A montadora nipônica ficou para trás nos últimos três anos, e sofreu derrota acachapante na última temporada. Nesse ano a Honda aposta em um aerokit novo e algumas mudanças para ser recuperar no campeonato e voltar a ter o status de antes.

A única montadora da categoria até 2011 perdeu os três últimos campeonatos de construtores pra Chevrolet. Em 2012 e 2013, a mudança de regulamento atingiram de forma dura a fabricante nipônica e ela perdeu por pouco, mas em 2014 a derrota foi bem maior.
Honda apostando altíssimo em seu Aerokit
No ano passado, a Honda conseguiu apenas um terço das vitórias e terminou o campeonato com pouco mais da metade dos pontos da Chevy. Essa diferença toda pode ser justificada com azares das suas equipes em etapas tipicamente dominadas pela Honda, como  St. Petersburg, Long Beach e Toronto, e a mudança de regra para o campeonato de motores fez essa diferença parecer ainda maior. Mas é comum se apontar o plantel de equipes e pilotos da Chevy ser muito melhor que o da Honda, e a situação, muitos dizem (incluindo eu), não mudou para 2015.

A principal aposta da Honda no campeonato será no aerokit. Com sua experiência passada na Fórmula 1, o carro da montadora vem com uma proposta mais pautada no ganho de pressão aerodinâmica, enquanto a Chevrolet apostou na diminuição do arrasto (mais detalhes dos dois aerokits podem ser vistos aqui).

Já nas equipes e nos pilotos, todas as equipes mudaram. Acompanhemos cada uma delas:

Schmidt-Peterson Motorsports.

Pilotos:
James Hinchcliffe (12º, carro #5, canadense)
James Jakes (19º em 2013, carro #7, inglês)

Patrocínios: Arrow e Lucas Oil (ambos os carros); Spyder, Magnettil Marelli e Oculus (Carro #5;  Mediatech (carro#7).

Schmidt-Peterson é um caso estranho na Indycar, simplesmente porque você não consegue definir completamente se ela é uma equipe média ou grande. Com um carro, o de Simon Pagenaud, a equipe consegue disputar e conseguir vitórias e brigar pelo campeonato até na última etapa; e com o outro carro a equipe  consegue errar miseravelmente nas estratégias, o piloto vai bem em treinos mas não em corridas, e sempre termina o campeonato fora dos quinze primeiros. 

Apesar de todas essas dúvidas, a equipe de Sam Schmidt e Ric Peterson foi a que teve a pré-temporada mais conturbada, e está praticamente irreconhecível com relação ao ano passado. Primeiramente, um dos sócios deixou a equipe. Davey Hamilton era um dos donos de equipe mais conhecidos no padoque, e seu patrocínio da HP ajudou muito a impulsionar os resultados da equipe de Sam Schmidt e a contratar Simon Pagenaud, o piloto que conseguiu todas as vitórias da equipe na história.

A equipe também perdeu seus dois pilotos. Simon Pagenaud, a menina-dos-olhos da equipe, saiu da mesma quando recebeu uma proposta de uma equipe maior e que não teria que lutar tanto para conseguir patrocínio, a Penske; e Mikhail Aleshin, mesmo sofrendo aquele forte acidente em Fontana, queria continuar na categoria, mas o apoio do Banco russo SMP foi cortado pelos embargos que o governo americano impôs aos bancos russos, e o piloto migrou para a ELMS.

No fim de 2014, SPM se viu sem piloto e sem patrocínio master, e todos tiveram que se mobilizar para correr atrás do prejuízo.
A equipe tocará uma música muito diferente de 2014.
Dez dias depois do anúncio de Pagenaud fora da equipe, anuncio-se que James Hinchcliffe estava dentro. Esse era o primeiro sinal que a Honda sentiu o golpe de uma das suas principais promessas saindo da montadora e indo direto para a inimiga, para não perder também Hinchcliffe, logo garantiu uma vaga para o rapaz em uma das equipes de ponta da Honda.

Hinchcliffe está em xeque agora, e na posição que ele almejava estar: na frente dos holofortes. Quando estava na Andretti, James era eclipsado por Hunter-Reay e, mesmo conquistando vitórias, sempre se esperava mais de Hinchcliffe por ficar atrás de Hunter-Reay. Agora o piloto tem todos os holofortes da equipe para si e agora pode mostrar a que veio na categoria.

Para a segunda vaga houve um verdadeiro vestibular para ver quem a ocuparia. Desde pilotos com carreira na GP2, como Stefano Coletti, Davide Valsecchi, Conor Daly, Alex Rossi e Rodolfo González; a pilotos que corriam na Lights, como Gabby Chaves, Jack Harvey e Luiz Razia; pessoas que tentavam voltar a categoria, como Simona de Silvestro; pessoas que não estavam garantidas para correr esse ano, como Justin Wilson e Luca Fillipi; e até nomes então desconhecidos como Rocky Moran Jr. entraram na rede de boatos da Indycar. Mas quem ficou com a vaga foi <3 James Jakes <3.

Agora a equipe deve mostrar trabalho. Poderemos ver o quanto do bom desempenho da equipe era o efeito Pagenaud, e poderemos ver também como funciona o segundo carro com um piloto mais experiente e já acostumado a andar com tralhas que se assemelhavam a carros da Indy.

Andretti Autosport

Pilotos: 
Ryan Hunter-Reay (6º, carro #28, americano)
Carlos Muñoz (8º, carro #26, colombiano)
Marco Andretti (9º, carro #27, americano)
Simona de Silvestro (13ª em 2013, carro #25, suíça)

Patrocínios: Duke Energy (carro #25), Belle Farma, Cinsay (carro #26), Snapple, Dr. Pepper (carro #27), DHL (carro #28)

Em 2014 a equipe não brilhou. O ano terminou com apenas duas vitórias do campeão de 2012, Ryan Hunter-Reay, e a equipe teve nenhum piloto entre os cinco primeiros do campeonato desde o fatídico ano de 2011.

A Andretti tinha planos muito mais ambiciosos para o ano de 2015, como alinhar um quinto carro para todo o campeonato, mas uma série de fatos que ocorreram na pré-temporada minaram os planos de Michael Andretti.

O maior acontecimento na equipe durante a pré-temporada em 2015 não foi a saída do canadense James Hinchcliffe para a SPM, mas sim o calote que a equipe levou da United Fiber & Data. A empresa patrocinava os carros de James Hinchcliffe na Indycar, de Matthew Brabham na Indy Lights, de EJ Viso na Stadium Super Trucks e de Scott Speed no Global Rallycross, mas o dinheiro pelo patrocínio em tantos lugares parou de vir já no fim da temporada, em setembro.

Muitos ligam essa saída repentina do patrocinador com a migração de Hinchcliffe para a Schmidt-Peterson. Quando foi anunciada a saída do canadense, a UFD ainda afirmava que ficaria na Andretti Autosport, e o fato da equipe não abandonar a ideia de um quinto carro no campeonato fomentava ainda mais a ideia de que estava tudo bem. No fim, não estava, e a equipe agora se desdobra para arranjar um patrocínio no quarto carro.
Nem a equipe nem o patrocínio na Andretti em 2015.
Quarto que, com a saída de Hinchcliffe, será ocupado pela suíça Simona de Silvestro. Ela abandonou o barco da Sauber precisava muito de combu$tível e ela não tinha. A moça despediu seu empresário (não porque ele era ruim, mas ele tinha mais contatos no velho continente) e voltou de mala e cuia para os Estados Unidos, e encontrou na Andretti um bom lugar para sua volta.

No mais, a Andretti tem um objetivo muito parecido com a própria Honda, voltar a ser o que era. Ryan Hunter-Reay, apesar de sempre beliscar uma vitória aqui e ali, nunca mais brigou pelo campeonato como a três anos atrás, Marco Andretti  já faz um tempo que não mostra grande desempenho e já passou do ponto de jovem promessa pra cada vez mais parecer que está lá apenas por paitrocínio e Simona quer voltar com tudo e mostrar que sabe pilotar, agora que tem um bom carro pela primeira vez em suas mãos; a própria Andretti já não briga por títulos a dois anos e cada vez mais é chamada de equipe grande apenas por ter quatro carros no grid.  Parece que só Carlos Muñoz não tem tanto a provar, teve um bom ano de estreia, terminando entre os dez primeiros colocados, agora é continuar o bom trabalho.

A.J. Foyt Enterprises

Pilotos:
Takuma Sato (18º, carro #14, japonês)
Jack Hawksworth (17º, carro #41, inglês)

Patrocínios: ABC Supply e Alfe (ambos os carros), Panasonic (Carro #14).

A AJ Foyt em 2014 parecia estagnada no mesmo ponto do ano passado, que é, basicamente, o mesmo ponto em que esteve desde o momento que a IRL fagocitou a Champ Car. A equipe do AJ Foyt fazia vezes de equipe média, mas ainda tinha esse sentimento de apenas fazer figuração no padoque durante todo o ano. 2014 foi exatamente assim, onde Takuma Sato fazia boas exibições, mas sempre quebrava seu carro e terminou o campeonato a frente apenas de Graham Rahal, Carlos Huertas e Sebástian Saavedra.

A equipe mais velha no mundo da Indycar segue para sua 48ª temporada foi a primeira equipe a anunciar todos os seus pilotos, e a surpresa veio quando não era apenas um piloto a ser anunciado, mas dois, e a equipe não tem dois carros desde... sei lá... sempre (na verdade desde 2002, quando AIRTON DARÉ AINDA CORRIDA). Com isso, a equipe dá aquele primeiro passo importante para ser tornar uma equipe média: ter uma dupla de carros correndo todas as provas.

Com isso, Takuma Sato terá um companheiro de equipe pela primeira vez desde que saiu da KV, onde tinha uns dez companheiros de equipe. O japonês, desde sempre, foi conhecido por ter lampejos de boa pilotagem e quebrar bastante. Não será agora, aos 38 ANOS que ele mudará (bem, talvez perca os lampejos...).

O segundo piloto da AJ Foyt é Jack Hawksworth. O quarto colocado da Indy Lights em 2013 teve um ano cheio de altos e baixos em 2014. Com a Bryan Herta viveu momentos felizes, como o pódio em Houston, viveu momentos tensos com o em Pocono, quando deslocou o músculo cardíaco em um treino livre, mas, no geral, causou boa impressão, apesar de seu 17º lugar no campeonato. Agora veremos o que ele pode fazer com um equipamento um pouco melhor, e com um carro que o disco de freio não se desfaça na mão do mecânico...


Dale Coyne Racing

""Pilotos"":
Carlos Huertas (20º, carro #18, colobiano)
Francesco Dracone (37º em 2010, carro #19, italiano)

Patrocínios: Pfff...

A equipe do velho e gordo Dale Coyne sempre foi aquela pequena e bagunçada que muitos amam e outros nem ligam. Mas nos últimos anos vinha com algo diferente, principalmente quando pilotos com maior gabarito (como Mike Conway e Justin Wilson) resolviam encarar de andar em seus carros. 

Com eles a equipe conquistou vitórias mas insistia sempre em andar de meio para trás do grid. Em 2014, uma vitória foi conquistada por Carlos Huertas, quando uma das típicas estratégias loucas da equipe resolveu funcionar em meio a chuva e trocentas bandeiras amarelas. O resto do ano foi praticamente esquecível, com Justin Wilson conseguindo um top 5 após uma estratégia estranha da equipe que resolveu dar certo e alguns outros top 10 que o inglês conseguia espremer de seu equipamento.

Carlos Huertas ficava na dele, e ninguém notaria sua presença no ano todo se ele não tivesse ganhado a primeira prova de Houston e se ele não abandonasse os ovais de maior inclinação por indisposição. 2015, muito provavelmente, não será diferente, até porque nem piloto nem a equipe deram mostra de melhoras.

Dale Coyne tem a pior dupla desde Roth e Howard, em 2008.
Par a outra (ou as outras) vagas, alguns pilotos desiludidos da vida, como Rodolfo Gonzalez e Alexander Rossi cogitaram correr pela equipe. Mas, no fim, nenhum deles foi digno da honra de pilotar o segundo carro da Dale coyne pelo ano todo, isso mesmo, novo rodízio no carro #19, assim como em 2013 e em vários outros anos que a equipe fez isso em sua história.

Francesco Dracone é um daqueles pilotos que a Dale Coyne é famosa por ressuscitar. O italiano veio parar de para-quedas na Indy em 2010 na finada Conquest, quando esta estava prestes a fechar as portas e já nem ligava que pilotava seus carros. Piloto em duas provas de misto, nos treinos classificatórios ficava três segundos atrás do companheiro de equipe, a um segundo e meio do próximo competidor que não fosse a Milka Duno.  

E é isso, um piloto meia boca no carro titular, mais um revezamento no carro #19, e proporcionando a pior dupla de pilotos que a Indy já viu desde Marty Roth e Jay Howard em 2008. É a ressurreição do carro putinha da Dale Coyne, aquela Dale Coyne moleque, de raiz.

Bryan Herta Autosport with Curb Agajanian

Piloto:
Gabby Chaves (novato, carro #98, colombiano)

Patrocínios: Bowens & Wilkins, Castrol Edge, Secretaría pública de esportes da Colômbia.

A equipe do batmóvel seguirá para mais um ano investindo em jovens talentos.

No ano passado a equipe investiu em Jack Hawksworth, o inglês que estava indo muito bem nas categorias de base até não ir tão bem na Indy Lights mas conseguiu subir assim mesmo. Foi um ano de altos e baixos, o que é bom para uma equipe de porte pequeno como a BHA, e promoveu o piloto para um ambiente melhor: a equipe média.

A pré-temporada não foi tão tranquila assim, pois além da saída de Hawksworth, a equipe também levou calote. Dessa vez a Charter cigarretes deu o bolo na equipe ainda durante o ano, e o processo segue até hoje contra ela. Felizmente a Bowens, a velha parceira da equipe, estava de volta no patrocínio, a Castrol veio para ajudar financeiramente a situação e os patrocínios pessoais de seu piloto ajudaram.

E esse piloto é Gabby Chaves. O colombiano campeão da Lights de 2014 quase não teve concorrência para a vaga na pequena equipe, mas também essa não era sua primeira opção, já que ele foi um dos vários pilotos que testou pela SPM. Mas, né, Bryan Herta não é um lugar tão ruim para se começar.

Tenho grandes esperanças no garoto colombiano. Mostrou grande talento a ponto de subir quase sem dinheiro até a Indycar, e pode crescer muito ainda.

Ah sim, a equipe também acertou a presença de Jay Howard na Indy 500 desse ano, patrocinado pela Green1 Energy. Essa é a volta do piloto inglês a Indycar, coisa que não acontecia desde 2011.

Rahal Letterman Lanigan Racing

Piloto:
Graham Rahal (19º, carro #15, americano).

Patrocínios principais: Mi-Jack, ClearPlex, Shake'n Steak

E, por último, a Rahal e Graham Rahal, como sempre.

Vem ano, vai ano, e a RLL parece que está sempre estagnada no ponto baixo de sua existência. 

O ano de 2014 foi aquele em que a equipe voltou a alinhar apenas um carro no certame para toda a temporada, relegando o carro #16 a aparecer apenas esporadicamente para deixar seus três engenheiros um pouco mais ativos. O ponto mais alto do ano foi o segundo lugar em Detroit, bem como Graham vem fazendo em suas temporadas desde 2011: consegue um pódio, um top 5 e faz besteira em um bocado de provas.

2015 não parece ser diferente. A equipe pouco mudou, apenas os engenheiros adjuntos (porque sim, a equipe tem três engenheiros, um principal e dois adjuntos, para apenas um carro) e os patrocínios da equipe tem algumas novidades. Depois da saída da National Guard, a Mi-Jack (de um dos sócios da equipe, Mike Lanigan) voltou a ser a patrocinadora master em várias corridas, com a ClearPlex e a Shake'n Steak aparecendo em uma ou outra prova.



No fim, vemos que as apostas da Honda ainda se restringem ao aerokit para dar o pulo do gato nas pistas de menor velocidade. Entretanto, poucos pilotos em seu esquadrão parecem ter aquele perfil de campeão, 

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