O automobilismo de monopostos americano não se restringe apenas as categorias ligadas à INDYCAR e ao Road To Indy.  Apesar de obscuras e pouco mencionadas, existem outras categorias de monopostos que saltam aos olhos da grande pletora de pilotos, e as principais delas são as afiliadas a SCCA.


A SCCA (Sports Car Club American) é uma das entidades mais antigas do automobilismo americano e possui uma divisão especial somente para corridas profissionais.  Essa divisão chegou a chancelar a então dissidente CART, em seu campeonato de 1979, mas a divisão pro não andava bem das pernas, e recebia críticas constantes de ser irrelevante no automobilismo de monopostos.

A CART já foi Sancionada pela SCCA, em 79.
Para mudar esse panorama, a SCCA chancelou categorias em sequência. A Primeira foi a “Nova F2000”, formada pela fusão da F-ford 2000 e da USF2000, que serviria como base para a F-Atlantic e como passo seguinte para a F600, tradicional competição da SCCA.

Vale lembrar que, além das categorias citadas abaixo, a SCCA também chancela a amadora Fórmula Vee, e as profissionais Fórmula SCCA e a quase extinta fórmula Continental.

Hoje em dia, essa escada tem vários passos, que serão mostrados a seguir:

F600/USF1000

Isso mesmo:  pilotos amadores descendo o Saca-Rolhas em Laguna Seca ou andando em Road America

Talvez sejam as categorias mais básicas de todo o automobilismo de monopostos e, por esse mesmo motivo, as categorias mais acessíveis. Ela é dividida em várias categorias, dependendo do nível dos pilotos e também da idade dos carros. Geralmente possuem dois tipos de carros: aqueles de equipes já mais consolidadas e que visam a busca de talentos e aquela pessoas que estão lá por conta própria para ter uma emoção diferente da propiciada pelo Kart.

O grid recheado da F600 (as caminhonetes não fazem parte do grid).
A F600 existe desde os anos 80, quando ainda eram restringidos a F500, e seus eventos possuem desde crianças de 12 anos até competidores com mais de 60. 

Os seus carros são os monopostos mais baratos dos Estados Unidos, já que um carro completo e novo custa cerca de 15 mil dólares, mas os carros mais antigos e usados podem chegar a menos de 5 mil.  Essa categoria possui seis etapas no ano, e cada etapa é repleta de premiações (que vão desde anuidade grátis na SCCA pras mais amadoras até patrocínio para as categorias posteriores).

Os carros parecem bem mais pro na USF1000.
USF1000 já possui um ar um pouco mais profissional, apesar de ainda se encontrar um grande número de corredores amadores e foi no ano passado para se localizar justamente entre a F600 e a F-Ford 1600. Quando inaugurada, a maioria das equipes um pouco mais organizadas partiu para essa categoria, o que lhe deu realmente esse status de categoria um pouco mais profissional e características mais interessantes, como asas traseiras e novos componentes de suspensão.  Essa categoria é dividida em Campeonato Leste e Oeste, para que as equipes tenham a opção de gastar menos com transporte.

A USF1000 serve como base para duas categorias.  Os pilotos tem a opção de seguir para a Fórmula SCCA/fórmula continental (os campeonatos mais rápidos de monopostos em que amadores correm) ou seguir em frente no profissionalismo, segundo a FF1600/F2000/F-Atlantic.

F-Ford 1600


Criada em 1969 e ressuscitada em 2011, a Fórmula Ford 1600 é o primeiro passo completamente profissional, tendo em vista que um campeonato pode custar até US$100.000. 

Ah, mas esses carros não tem asa, enquanto os da USF1000 tem.  Como essa categoria pode ser um passo a frente?

Ayla Ågren e seus quadris de parideira.
Bem, os eventos que a F-ford 1600 participa são bem mais organizados, as premiações são maiores e os riscos envolvidos também.  Para se participar dela, é necessário ter uma licença Pro da SCCA, exigindo certa experiência em carros fórmula e/ou kart. O campeonato é composto por sete rodadas duplas, correndo no mesmo fim de semana que as categorias mais abaixo. 

Quanto aos pilotos, o principal destaque fica por conta da norueguesa Ayla Ågren.  Ela corre pela Team Pelfrey (sim, a mesma categoria que o Pipo Derani corria e que agora o Nicolas Costa corre), tem 20 anos e já conseguiu sua primeira vitória esse ano e está em segundo no campeonato, atrás apenas de seu companheiro de equipe Garth Richards.

Fator interessante é que, apesar da categoria se chamar Fórmula Ford, todos os carros são impulsionados por motores Honda, e a categoria corre com chassis das mais diversas fabricantes (Mygale são os mais comuns, mas há chassis Spectrum, Swift, Van Diemen e Carbin).

F2000



Aqui os carros voltam a ter asa.  É o campeonato resultantes de uma antiga crise do meio dos anos 2000 nas categorias de base americana.  Até 2000, havia cinco campeonatos oficiais de chassis 2000 (a F2000 propriamente deita, a USF2000, a Pacific F2000, a Eastern F2000 e a CANF2000).  

Torcida empolgada!
Com o arrocho econômico e a crise em terras norte-americanas, o automobilismo de base foi o que mais sofreu.  Primeiro, a Pacific e a Eastern F2000 minguaram até acabarem completamente e para evitar o mesmo fim, a F2000 e a USF2000 se fundiram, formando a Nova F2000 e que agora é chancelada pela SCCA e denominada apenas de F2000.

A F2000 passa pelas mesmas pistas que a F-Ford 1600, mas as semelhanças param por aí.  Os motores que impulsionam os carros são Ford-Zetec, e os chassis predominantes na categoria são os Van Diemen, que compões mais de metade do grid (apesar de Citation, Radon, RFR e Spectrum marcarem presença).

Entretanto, nas oito primeiras provas do ano, o maior vencedor foi Tim Minor, da Ski Motorsports.  O piloto que já passou a casa dos 40 anos parte para sua oitava (!!!!) temporada seguida na F2000, onde já foi campeão no ano passado, e tem tudo para repetir o feito esse ano.

F-Atlantic



Sim, ela ressurgiu!  Depois que a Champ Car faliu em 2007, a categoria de base americana que menos tinha americanos, a Atlantic Championship, ainda sobreviveu por dois anos com a chancela da IMSA, até se extinguir completamente. 

Mas essa extinção durou pouco tempo, pois no final de 2011 a SCCA anunciava uma parceria com a fabricante Swift para ressuscitar a categoria.  Muitos se animaram com o projeto, com carros de 300 cavalos e motores Toyota e Mazda.

Daniel Burkett
Entretanto, o campeonato não foi o esperado.  As poucas inscrições (a última de três etapas do campeonato teve apenas dez inscritos) e o indício de irregularidades nos carros da Polestar Group (que conquistou o pódio com seus dois carros em todas as provas) minaram as esperanças de reavivamento do campeonato.  Mas não por muito tempo, de novo!!!

Esse re-re-estreia esse ano, com cinco rodadas duplas.  Muito pouco da década passada permanece.  Apenas as corridas em Mid-Ohio e Road Atlanta (eternas parceiras da SCCA) ainda estão no calendário, e as equipes Polestar Group (apesar de tudo) e a Swan Racing (sim, a mesma da NASCAR) permaneceram.

O campeonato atual tem ainda os mesmos chassis e motores, e competem nela 24 pilotos americanos e um canadense.  Sim, é o piloto canadense que lidera o campeonato.

Daniel Burkett, Da K-Hill Motorsports, que também faz o campeonato da USF2000 em paralelo e ainda faz um seriado rápido sobre a procura de patrocínio, lidera o campeonato com cinco vitórias em seis corridas, e se encaminha pra ser um dos pilotos mais jovens a vencer a F-Atlantic.

Perguntas finais:

Tem brasileiros correndo nesses campeonatos?
Não.  No ano passado, dois brasileiros estiveram na F2000 (Roberto Lorena e Fábio Orsolon), Roberto (que também fez um ano na F-Ford1600 em 2012) foi até bem e ficou em quinto no campeonato, com quatro pódios, mas nossa representação não passou muito disso. Aliás, pouquíssimos estrangeiros correm nela, e os poucos que correm, correm bem. Parece que essas categorias todas passam por fora do radar de quem vem de fora ou elas simplesmente não os interessa tanto.


Essas categorias da SCCA e do Road to Indy tem alguma rixa?
Roberto Lorena.
Não de novo.  Na verdade, elas até se conversam bastante. Além dos exemplos de Burkett e da Team Pelfrey citados acima, temos os exemplos de Jake Eidson (que foi campeão da F2000 e agora disputa a USF2000), de Brandon Newey (que disputava a Pro Mazda, perdeu a vaga e agora voltou pra F-Ford 1600) e vários outros por aí.  O título foi só pra atrair atenção.

Essa categoria atrai tanta gente e pilotos de tão boa qualidade quanto a Road to Indy?
Terceira negativa.  Em fato, todas as categorias atraem mais pessoas do que as do Road to Indy (em Watkins Glen, a F-Ford 1600, F2000 e F-Atlantic juntaram mais de 70 pilotos juntas), mas o grid não aparenta ter o mesmo nível que a escada mais famosa. Vira e mexe os pilotos master (com mais de 45 anos) conseguem bons resultados, o que não é normal em outras categorias de base.


Beleza, quase 1500 palavras, tá bom o tamanho né?

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