Cartaz promovendo as corridas. (Foto: Lowell Public Library)

Estamos de volta! Mas antes, pedimos desculpas para você que acompanha o blog.

Serei sincero. Quando comecei a fazer esse especial, achei que não teria problemas em terminar na primeira semana, porém, eu estava errado. Surgiram complicações de tempo e outras coisas que atrapalharam essa minha ideia inicial, mas agora, a tão aguardada última parte finalmente chegou!

Outro cartaz promovendo as corridas.
(Foto: AutoGiftGarage.com)
Antes, se você não viu as outras duas, sugiro que leia sobre a copa Vanderbilt e também sobre como era a pista.


Então vamos lá! Para a terceira parte. A mais importante, eu diria.

Nela, falaremos sobre as corridas!

"As corridas?"

Sim. Tinha esquecido de mencionar. Foram duas.

A primeira aconteceu na sexta-feira, dia 18 de junho de 1909, e a ela foi dada o nome de Indiana Trophy Race. Tinha 10 voltas e 372 km de extensão. No total, 18 carros se inscreveram para essa prova. Porém, alguns problemas com a Ford reduziram o número para 17. 

Dentre eles, havia Locomobile, Moon, Scottard/Dayton, Chalmers/Detroit, Marion, Corbin, Buick... todos eles eram versões turbinadas onde iam dois passageiros em cada carro. Mas não só os carros que chamaram a atenção pra este grid. Entre os pilotos, tivemos Harry C. Stutz e Louis Chevrolet, que foi quem fez o carro para Gastón Chevrolet vencer a Indy 500 de 1920. 

Recorte de matéria que fala sobre as corridas de
Crown Point. (Foto: cdnc.com)


Uma matéria do San Francisco Call, na edição de 18 de junho de 1909, enalteceu o evento. “Excursões de trens de todos os lugares trouxeram milhares de pessoas para ver os automóveis. Esta cidade [Crown Point] de 3.000 habitantes foi bastante acolhedora sob a avalanche de pessoas, veladas, com capuz, curiosas e cheias de expectativas, para ver os candidatos lutarem pelo troféu de Indiana.”




"Como que aconteciam as corridas, já que a pista parecia ser era estreita?" Sim, a pista era estreita de tal forma que não tinha como dois carros estarem lado a lado. Com isso, cada um largava com um certo tempo de vantagem contra o outro e, no final, não importava quem chegava na frente, o que valia mesmo era o tempo registrado depois de percorrer todo o percurso. É como acontecem os rallys hoje. 

Joe Matson, vencedor da primeira corrida.
(Foto: AutoGiftGarage.com)

Joe Matson ultrapassou a linha de chegada da primeira prova em seu Chalmers/Detroit azul, com oito minutos de vantagem para o segundo colocado. O fato curioso é que, Matson achava que o favorito para esta prova, Louis Strang, estava sempre à frente dele. "O único que eu temia era Strang, eu pensei que ele estava na minha frente o tempo todo", relatou. Strang quebrou na segunda volta.

No segundo dia, a prova mais desafiadora. Eram 395 milhas, 17 voltas e aproximadamente 650 quilômetros. Iria demorar mais de 8 horas para terminar. Um desafio e tanto. Tanto que só meia-dúzia de carros se inscreveram para a prova. A ela, foi dada o nome de Cobe Trophy Race.

Billy Bourque, pilotando um Knox, chegou primeiro, mas precisava esperar os outros terminarem para saber se realmente venceu a prova. O tempo de 8 horas e 2 minutos, com média de 44,94km/h 
 foi considerado bom para a época. Mas, ele sabia que Chevrolet liderava desde a 14º volta, quando Bourque foi forçado a fazer um pit stop.

Só que problemas iriam brotar para Chevrolet. Antes de pegar a liderança, um cilindro do motor (que só tinha 4 cilindros) teve problemas e Chevrolet demorou aproximadamente 16 minutos para repará-lo. Com isso, a multidão que estava acompanhando a corrida começou a questionar se realmente o motor Buick do carro de Louis conseguiria bater o tempo de Billy.

Até que se viu um vulto ao sul da reta de 9 milhas. Todos os olhos estavam voltados para ele.

"Mas o que seria isso? Um cavalo? Uma mancha? 'Um Chevrolet?'"

Imagine só, com essas arquibancadas lotadas, todos olhando para quem vinha ao longe da reta principal
(Foto: FirstSuperSpeedway.com)
Um carro estava vindo à toda na longa reta final. Era o de Louis. E ele conseguiu passar pela linha de chegada.

"Mas será que conseguiria bater o tempo de Bourque?"


Louis Chevrolet, vencedor da segunda corrida.
(Foto: FirstSuperSpeedway.com)
Os estatísticos fizeram seu trabalho e confirmaram a vitória por apenas 65 segundos de diferença. Com 8 horas e 1 minuto, e média de 49,287km/h, Louis Chevrolet venceu a Cobe Trophy Race. 


Altos elogios foram dados ao vencedor, que conseguiu a façanha usando um motor de apenas 3 cilindros, já que o quarto havia quebrado.


"Quando eu perdi o cilindro, resultado das rochas duras da estrada, eu quase pensei em desistir. Mas algo me disse para continuar", desabafa o campeão. "Eu dirigi as últimas oito voltas nos nervos. Foi difícil. Estou 5 quilos mais leve do que quando comecei a corrida."

Infelizmente, para quebrar o clímax, Thomas Sommers, de apenas 18 anos, foi atropelado e morto na esquina da rua Thirty-Sixth com a avenida Maple. Foi a única ocorrência com morte durante o evento.

Outro detalhe: não havia um sistema de pontos na época, então, os resultados das corridas são considerados como "não-oficiais".

Ok, então é isso. Agora você já sabe um pouco sobre o que foi a Indy na época antes de ser inventada as 500 milhas de Indianapolis (o autódromo foi construído meses mais tarde). Espero que tenham gostado do especial. Em breve, teremos mais alguns fatos curiosos pra você aqui no blog.

Se quiser saber mais sobre a corrida: sugiro entrar neste blog aqui: o firstsuperspeedway.com . Lá tem várias imagens e recortes de matérias da época.

E pra finalizar com chave de ouro, deixarei aqui mais algumas palavras que foram ditas por Chevrolet logo depois da prova (tradução adaptada):

"Duas provas de resistência como essas, num intervalo tão curto de tempo, separam os homens dos meninos."


Fonte: Wikipedia / The Times of Northwest Indiana / California Digital Newspaper Collection / Lowell Public Library / ChampCarStats.com

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