigado e cuide-se bem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário