Um dos representantes brasileiros no Road to Indy desse ano, Felipe Ortiz nos conta sobre os primeiros passos rumo às terra norte-americanas e nos mostra uma nova geração de pilotos com rumo certo aos Estados Unidos.

Pilotando karts desde os cinco anos, o jovem paulista que não gosta de futebol tomou gosto pelo automobilismo e disputou a SKUSA Internationals por dois anos seguidos (2012-13) antes de ascender aos monopostos.

Nos carros  maiores, começou pela Fórmula 4 Sul-americana (sul americana, sudamericana, sudam, creio que são todos sinônimos), onde foi vice-campeão vencendo duas das dezessete provas do ano e terminando no pódio em outras nove oportunidades. Além disso, foi o piloto que mais liderou voltas, ganhando dois mil dólares pelo feito.
Ortiz na F-3 Brasil.

No passo seguinte, entrou na F-3 Brasil. Felipe disputou na classe B, carinhosamente chamada de categoria Fiat Marea, por seus carros raramente chegarem funcionando no fim da prova. Disputou quatro rodadas duplas e chegou ao final em apenas uma prova, terminando em terceiro de sua categoria.

Apesar da tristeza desse ano na F-3 Brasil, o próximo passo era os Estados Unidos, e é aí que começamos a entrevista.

Obs: eu iria colocar trechos inteiros transcritos nessa entrevista, mas eu fui burro e não consegui gravar a chamada. Dessa forma, apesar de todo o texto deixar o Felipe na terceira pessoa, a postagem foi feita todo em texto contínuo, com as falas do Felipe em letra normal e o adicionado por mim em itálico. Desculpa.

Monumento aos soldados e marinheiros, no centro de Indianápolis.
Felipe entra na fase americana com tudo que tem direito, incluindo morar nos Estados Unidos. "Sim, não ficarei em Indianápolis, mas em Orlando, pois é até mais fácil do que lá (em Indianápolis, pois a maioria das etapas acontecem na parte sul dos EUA). ainda não estarei morando em Orlando quando for para a primeira etapa em St. Pete, mas para a segunda em Barber já pretendo estar lá." 

Uma das vantagens de se estar por lá é a preparação física. O piloto de 17 anos, até então, improvisava bastante nos exercícios, buscando adaptar o material a sua disposição, usando até anilhas na posição do volante. Com a ida para os EUA, o acesso a academia voltada para o preparo de pilotos ficou mais viável.

Mas o início dessa jornada rumo aos EUA não foi fácil. Os contatos iniciais para ingressar na USF2000 foram feitos coma Team Pelfrey, equipe pela qual Felipe fez até um teste pela equipe amarela e preta. Esse, por sinal, foi o único teste feito pelo piloto até a data da entrevista no domingo que passou. A Team Pelfrey possui maior estrutura como equipe; no dia em que Felipe testou, também haviam carros da F-1600 [categoria da SCCA, com carros menos potentes que a USF2000] e da Pro Mazda, além de possuírem, agora, carros da Indy Lights e todo um sistema de promoção por toda a Road to Indy.
Teste em Palm Beach.
Nos testes realizados no PBIR [Palm Beach International Raceway] e os resultados foram ótimos, o pessoal da equipe gostou bastante de meu desempenho. Tudo ia bem, mas alguns problemas financeiros dificultaram a continuação das negociações e fizeram seus planos mudarem de rumos, e aí surge a Afterburner Autosport. Apesar de ser uma equipe com menor estrutura, a Afterburner estabeleceu um contato maior comigo, e também foi uma das três equipes a vencer no ano passado: foi ela, a Cape Motorsports e a Pabst Racing. É uma equipe que trabalha duro e tem muita vontade de vencer.

A USF2000 é uma categoria quase completamente nova. Essa vai ser a primeira experiência do piloto com companheiros de equipe e com grids com mais de uma dúzia de carros no monopostos. Entretanto, esses pontos não impressionam tanto quanto a proximidade dos carros na USF2000. Os tempos das sessões, principalmente na classificação, onde milésimos podem fazer muita diferença na sua posição de largada e atrapalhar todo um fim de semana.

Quanto ao grid maior, ele não atrapalha tanto durante a prova, apenas quando, por algum motivo, eu largar mais atrás do que posso conseguir na classificação. Durante minha temporada na F-4 Sudam aprendi e me acostumei com a troca de informações, pois a categoria era monogestão e as informações e telemetria eram compartilhados, creio que ter um companheiro de equipe será similar a isso. E quanto ao carro, ele possui algumas similaridades com o carro que (tentei) pilotar na F-3 Brasil, no ano passado. Assim, apesar da falta de testes e contato com o carro, creio que não estou tão mal.

Capacete de Bronze (acho) em 2014.
Não houve muito tempo de testes, fica difícil traçar um prognóstico para a temporada. Talvez as primeiras etapas sejam mais complicadas, pois houve apenas três dias de contato com o carro e dois dias com maior contato com a equipe, mas o foco é ficar sempre entre os cinco primeiros e a expectativa é sempre a melhor possível!

A primeira pergunta que geralmente faço nessas entrevistas para um piloto que se encaminha para os Estados Unidos, tendo em vista a tradição brasileira de automobilismo, é sempre: por quê?

E fui positivamente surpreendido com um "ir para os EUA sempre foi meu plano". Felipe sempre teve como rumo principal as terras do Tio Sam desde sempre. É um sonho que se torna realidade.  Gosto da forma como eles encaram o automobilismo lá, sempre me parece que o automobilismo Europeu é muito 'bitolado' e mais focado em competição do que em corridas, estou onde sempre quis estar.

Essa atitude é consideravelmente rara. Em praticamente todas as outras entrevistas que fiz com pilotos do Road to Indy revelam que o alvo principal não era estar onde estavam naquele momento e que, por adversidades da$ mai$ variada$, acabavam mudando de foco para os Estados Unidos. Creio que esse é meio que senso comum no automobilismo brasileiro, pois quando Felipe falou a mesma coisa em entrevista ao Bella Macchina, a reação do entrevistado foi essa aqui

Creio que, mais do que ser patrocinado pelo SBT, esse é o principal diferencial de Felipe Ortiz: Estar onde sempre quis estar.

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