Um ponto na Indycar que sofreu grande alteração nos últimos anos foi a pontuação e abriu margem para grande discussão, dúvidas, descrença, amor e ódio, como todas as mudanças decididas pela INDYCAR.  Mas, as mudanças de pontuações realmente surtem grande diferença nas pontuações? Descubra!

Introdução

Eu estou de férias, pois minha faculdade (pública) entrou de greve e bagunçou todo o ano de 2014 e de 2015. Como estou sem muita coisa pra fazer, mergulhei no chorume do Trackforum, e lá surgiu uma questão interessante.

Será que as mudanças de pontuação influenciam muito ou são que nem as bandas de J-pop,
que mudam as integrantes mas a diferença é imperceptível?
A Indycar, com a nova pontuação de 2015, mudará de sistema para premiar seus pilotos e decidir o campeão entre as duas dúzias de competidores nada mais nada menos do que seis vezes em sete anos. Em 2010, saímos do tradicional 50-40-35-32-(daí cai de 2 em 2 até 20)-(daí cai de um em um até 10)-10para um sistema cada vez mais complexo, que visa premiar ou até deixar mais evidente alguns pontos diferentes que a categoria proporciona.

As mudanças começaram nos sistemas de classificação das 500 milhas de Indianápolis e do confuso sistema de classificação em Iowa, além da rodada dupla no Texas Motor Speedway. Entretanto, essas mudanças causavam pouco impacto na pontuação final, pois os pontos extras eram poucos (no máximo 15 pontos para Indianápolis e míseros 9 pontos para Iowa).

Mas nada mudou tão drasticamente quanto no ano passado. Alguns diretores da categoria olharam para o calendário e notaram a falta de ovais. Como a Indy, por uma série de razões, não consegue novas provas nos circuitos que viram só para a esquerda, a categoria criou a tríplice coroa: Três corridas nos maiores ovais da categoria (em extensão) tiveram suas corridas regulamentadas em 500 milhas, onde essas provas valeriam o dobro da pontuação normal. Além disso, um novo sistema de qualificação em Indianápolis entrou em vigor, e a direçao da categoria aproveitou para colocar mais pontos. Agora, o treino classificatório premiaria os pilotos com até 42 pontos.

Será que algum campeonato mudaria de mãos?
No ano que vem teremos novas mudanças. Ao invés de premiar a Tríplice Coroa com o dobro de pontos, apenas as 500 milhas de Indianápolis e a última prova do ano, em Sonoma, terão a pontuação dobrada, além do qualify diferenciado de Indianápolis. Sim, é puro fan service, mas as vezes a categoria tem de fazer essas coisas.

Essa postagem examinará tudo isso mais de perto. Será que a pontuação dobrada exerce mesmo tanta influêcia nos resultados e sendo, portanto, "injusta"? Se a pontuação fosse pura e linear que nem a praticada nos idos de 2009, as coisas seriam tão diferentes? A pontuação desse ano, surte muito efeito quando comparada com outras? 

Metodologia

Para tal, fiz um exercício de estatístca parecido com o que fiz com a pontuação da F1 e da NASCAR. Peguei os resultados e apliquei a pontuação de desejo.

Nesse exercício estatístico, peguei os resultados da Indycar de 2009 até 2014, e apliquei as três pontuações mais díspares: a praticada em 2009 (sem bônus e sem pontuação dobrada), o sistema de dobrar as pontuações em provas de 500 milhas, retirando os bônus dados por qualificações e o sistema que será praticado em 2015 (pontuação dobrada em indy 500 e na última prova, com as bonificações do qualify de Indianápolis).

Resultados e discussão.

No total, então geramos 17 situações diferentes, que serão vistas mais detalhadamente abaixo.  Fazendo um análise mais rápida e grosseira, podemos notar que as mudanças, de fato, a situação pouco muda com as diferentes pontuações. O título de nossos campeonatos fictícios mudariam de mãos em apenas um dos 17 cenários possíveis, e os três primeiros colocados permanecem os mesmos em dez oportunidades (ou seja, em 59% das vezes).

Agora sim podemos ver todos os dados mais detalhadamente os dez primeiros de cada ano em cada situação. A abordagem está bem científica, pois é o jeito que sei fazer. se desejar algo mais direto, pule direto pras conclusões.:

2009

Aqui podemos ver bem o efeito que a pontuação dobrada tem na classificação final. O campeonato de 2009, ainda utilizando a pontuação pura, foi bem apertado entre os três primeiros; e essa situação não muda com as rodada dupla na Indy 500 (única prova de 500 milhas do ano) quanto nas regras de pontuação para 2015.

Mas há consideráveis diferenças quanto a forma que a pontuação dobrada é aplicada quando vemos do sexto ao décimo lugar. Do sexto ao décimo lugar, vemos grandes mudanças nas posições de Dan Wheldon e Marco Andretti, além da saída de Justin Wilson e entrada de Hideki Mutoh entre os dez primeiros no campeonato.

2010

Mas, em alguns casos, nada faz diferença mesmo. A única mudança que houve quando aplicamos o método no campeonato de 2010 é no segundo lugar com a temporada desse ano, quando Scott Dixon passa Will Power, o que é bem compreensível pois as rodadas de pontos dobrados seriam todas em ovais (onde Power não andava bem).

2011

2011 é uma mistura de 2010 com 2009. Assim como 2010, Dixon ganharia a vice-liderança por Power e seria favorecido pela pontuação dobrada em dois ovais, e assim como 2009, ocorreriam mais mudanças apenas do sexto lugar para baixo. 

2012

A partir de 2012, teremos uma análise mais próxima do que se vê hoje em dia, com a introdução dos novos carros e a Indycar mais competitiva. Nesse ano tivemos 8 vencedores diferentes (em 15 provas) e um campeonato muito apertado. A pontuação dobrada mexeria bastante com a classificação, mudando inclusive o campeão ma situação de pontuação dobrada apenas em 500 milhas, enquanto a pontuação pura quase não altera a posição dos pilotos na classificação final.

Outro ponto interessante, que vamos observar também no campeonato de 2013 e um pouco no campeonato do ano passado é que a diferença em pontos tende a diminuir. No campeonato de 2012 a diferença entre o líder e o segundo colocado, do segundo pro terceiro e do terceiro pro quarto colocados diminuiria nas duas simulações, mostrando que sim, o campeonato fica sensivelmente mais disputado com a pontuação dupla em campeonatos mais disputados.

2013

O mesmo que se viu em 2012 poderia ser aplicado, em menor escala, nos dados obtidos do campeonato de 2013. A diferença de pontuação também cai, mas em um patamar menor do que no ano de 2012, e as posições se alteram em menor quantidade quando considerado o ano de 2012 (o líder e o segundo colocado até se mantém), mas mais do que se viu nos campeonatos mais antigos.

2014

Aqui a análise deve ser feita de forma diferente, pois as pontuações dobradas já foram aplicadas em 2014. 

Primeiramente, comparando com a pontuação pura, podemos corroborar que a pontuação dobrada só tem maior influência em situações mais apertadas de pontuação, ou seja, em situações mais disputadas. Vemos que Power mantém praticamente a mesma proporção de pontos para o segundo colocado, mas a distância entre o segundo e o terceiro diminui consideravelmente.

Comparando com a segunda tabela vemos que a pontuação maior para o qualify das 500 milhas (único ponto de diferença entre a pontuação dobrada da segunda tabela e a pontuação de 2014) tem influência na classificação final, mas essa diferença é pouca, resultando na inversão em apenas dois pontos da tabela.

Podemos ver que a pontuação do ano que vem alteraria os resultados em relação a 2014, caso a pontuação de 2015 fosse aplicada no ano passado, o certame iria para Fontana já com Will Power campeão, e Hélio perderia a segunda posição do campeonato para Dixon e quase perdendo para Ryan Hunter-Reay. 

Por último, podemos ver também que a pontuação dobrada em ovais privilegia sim quem é melhor nesse tipo de circuito, quando vemos a primeira tabela (com pontuação pura) e a pontuação que privilegia os ovais, vemos a subida de pilotos com grande desempenho em ovais, como Castroneves, Montoya e carlos Muñoz em detrimento de outros, como Pagenaud . Entretanto, essa diferença não chega a alterar grandes distâncias de pontuação, como a do primeiro para o segundo e do segundo para o terceiro colocados.

Conclusão

A pontuação dobrada altera sim o campeonato, entretanto essa alteração é bem menor do que se faz imaginar. Ela se mostra mais efetiva em situações mais competitivas, em campeonatos sem dominância e mais competitivos.

O mesmo vale pontuação dobrada apenas em ovais de 500 milhas e para a pontuação maior no qualify da Indy 500. Ela modifica e privilegia um pouco mais os pilotos que pilotam apenas em ovais, mas essa diferença é bem menor que o imaginado anteriormente.  

Por fim, vemos que a pontuação desse ano influenciará quase que da mesma forma que a pontuação dobrada em ovais, entretanto, com o efeito de bonificação para os pilotos que andam melhor nos ovais diminuído, se aproximando um pouco mais da pontuação pura, sem bonificações (principalmente que no ano de 2015, um oval e um misto receberão a pontuação dobrada).

E é isso que podemos ver das recentes mudanças de pontuação na Indycar. Se tiver alguma pergunta que seja interessante para nós, coloque nos comentários ou, caso a dúvida seja maior e mais complexa, mande-nos para indycenterbr@gmail.com, um dia a gente responde...

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