Novo carro, novo calendário,novas equipes e novos pilotos. A categoria mudou tanto que até parece outra para esse ano. Acompanhe todas essas mudanças que fez a Indy Lights ter tantas novidades quanto a categoria principal.

2015 foi/é/será/está sendo um ano chave para a principal categoria de acesso à Indycar. A Andersen Promotions, empresa que comanda a categoria, mexeu em vários aspectos para a Indy Lights esse ano, incluindo vários preceitos que imperavam desde 2002, quando a categoria foi comprada pela IRL.

O novo carro


O primeiro ponto de modificação (e também o que mais chamou a atenção da mídia) é o novo carro. A categoria terá novo chassi produzido pela Dallara e novo motor, substituindo os que tinham a mesma base desde 2002.

O novo carro é o Dallara Il-15. O carro fabricado pela Dallara possui aerodinâmica mais apurada, além de ser mais leve e eficiente; e também está incluso o câmbio borboleta substituindo o câmbio tradicional, freios e suspensão mais eficientes.

Comparação do antigo com o novo.
O motor também é novo e completamente diferente, substituindo os antigos motores Infiniti V8 de 3,5L vieram novos motores V6 de 2L. Apesar dessa redução, o carro terá trinta cavalos a mais, devido ao novo motor ter turbo e contar com o novo push-to-pass, imitando a categoria principal dos monopostos americano.

Essa combinação fez o carro ser mais rápido que o antigo Dallara IP2 modificado desde o primeiro teste. O Il-15 estreou na pista de Mid-Ohio dia 4 de agosto, e logo no primeiro dia foi meio segundo mais rápido que os carros antigos. O Il-15 bateu os recordes de pista da Indy Lights, tanto no circuito de Homstead-Miami (misto) quanto em Barber e Indianápolis (misto e oval). 

Esse sucesso todo chamou a atenção de muitas equipes e até trouxe mais visibilidade para a categoria, mas nem tudo foi flores. O desenvolvimento dos motores foi meio que comprometido, pois a montadora inicialmente escalada, a AER, não conseguiu atender a demanda das equipes e pulou fora do barco. Para assumir a bronca, a Mazda entrou na jogada e trocou o nome do motor de AER P63 para Mazda MZR-R Turbo.  Outro ponto que freou um pouco do ânimo do padoque foi o custo do novo carro; inicialmente vimos muitos dirigentes da Indycar demonstrando interesse, mas com o custo muito mais alto dos novos carros espantou um pouco tanto alguns novos interessados como equipes que já estavam na categoria.

O Calendário

Outro ponto que teve alteração foi o calendário. A temporada terá dezesseis provas (duas a mais que no ano passado), pois as etapas de St. Petersburg e Toronto se tornaram rodadas duplas, e Iowa sediará novamente uma prova no lugar de Pocono.  

Mas a maior mudança quanto ao calendário foi a rodada final, que antes acontecia junto com a penúltima etapa da Indycar, em Sonoma, agora será uma rodada dupla e acontecerá no Mazda laguna Seca Raceway, nos dias 12 e 13 de setembro. Será a primeira vez na história da categoria que ela terminará DEPOIS da categoria principal.

No resto, a categoria não mudou tanto. As etapas de apenas uma corrida e as corridas de domingo continuam com uma hora de duração, enquanto as primeiras corridas das rodadas duplas continuam com 40 minutos cada. A pontuação é a mesma da Indycar e a premiação para o piloto campeão aumentou de US$ 750mil pra US$ 1 milhão.

Equipes e pilotos

Apesar de toda a animação com a categoria na pré-temporada, temos sete equipes e quinze carros confirmados para correr na abertura do campeonato, e esse número pode diminuir para até doze carros se a Carlin e a Team Moore decidirem pelo pior.

Para falar de cada uma delas, vamos na ordem dos campeonatos de equipe;
Anderson, Enerson, Harvey e Ringel, respectivamente.
A Schmidt-Peterson Motorsports, como de costume, irá com quatro carros para essa temporada. Em 2015, o certame será composto, em ordem de anúncio, por Ethan Ringel, RC Enerson, Jack Harvey e Scott Anderson. A equipe sumiu nos treinos, ficando constantemente atrás da Carlin e da Juncos.

Jack Harvey segue para seu segundo ano e é franco favorito ao título, após empatar em pontos e número de vitórias com o campeão de verdadinha, Gabby Chaves; como o inglês não teve dinheiro/contatos/momentum para subir na Indycar, disputará um segundo ano para tentar ser campeão e conseguir o milhão de doletas. Scott Anderson também irá para seu segundo ano, após sofrer pela Fan Force United e não fez tão feio com o equipamento que tinha; vamos ver se agora com um equipamento melhor o piloto deslancha. 

Depois temos os dois que são maiores dúvidas. RC Enerson disputou três anos de USF2000, com equipe própria e demonstrava evolução (conquistou nada no primeiro ano, dois pódios no segundo e brigou pelo título mas ficou chupando dedo no último ano), todos se perguntavam se o americano faria um quarto ano na categoria ou prosseguiria para a Pro Mazda? Foi pra Indy Lights, vamos ver o que é que vira. E a ciência ainda não descobriu o que Ethan Ringel quer fazer na Indy Lights; o piloto vem da Fórmula Atlantic, onde terminou em sexto (atrás de três pilotos da USF2000), e agora não sabemos para onde vai. Na verdade sabemos sim, o fim do grid.

Ao meu ver, o nível dos pilotos está parecido com o visto no ano passado, quando dois pilotos brigariam mais seriamente pelo campeonato, um começou como incógnita e o outro faria figuração.  Entretanto, nesse ano tem o agravante que a equipe não possui mais a vantagem de conhecer o equipamento mais do que as outras, tendo em vista que o carro é novo pra todos, além de seus pilotos não terem se destacado nos treinos coletivos.
Blackstock e Brabham
A Andretti Autosport foi vice campeã de equipes o ano passado, mas em 2015 surgiram muitas dificuldades pra ela. Michael Andretti cogitou não correr na categoria de base para buscar um quinto caro na categoria principal, mas no fim do ano foi anunciado um carro para a temporada toda para... Shelby Blackstock. 

Meu trabalho aqui é julgar as pessoas, e julgo que Blackstock não era exatamente a melhor escolha a ser feita, entretanto, a Andretti segue a lógica de deixar um piloto por dois anos em uma categoria antes de passar para um certame de maior expressão. Blackstock passou dois anos na Pro Mazda e então subiu para a Indy Lights.  Mais ou menos pelo mesmo motivo Matthew Brabham permanece na equipe para seu segundo ano, enquanto Zach Veach ninguém sabe ainda, pois ele já ficou dois anos na Indy Lights. O piloto prometeu via Twitter que dará novas novidades, e quando o fizer reportarei aqui no blog.

Shelby, apesar de não ser minha primeira escolha pra vaga, é um piloto rápido ma non troppo e, principalmente, muito consistente. Na Pro Mazda teve apenas uma vitória em uma corrida que só sete carros completaram, mas tem uma coleção extensa de pódios e top 5. Nos treinos coletivos começou muito bem, ficando sempre entre os quatro primeiros, mas nos últimos treinos realizados começou a cair um pouco mais pro meio do grid. Na temporada poderemos ver qual desses rendimentos prevalece, o de brigar pelas primeiras posições ou o de permanecer na meiuca do grid.

E Matthew Brabham, em seu segundo ano, vem para mostrar que amadureceu. No ano passado vimos que ele é realmente rápido, mas a sua pilotagem mais agressiva o fez abandonar uma prova e completar outras duas meio capengando, o que o tirou da briga pelo título.


Piedrahita e Serrrrrrrralllllllles.
A Belardi, equipe do atual campeão, vem novamente com dois pilotos, e dessa vez ambos são hispânicos. 

Felix Serralles estreia na Indy Lights e é um dos pilotos desse ano que migrou do automobilismo europeu, depois de ficar três anos na Fórmula 3 e ver que sua carreira não andaria muito por lá. Nos testes não fez feio, e pode brigar por algo na categoria.

Juan Piedrahita segue para um segundo ano de ostracismo na categoria. Após três anos apagados na Pro Mazda, o colombiano subiu para a Indy Lights na até então toda-poderosa Schmidt-Peterson e terminou em sétimo o ano, conseguindo a proeza de ter desempenho pior que o de JP García. Nesse ano não parece que as coisas mudaram tanto para 2015, como podemos ver por quase sempre estar entre os cinco últimos nos testes de pré-temporada.

Mas não nos enganemos. Apesar de consagrar Gabby Chaves como campeão, a Belardi ainda é equipe de meio de grid, e o ano passado parece ser um ponto fora da curva, infelizmente.
Pigot na Frente, Kaiser atrás.
Uma das novas equipes, a Juncos Racing já tem grande sucesso e é a atual tricampeã na Pro Mazda, categoria anterior a Indy Lights no famoso Road to Indy. A equipe de Ricardo Juncos fará sua primeira tentativa na categoria com dois pilotos que conseguiram o título da Pro Mazda no ano passado.

Spencer Pigot é o atual campeão da Pro Mazda e, como prêmio, tem o direito de ir a Indy Lights. O californiano entrou no Road to Indy a cinco anos, conquistando dois vices-campeonatos na USF 2000 (em 2011-12) e em quarto lugar no campeonato da Pro Mazda do ano retrasado e conquistou o título da Pro Mazda do ano passado a três voltas do fim e vencendo o duelo contra Scott Hargrove.

Kyle Kaiser também passou os dois últimos anos na Pro Mazda, mas seu primeiro ano foi muito mais difícil, quando o também californiano sofreu correu pela World Speed Motorsports e fez o milagre de terminar três corridas entre os cinco primeiros. Com o bom desempenho conseguiu uma vaga na Juncos, onde não foi tão bem assim mas conseguiu sua primeira vitória.

Ambos estão bem cotados no campeonato, principalmente depois dos testes de meio temporada. A Juncos liderou três dos oito dias de treinos coletivos, dois com Kaiser (incluindo o único treino coletivo em ovais) e um com Pigot.  Com essa tendência se seguindo para as corridas, a equipe tem tudo pra brigar pelo título com os dois carros.
Jones e, talvez, Chilton.
A Carlin vem de terras além-mar para disputar a Indy Lights. Com extenso currículo de vitórias pelas categorias de base europeias, a equipe de Trevor Carlin viu o novo carro como uma boa oportunidade para expandir sua influência por terras estadunidenses. Para tanto, instalou base em Poughkeepsie, Nova Iorque, e comprou dois chassis Dallara, a fim de correr com uma dupla de pilotos.

Junto com tudo isso, veio Ed Jones campeão da F-3 Open em 2013 e que também fazia o movimento migratório mais comum hoje em dia: sai de sua terra natal para tentar algo em terras do velho continente, vê que não tem dinheiro/resultados (no caso dele parece ser dinheiro, afinal ele foi campeão) e vai para os Estados unidos para não precisar ter um emprego normal ou pior, ser obrigado a dirigir protótipos ou carros de turismo.

A equipe começou muito bem nos testes coletivos, ficando sempre entre os três primeiros colocados, com exceção do único teste em ovais onde ficou nas duas últimas posições.

Falo no plural pois, no início desse ano, a equipe anunciou um programa de desenvolvimento com o ex-piloto da F1 Max Chilton, visando entrar na Indycar em 2016. Entretanto o piloto inglês assinou recentemente com a Nissan para correr na WEC, o que não impede mas pode atrapalhar seu ano na Lights, pois uma das provas (em Toronto) é no mesmo dia das 24 horas de Le Mans.

A primeira nova equipe a confirmar presença na Indy Lights, a 8 Star Motorsports tem sua origem nas corridas de endurance americanos e seu dono, o venezuelano Enzo Portolicchio se interessou em correr na categoria com os novos carros.

De início, o plano era correr com um piloto conhecido da equipe, Sean Rayhall. Entretanto, durante os treinos coletivos, a equipe correu nos primeiros testes com Scott Hargrove, pois Rayhall tinha compromissos na Tudor e na IMSA GT. 

Hargrove (o vice-campeão da Pro Mazda no ano passado) foi tão bem que Portolicchio reviu os seus planos de correr com Rayhall, e escalou o canadense para correr em seu lugar. A Priori, a decisão vale apenas para a primeira etapa, mas tem tudo para se estender por todo o campeonato.

no mais, a equipe participou apenas dos primeiros testes em Palm Beach e Homstead, e os terminou com o segundo melhor tempo. Resultados promissores para uma equipe de carro único, mas a equipe não fez mais testes desde então, e isso pode causar problemas. Aguardemos.
Até o logo da equipe é preguiçoso.
E, para finalizar esse preview, temos a Dale Coyne da Indy Lights. A Team Moore, faltando menos de uma semana para a abertura do campeonato em St. Petersburg, está sem piloto para seus dois carros.


A equipe que disputa a Indy Lights desde 2002 ainda não tirou seus carros da garagem, pois, se especula, não tem dinheiro para comprar as peças periféricas do novo Dalllara. Por esse motivo, a equipe vem vendendo suas vagas e, ao que parece, ainda não encontrou comprador para elas.

A equipe passou tanto tempo em silêncio (desde o final de dezembro, quando anunciou a compra dos dois chassis da Indy Lights) que semana passada eles montaram um Il-15 com o simples intuito de mostrar que ELES TINHAM O CARRO DE VERDADE E NÃO ERA BLEFE.

Com isso, nada sabemos da tradicional equipe, nem se ao menos terão piloto e dinheiro para mostrar seu carro preto, branco e amarelo no fundo do grid.



bem, como vimos pelos testes, temos Carlin e Juncos um pouco mais a frente nos testes, mas não podemos descartar a Schmidt-peterson e a Andretti, que sempre figuraram nas cabeças do campeonato nos últimos dez anos. A primeira rodada dupla, já nessa semana, promete!! 

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