Olá, amigos. Eu sou Filipe Dutra e vamos continuar com nossa série “500 do Brasil”, sobre os pilotos da nossa terra que tomaram leite lá em Indianápolis. Hoje falaremos sobre o segundo título de Helio Castroneves nas 500 Milhas, em uma prova que muitos consideram a mais polêmica da história.




Após uma vitória excepcional na Indy 500 de 2001, a Penske resolveu abandonar a CART e disputou a temporada integral da Indy Racing League. Outras equipes, como a Chip Ganassi, a Green, a Rahal/Letterman e a Mo Nunn Racing ainda disputariam a FedEx Championship Series, participando esporadicamente da IRL.

Entretanto, dessa vez, havia um forte adversário “local”: o americano Sam Hornish Jr., que, com o carro amarelo da Pennzoil número 4, estava dando trabalho e duelava com Helio Castroneves pelo campeonato. Ele vencera duas das quatro provas disputadas até então.

E foi nessa atmosfera que o mês de maio chegou. Muita gente boa, como o inglês Johnny Herbert (egresso daquela categoria) e o espanhol Oriol Servià, tentou a classificação, mas foi bumpeado pelo implacável circuito. Até Dario Franchitti, que se daria muito bem naquele circuito nos anos seguintes, largou na penúltima fila – ele que fazia sua estreia no Brickyard.

A mesma lei que barrara o Marlboro na Penske em 2001 barraria a Kool em 2002. Então a Green foi de 7-Eleven


O Pole Day viu a glória de Bruno Junqueira, que, a bordo de sua Ganassi, fez velocidade média de 231,342 mph (algo em torno de 372,3 km/h) e cravou a primeira posição. Raul Boesel também não foi mal, e ficou em terceiro. Felipe Giaffone foi o quarto, com Tony Kanaan logo em seguida. Castroneves e Gil de Ferran dividiram a quinta fila, e o patinho feio Airton Daré saiu em 30º.

No dia da prova, 26 de maio de 2002, Junqueira disparou na frente e seguiu assim até a volta 32. Na primeira sessão de pit stops, dada em bandeira amarela, o brasileiro teve dificuldade de retornar e o sul-africano Tomas Scheckter, filho do campeão mundial Jody Scheckter, assumiu a liderança.

Lá pra volta 70, Tony Kanaan (outro estreante na Indy 500) surgiu para liderar a prova. E, no giro 90, Bruno Junqueira teria problemas no câmbio e deixaria a disputa, assim como o próprio Kanaan, que rodou em uma poça de óleo na pista.

Depois da primeira metade da prova, a bandeira verde perdurou e a liderança foi revezada entre  Gil de Ferran, Scott Sharp, Felipe Giaffone e Alex Barron. Enquanto isso, Paul Tracy ia chegando na briga, estando entre os primeiros.

O atual comentarista da Band fez uma boa prova naquele ano


Nas voltas finais, mais abandonos: Tomas Scheckter bateu no muro na 173, e Gil de Ferran teve uma roda sacada de seu carro após os pits. E, no fim da confusão, Helio Castroneves assumiu a ponta, com Giaffone em seu encalço.

Faltando três voltas pro fim, o retardatário Franchitti deu trabalho para o hoje comentarista da Band. Este tentou ultrapassagem mas foi barrado pelo Green, e perdeu a posição para Tracy – coincidentemente, companheiro do escocês. Helinho aproveitou a chance para abrir vantagem. Só que este estava com menos combustível que os demais.

Foi aí que a polêmica começou. Um incidente entre Laurence Redon e Buddy Lazier, no que o último aplicava uma volta no primeiro, gerou uma bandeira amarela faltando duas voltas para a bandeirada. No mesmo momento, Paul Tracy e Helio Castroneves estavam lado a lado disputando a ponta, e, quando a bandeira amarela apareceu, o canadense efetuou a ultrapassagem. O brasileiro tirou o pé, e tanto Giaffone quanto o quarto colocado, Hornish, o ultrapasaram. “Eu vi a luz amarela no meu volante e achei que fosse combustível, daí diminuí o ritmo”, explicou.

Tracy já cantava vitória, quando o dono da equipe, Barry Green, disse: “temos um problema”.  O diretor de prova, Brian Barnhard, declarou que a ultrapassagem foi feita após a bandeira amarela, portanto, Castroneves era o líder, e, consequentemente, vencedor.



Até hoje, este título é discutido nas mesas de bar de Indiana, ou quando se fala das 500 Milhas. E gerou um fato curioso: por estarem em bandeira amarela e terem passado Helio, tanto Tracy quanto Giaffone tem um tempo total menor que o brasileiro.


Tirando a de 89, assisti todas as Indy 500 que estou relatando até agora, mas não me recordava desta. Aí, depois, lembrei o porquê. É que, em 2002, os direitos de transmissão da IRL no Brasil estavam com a Sportv. Portanto, podemos dizer que um canal da Globo já transmitiu a Indy.



Então é isso. No próximo artigo, falaremos sobre a merecida vitória de Gil de Ferran. Até mais!

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