Até quando será que veremos a Indy correndo em ovais? Eis a dúvida. Foto: Chris Owens/IndyCar
Quem discordar é mais um eco chato, falso moderninho e maria vai com as outras.

Eu, João Estumano, falarei neste texto porque considero que a ideia da Indy ser híbrida pode ser uma pá de cal definitiva no automobilismo e como isso pode ser muito perigoso para uma categoria que passou por duas cisões traumáticas.

Após o anúncio da Indy de trazer o sistema híbrido para o motor e adiar a mudança de regulamento para 2022. Muitas questões acerca da confiabilidade, do aumento de custos, da segurança, da renovação da base de fãs e porque não da própria legitimidade da categoria foram colocadas na mesa pelos fãs.

As desvantagens são inúmeras e a insatisfação de grande parte dos fãs também é grande. A Indy caminha para um futuro perigoso e que nunca fez parte da sua realidade como categoria. E ao que tudo indica, nenhuma lição foi tirada depois da primeira cisão em que a USAC foi omissa. Pior que isso, parece que nenhuma lição foi tirada da segunda cisão, onde a megalomania da CART a levou para a falência por duas vezes.

Perda de identidade

A entrada de motor híbrido é algo muito estranho para as equipes da Indy. Uma tecnologia que até outro dia era completamente desnecessária, não pode ser verdade que ela passou a ser o suprassumo do automobilismo da noite para o dia. 

O motor híbrido desde o seu anúncio causou um grande rebuliço em toda a comunidade Indyanista no Brasil. Se a Indy queria causar impacto, de fato conseguiu. Mas da maneira errada! Esse motor é mais uma cartada que as montadoras estão aprontando pra cima da categoria e o que mais chama atenção é que a Indy aceitou a pressão de forma passiva.
Foto: Jeffrey Becker/USA Today Sports

Nos próximos anos, a base de fãs da categoria que vem caindo ano após ano por conta de inúmero problemas, vai ficar tão velha que não vai mais existir. Porém a Indy, tentando "inovar" vai causar um estrago ainda maior nela mesma. A consequência disso é que a tão sonhada renovação do público alvo não vai acontecer. 

Pois o fã da Indy não é acostumado e não vai aceitar ver a categoria que sempre trouxe os carros mais velozes e potentes parecerem carrocinhas com motor de liquidificador. Afinal de contas a Indy ainda usa etanol.

A Indy está fechando os olhos mais uma vez aos fãs. E ao que tudo indica também vai fechar para os donos de equipes. E o que aconteceu quando a categoria fez isso da última vez? Você sabe muito bem, uma cisão!

Aumento desnecessário de custos

A Indy passou por uma segunda cisão por causa dos altos custos que vinha separando o grid cada vez mais. O legado disso é que após a reunificação, um longo plano de austeridade foi imposto para evitar que a cisão tão traumática acabasse falindo com a última versão da Indy que restou. 

Mas se a categoria está tão mal das pernas, como que ela lança aerokits que encarecem os custos? Pois bem, ninguém sabe como isso é possível. A única coisa que ficou clara é que o preço pago por eles foi bem duro. E a competitividade da categoria foi para o espaço. Praticamente voltamos no tempo e agora só três equipes disputam o título e a Indy 500. Penske, Andretti e Ganassi.

Diante desse cenário o que a Indy faz? Introduz um motor híbrido que aumentou consideravelmente os custos em todos os lugares onde foi adotado. Evidentemente que isso não faz o menor sentido. Justo a categoria que já subsidia custos aos montes, que derrubou o próprio fundador por causa do gasto exagerado e que já sofre com efeitos graves por tentar ser o que ela não é.

Além disso, um sistema complexo como esse deixa uma pulga atrás da orelha. Como a categoria vai correr em ovais? Neste ponto são três alternativas. E a primeira delas é a que tem mais chance de acontecer. Isso porque não são só os custos que influenciam mas também o abandono evidente que os ovais estão sofrendo. Ou seja, a primeira alternativa é não correr em ovais.

A segunda alternativa é não usar o sistema híbrido em ovais. Mas aí entra mais uma questão, é necessário gastar rios de dinheiro para não usar? Olha a que ponto chegamos. E a terceira alternativa é desenvolver outras maneiras de recuperar energia e mais dinheiro será gasto. Mas a Indy é a categoria que controla os gastos não é mesmo?!

Risco para a segurança

Situação que pode ser cada vez mais comum. Foto: Divulgação
Um motor híbrido mescla o motor a combustão tradicional com o reaproveitamento de energia gerada a partir das freadas. A Indy está planejando uma potência para até 900 cavalos. E imediatamente me vem a memória os relatos de fãs da CART sobre a enorme loteria que eram os estouros de motores nos anos 90, quando a potência era relativamente parecida com a desejada pela Indy.

Outro fator de preocupação é o quanto o motor híbrido vai causar de prejuízo e dor de cabeça para as equipes por ser algo que costuma falhar. E quando falha, compromete muito a situação para quem está dentro do cockpit.

Ainda tem que ver que novidades a Indy deve apresentar no novo carro. Ninguém quer ver de novo aquilo que aconteceu com Greg Moore. Especialmente agora que o carro é tão parecido com o daquela época.

Motor híbrido é um retrocesso

A Indy não divulgou muitos detalhes sobre como deverão funcionar as coisas com o motor híbrido. Mas esperamos que todas as fabricantes que usam a tecnologia apareçam oferecendo o motor mais barato possível. Até porque a fábula da terceira fabricante tem sido, pelo menos até agora, um grande conto da carochinha.

A Indy pode procurar outros caminhos como motor movido a hidrogênio. Mas já que preferem híbridos... Só nos resta agora, observar os estragos que serão feitos na Indy de dentro pra fora.

Um comentário:

  1. Custos altos...não correr em em ovais ...
    É a receita do fracasso sendo seguida a risca!

    Talvez nem haja condições para uma nova cisão, pois a NASCAR pode aproveitar e preencher o espaço da Indy com outra categoria criada por eles...

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