Por Filipe Dutra, jornalista e apaixonado por IndyCar desde 1995. 




Ele não acreditou quando o Dallara DW-12 enfim estacionou no victory lane do Auto Club Speedway. Depois de tantos anos tentando, de tantas falhas, enfim, tudo dera certo. Mesmo após fazer o ritual de tirar o capacete, desatar o cinto, desacoplar o HANS device, a ficha não havia caído.Nem quando o boné vermelho da Firestone apertava a cabeça, com os dizeres “IndyCar Champion”, o australiano Will Power conseguiu digerir a ideia: finalmente ele conseguira. Ele era campeão. 

Mas não fora tão fácil quanto parecia. Ele largou em uma péssima posição na última corrida do campeonato, enquanto seu rival direto, Helio Castroneves, era o pole position. Além do mais, o australiano havia um grande histórico de falhar nos momentos decisivos. Eram dois adversários a ser derrotados naquele fim de tarde. 

Entretanto, Power repetiu o que havia feito durante todo o campeonato: acelerou fundo. Um a um, os carros que o impediam de conquistar o sonhado título eram ultrapassados. Parecia fácil, e, para ele, era mesmo: ele já havia feito aquilo antes. Ele aprendeu a superar seus próprios erros. Ele sabia: era possível. 

E, quando as 250 voltas mais longas da vida de Will Power foram enfim completadas, ele parou o carro e ficou atônito. Sua mulher o beijava freneticamente. O chefe de equipe gargalhava. Flashes ecoavam por todos os lugares. Mas ele não acreditava na verdade. Ele não acreditava que, enfim, poderia dizer: “sou campeão”. 

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O desapontamento era evidente, ainda mais naquele rosto sempre acostumado a sorrir. Mas, no fundo, ele sabia que a missão seria quase impossível. O franzido na boca após o término de cada frase na entrevista era uma reafirmação de que, mais uma vez o campeonato escapara das mãos de Helio Castroneves. 

O lampejo de esperança havia sido a pole position conquistada na última prova, uma prova de 500 milhas – modalidade que ele conhecia muito bem. A corrida em Fontana valia o dobro dos pontos, mais uma possibilidade para recuperar o prejuízo de falhas e azares nos momentos finais da temporada. Entretanto, no decorrer daquelas 250 voltas, o carro número 3 não rendia como o necessário. O colega de equipe Juan Pablo Montoya e o compatriota Tony Kanaan não tinham nada a ver com a disputa ao título, e ultrapassaram Helio sem dó. E, quando o próprio Power o superou, Helio pensou: “já era”. 

Seria mais um vice-campeonato para engolir. Seria mais uma derrota em uma carreira que está mais próxima do fim que do começo. Mas Helio é especialista em superações. E o brasileiro sabe que, mais cedo ou mais tarde, a hora dele chegará, como chegou para seu companheiro de equipe, Will Power.

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