O entry list é uma das primeiras atividades que são feitas nas 500 milhas de Indianápolis.  É o momento quando todos os donos de carros que querem se inscrever pagam os 500 dólares e se preparam pra correr a maior corrida de todos os tempos.  Para o público é o momento de especular quem é o favorito desse ano, além de saber finalmente quantos carros terão na prova e cair a ficha de que, finalmente, as 500 milhas estão bem próximas.

Mas, é só isso.  As listas possuem pilotos, patrocinadores, equipes, números dos carros, mas nada disso vale, e usaremos o primeiro entry list de 2011 pra provar.

Sai desse carro que eu vendi pra outro


Ao contrário dos dois anos seguintes, em 2011 realmente houve disputa pelas 33 vagas do grid.  Vários carros (no entry list diz 42, mas explicaremos mais tarde que na verdade tinha menos) brigavam realmente e se dedicavam para estar entre os felizardos que largariam nessa prova, e quem não fosse bem não entrava (bem, não deveria entrar).

Parece bem óbvio eu dizer e que todos já deveriam estar cansados de ouvir isso, mas a equipe Andretti relevou qualquer perigo de ser bumpeada da Indy 500, e o que aconteceu?  A equipe Andretti Autosports penou, e muito, pra conseguir fazer seus carros correrem no centésimo ano de 500 milhas.

No primeiro dia que definiria as oito primeiras filas do grid, a equipe de Michael consegue classificar apenas um de seus cinco carros:  o carro 43 de John Andretti, o único que não fazia a temporada completa.  Mike Conway, Danica Patrick, Ryan Hunter-Reay e Marco andretti teriam que tentar a sorte no último dia, o bump day.

Mas a sorte não estava com eles.  Logo quando começou as tomadas de tempo, caiu uma chuva forte no autódromo, e a pista foi fechada por mais de quatro horas, restando apenas uma hora útil de tomadas de tempo.  Danica Patrick vai para a pista bem cedo, e consegue um tempo de 224,861 mph, assegurando su lugar no grid, mas os outros carros tiveram muitas dificuldades.  Mike conway fez três tentativas, mas em nenhuma delas foi rápido o suficiente pra entrar nos 33 e o piloto acabou ficando a ver navios.

Faltando 15 minutos para terminar o bump day, víamos Marco Andretti na 33ª posição e Ryan Hunter-Reay fora do grid de largada.  Alex Lloyd partia para mais uma tentativa e consegue desbancar Marco, mas ele volta a pista e consegue novamente a 33ª posição.  James Jakes faz sua tentativa e consegue novamente tirar Marco do grid, depois Hunter-Reay partiu para sua última tentativa e consegue a última posição novamente.  Mas, na última volta do último piloto a sair, Marco Andretti consegue uma sequência mágica de voltas, pula para o 28º posto e deixa Hunter-Reay chupando dedos e fora da Indy.

Mas o bump day se estendeu até segunda feira, em um dos motorhomes da AJ Foyt.  A equipe conseguiu classificar seus dois carros sem maiores problemas (Vitor Meira em 11º e Bruno Junqueira em 19º).  Michael Andretti, para tentar se desfazer do vexame de não ter dois carros que não participarão das 500 milhas mais famosas do mundo, fez uma negociata com o velho Foyt pra colocar Hunter-Reay na vaga do brasileiro.

A negociação é fechada, e Hunter-Reay pilotaria o carro 41, com uma equipe híbrida dos mecânicos de Junqueira e de seu carro 28, o carro era uma mistura bizarra dos patrocínios da ABC Supply e da DHL e Bruno Junqueira ficaria a ver navios depois de classificar seu carro, pela segunda vez na carreira.  Hunter-Reay estava visívelmente constrangido de estar na Last Row Party, pilotou com cuidado e terminou na 23ª posição, três voltas atrás.

Carro Fantasma


Esse carro 57 da Sarah Fisher nunca existiu.  Não sei viu esse carro em ponto algum do autódromo e nem nas dependências da equipe, porque ele simplesmente não foi fabricado.  Isso era apenas um porto seguro para Ed Carpenter.

Mas como assim porto seguro?  Bem, cada vaga pode ser preenchida por apenas um carro titular e um carro que fica de reserva.  Não se pode pedir um terceiro chassi, e caso uma equipe quebre os dois chassis, tem que dar um jeito de consertar um deles para continuar na disputa.

Então, para ter a oportunidade de um terceiro chassi, era preciso uma segunda inscrição.  É justamente isso que Ed Carpenter faz.  Caso ele quebrasse seus dois chassis #67 a ponto de ficarem irrecuperáveis, ele teria a oportunidade de pedir mais um chassi da Dallara, colar uns decalques e o número #57 no carro e recomeçar o seu fim de semana. 

Ele refez essa estratégia em 2012, quando inscreveu um carro 21 (fantasma também, nem chegou a ser usado) além do seu carro #20 da Carpenter Racing. No ano assado chegou ao exagero de inscrever dois carros fantesmas, o #20 (e o #20T) e o #40 (e o #40T), onde os carros 40 nem sequer foram vistos.

Em 2014 não sabemos se ele fará o mesmo pois, depois de um longo tempo, ele terá um companheiro de equipe na Indy 500.  JR Hildebrand pilotará o #21, ao lado de Carpenter que fará sua décima 500 milhas.

Equipe Fantasma


Novamente, é melhor prevenir do que remediar.  Tung Ho-Pin queria correr as 500 milhas, mas não sabia como iria fazer.   Ainda no início do ano, tentou acordo com a FAZZT para fazer uma temporada completa em um segundo carro, ao lado de Alex Tagliani, mas a falta de patrocínio frustraram os planos do primeiro chinês na Indy 500.  Mas, com a confirmação da corrida na China (que acabou não acontecendo), na cidade de Qingdao, os chineses se entusiasmaram com a Indycar, e Tung conseguiu o orçamento necessário para correr na Indy 500 em abril.

Mas por onde correr?  Tung tentou acordo com a FAZZT de novo, mas a equipe não abraçou o projeto. Como as inscrições pras 500 milhas já tinham começado, nada melhor do que garantir sua inscrição né.  E foi justamente o que Tung fez.  Inscreveu um carro #89 (e #89T) com uma equipe fictícia pras 500 milhas, sem ter certeza alguma se correria ou não e por qual equipe correria.

Mas, como num passe de mágica, a Dragon Racing (apenas com Jay penske, sem o Gil de Ferran como sócio) ofereceu a oportunidade de parceria a Tung para seu carro #8, e, com isso, a China Racing nunca existiu.  Ela habita as 500 milhas imaginárias junto com os carros de Ed Carpenter.  Nunca se viu um membro dessa equipe.  Ela não tinha nem logo.  É completamente fantasma.

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Esse foi o suprassumo da indecisão na inscrição.  Tudo o que havia era o número #16 e mais nada, não tinha nome, não tinha piloto não tinha equipe, não tinha teto, não tinha nada.  As pessoas até estranharam essa inscrição porque dias antes a Honda havia declarado que tinha preparado 41 motores para o primeiro dia das 500 milhas, e como a categoria era monomarca para motores, isso só causou mais estranheza.

No fim, não houve carro #16 na pista (assim como não houve carro #57 ou #89).  E surgiu um carro #20, o segundo carro da Dragon Racing.

Bem, como visto acima, a Dragon conseguiu um piloto e um bom dinheiro para seu carro #8, mas ela já tinha planos para esse carro antes de vendê-lo para Tung Ho-Pin.  Então, com dinheiro meio que sobrando (devido a parceria com o piloto chinês e com a Fuzzy Vodka, que iria fazer parceria com Ed Carpenter até o mesmo conseguir o apoio da Dollar General), com um pré-contrato com Scott Speed e motores sobrando na Honda, por que não colocar um segundo carro?  Só pode sair vantagens daí.

Ela não poderia estar mais enganada, e Speed deu muita dor de cabeça para a equipe.  As reclamações do piloto começaram logo no Rookie Orientation Program (Treino especial para os novatos mostrarem que são capazes de andar em Indianápolis, que, aliás está rolando agora) que, quando se viu superado pelo chinês, reclamou que a maioria da equipe dava mais atenção ao #8 do que ao #20.  Nos três dias de treinos que os dois carros da Dragon foram para a pista, a reclamações só aumentava, bem como a diferença do chinês pro piloto velocidade.

Até que, no dia 20 de maio (um dia antes das primeiras tomadas de tempo pro grid de largada), Speed se enfurece com a equipe sai da equipe e anuncia que desistiu das 500 milhas desse ano, também conhecido como ragequit.  Para continuar com o inferno astral da equipe, Tung Ho-Pin que fazia tempos dignos de se qualificar muito bem no grid, bate na primeira tentativa de qualificação, e por recomendação médica abandonou as 500 milhas.


A equipe ficou sem piloto para o primeiro dia de treino classificatório, e para não ficar sem andar no bump day, ressuscitou o francês Patrick Carpentier (o melhor novato da CART em 1998, mas não andava em Indy 500 desde 2005) para o #20.  O piloto não decepcionou que fez o que sabia fazer de melhor:  bater em ovais.  Logo na décima quinta volta de treino livre e uma hora depois de praticamente ter ganho um carro ara correr as 500 milhas, bateu na curva um.  E assim acabava a participação da Dragon Racing em 2011 na Indy 500.


Bem, como podem ver, nada do entry list é definitivo mas isso não indica que especulações em cima dela não possam ser feitas.  Por isso, na hora de formular teorias e hipóteses em cima dela, lembre-se que, mesmo em teoria ser algo com grande importância, nada nela é fixo, e tudo pode ser mudado.
 

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